– A batalha? – Jon viu os patrulheiros espalhando-se perante a sangrenta cabeça de cão de Harma. Os corsários gritaram, golpearam e perseguiram os homens de negro até as árvores. Mas havia mais homens saindo da floresta, uma coluna de cavalaria.
– O
Soavam trombetas por todo lado, sonoras e metálicas.
– É melhor que volte para a tenda – disse a Val.
Do outro lado do campo de batalha, uma coluna tinha afogado Harma Cabeça de Cão. Outra esmagara-se contra o flanco dos lanceiros de Tormund enquanto ele e os filhos tentavam desesperadamente virá-los. Mas os gigantes estavam subindo em seus mamutes, e os cavaleiros em seus cavalos albardados não gostaram nada disso; Jon viu como os corcéis e cavalos de batalha gritavam e debandavam ao ver aquelas pesadas montanhas. Mas também havia medo do lado dos selvagens, com centenas de mulheres e crianças fugindo da batalha, algumas indo se meter cegamente sob os cascos dos garranos. Viu o carro de cães de uma velha entrar no caminho de três bigas, fazendo-as chocar umas com as outras.
– Deuses – sussurrou Val –, deuses, por que é que estão fazendo isso?
– Volte para a tenda e fique com Dalla. Aqui não está em segurança. – A segurança não seria muito maior lá dentro, mas ela não precisava ouvir isso.
– Tenho de encontrar a parteira – disse Val.
– A parteira é você. Eu fico aqui até o Mance retornar. – Tinha perdido Mance de vista, mas agora encontrara-o, abrindo caminho com a espada pelo meio de um agrupamento de homens a cavalo. Os mamutes tinham estilhaçado a coluna central, mas as outras duas aproximavam-se como tenazes. No limite oriental dos acampamentos, um grupo de arqueiros disparava flechas incendiárias contra as tendas. Viu um mamute arrancar um cavaleiro da sela e atirá-lo a doze metros de altura com um golpe de tromba. Selvagens fluíam por ali, mulheres e crianças que fugiam da batalha, algumas acompanhadas de homens que as apressavam. Uns poucos lançaram a Jon olhares sombrios, mas ele tinha Garralonga na mão, e ninguém o incomodou. Até Varamyr fugiu, engatinhando sobre as mãos e os joelhos.
Mais e mais homens jorravam das árvores, já não apenas cavaleiros mas também cavaleiros livres, arqueiros a cavalo e homens de armas com jaquetas e capacetes redondos, dúzias de homens, centenas de homens. Um deslumbramento de estandartes voava por cima deles. O vento sacudia-os com violência demais para que Jon visse os símbolos, mas vislumbrou um cavalo-marinho, um campo de aves, um anel de flores. E amarelo, tanto amarelo, estandartes amarelos com um símbolo vermelho, de quem eram aquelas armas?
A leste, norte e nordeste, viu bandos de selvagens tentando tomar posição e lutar, mas os atacantes passavam por cima deles. O povo livre ainda tinha a vantagem dos números, mas os atacantes possuíam armaduras de aço e cavalos pesados. Na parte mais densa do combate, Jon viu Mance levantar-se nos estribos. Seu manto vermelho e negro e o elmo alado tornavam-no fácil de localizar. Tinha a espada erguida, e os homens reuniam-se ao redor dele quando uma cunha de cavaleiros caiu sobre eles com lanças, espadas e machados longos. A égua de Mance empinou-se, escoiceando, e uma lança espetou-se no peito dele. Então a maré de aço submergiu-o.