Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Acabou, pensou Jon, eles estão quebrando. Os selvagens fugiam, jogavam as armas fora, homens de Cornopé, cavernícolas e Thenns revestidos de escamas de bronze, todos fugiam. Mance tinha desaparecido, alguém brandia a cabeça de Harma na ponta de uma estaca, as linhas de Tormund tinham quebrado. Só os gigantes em seus mamutes ainda resistiam, ilhas peludas num rubro mar de aço. Os fogos saltavam de tenda em tenda e alguns dos grandes pinheiros também começavam a se incendiar. E outra cunha de cavaleiros couraçados surgiu por entre a fumaça, montados em cavalos albardados. Flutuando sobre eles vislumbravam-se os maiores estandartes vistos até então, estandartes reais grandes como lençóis; um amarelo com longas pontas, que exibia um coração flamejante, e outro que era como uma folha de ouro martelado, com um veado negro empinando-se e ondulando ao vento.

Robert, pensou Jon durante um momento louco, recordando o pobre Owen, mas quando as trombetas voltaram a soar e os cavaleiros avançaram, o nome que gritaram foi: “Stannis! Stannis! STANNIS!”.

Jon virou-se, e entrou na tenda.

ARYA

À porta da estalagem, pendurados em uma forca desgastada pelas intempéries, os ossos de uma mulher torciam-se e chocalhavam a cada rajada de vento.

Conheço esta estalagem. Mas não havia forca à porta quando tinha dormido ali com a irmã Sansa, sob o olhar vigilante da Septã Mordane.

– Não queremos entrar – decidiu subitamente Arya –, pode haver fantasmas.

– Sabe quanto tempo passou desde que eu bebi uma taça de vinho? – Sandor saltou da sela. – Além do mais, temos de ficar sabendo quem controla o vau rubi. Fique com os cavalos se quiser, por mim tô cagando.

– E se o reconhecerem? – Sandor já não se incomodava em esconder o rosto. Já não parecia se importar com quem o reconhecesse. – Podem querer prendê-lo.

– Que experimentem. – Soltou a espada na bainha e empurrou a porta.

Arya nunca teria melhor oportunidade de fugir. Podia se afastar, montada na Covarde, e levar também o Estranho. Mordeu o lábio. Então levou os cavalos para os estábulos e entrou atrás dele.

Eles conhecem-no. Foi o silêncio que lhe contou. Mas isso não era o pior. Ela também os conhecia. Não o estalajadeiro magricela, nem as mulheres, nem os trabalhadores rurais que estavam junto da lareira. Mas os outros. Os soldados. Ela conhecia os soldados.

– Procurando o seu irmão, Sandor? – a mão de Polliver estivera enfiada no corpete da moça que tinha no colo, mas agora a havia tirado para fora.

– Procurando uma taça de vinho. Estalajadeiro, um jarro de tinto. – Clegane atirou um punhado de moedas de cobre para o chão.

– Não quero problemas, sor – disse o estalajadeiro.

– Então não me chame de sor. – Sua boca torceu-se. – Está surdo, idiota? Pedi vinho. – Quando o homem fugiu, Clegane gritou às suas costas. – Duas taças! A garota também tem sede!

Eles são só três, pensou Arya. Polliver deu-lhe um breve relance e o rapaz que estava a seu lado nem chegou a olhá-la, mas o terceiro fitou-a longa e duramente. Era um homem de altura e constituição medianas, com um rosto tão comum que era difícil saber que idade tinha. O Cócegas. Cócegas e Polliver juntos. O rapaz era um escudeiro, julgando pela idade e pelo vestuário. Tinha uma grande espinha branca junto ao nariz e algumas vermelhas na testa.

– Este é o cachorro perdido de que Sor Gregor falou? – perguntou ao Cócegas. – Aquele que fez xixi nas esteiras e fugiu?

Cócegas apoiou uma mão no braço do rapaz, num aviso, e sacudiu vivamente a cabeça. Arya compreendeu aquilo com bastante clareza.

Mas o escudeiro não, ou então não se importou.

– Sor disse que o seu irmão cachorro enfiou o rabo entre as pernas quando a batalha esquentou demais em Porto Real. Disse que fugiu ganindo. – Dirigiu ao Cão de Caça um estúpido sorriso de zombaria.

Clegane estudou o rapaz e não disse palavra. Polliver tirou rudemente a moça de cima de si e pôs-se em pé.

– O moço tá bêbado – disse. O homem de armas era quase tão alto quanto o Cão de Caça, embora não fosse tão musculoso. Uma barba arredondada cobria-lhe o queixo e as maxilas, espessa, negra e bem cortada, mas a cabeça estava mais calva do que coberta. – Ele não aguenta o vinho, é só isso.

– Então não devia beber.

– O cachorro não assusta... – começou o rapaz, mas o Cócegas torceu casualmente sua orelha entre o indicador e o polegar. As palavras transformaram-se num guincho de dor.

O estalajadeiro retornou apressadamente, trazendo duas taças de pedra e um jarro numa bandeja de peltre. Sandor levou o jarro à boca. Arya via os músculos do pescoço dele trabalhando enquanto engolia. Quando bateu com ele na mesa, metade do vinho tinha desaparecido.

– Agora já pode servir. E é melhor que apanhe aqueles cobres, que são as únicas moedas que deve ver hoje.

– Nós pagaremos quando acabarmos de beber – disse Polliver.

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