– Você ouviu. O senhor meu pai encontrou uma nortenha magricela mais ou menos da mesma idade com mais ou menos as mesmas cores. Vestiu-a de branco e cinza, deu-lhe um lobo de prata para prender o manto e botou-a a caminho para se casar com o bastardo de Bolton. – Ergueu o coto para apontar para ela. – Quis dizer-lhe isso antes que partisse a galope para salvá-la e se fizesse matar inutilmente. Não é nada má com uma espada, mas não é suficientemente boa para derrotar sozinha duzentos homens.
Brienne sacudiu a cabeça.
– Quando Lorde Bolton souber que o seu pai lhe pagou com moeda falsa...
– Oh, ele sabe.
– Por que me contaria tudo isso se fosse verdade? Está traindo os segredos de seu pai.
– Eu pago as minhas dívidas, como todos os outros leõezinhos bons. Prometi as filhas à Senhora Stark... e uma delas continua viva. Meu irmão pode saber onde se encontra, mas se sabe, não o diz. Cersei está convencida de que Sansa o ajudou a assassinar Joffrey.
A boca da moça fez uma expressão obstinada.
– Não acreditarei que aquela garota gentil é uma envenenadora. A Senhora Catelyn disse que ela tinha um coração afetuoso. Foi o seu irmão. Houve um julgamento, disse Sor Loras.
– Na verdade, houve dois. Tanto as palavras como as espadas lhe falharam. Uma bagunça sangrenta. Assistiu da janela?
– Minha cela dá para o mar. Mas ouvi os gritos.
– O Príncipe Oberyn de Dorne está morto, Sor Gregor Clegane, moribundo, e Tyrion condenado perante os olhos dos deuses e dos homens. Ele será mantido numa cela negra até o matarem.
Brienne olhou-o.
– Não acredita que tenha sido ele.
Jaime concedeu-lhe um sorriso duro.
– Vê, garota? Conhecemo-nos bem demais. Tyrion deseja ser eu desde que deu o primeiro passo, mas nunca me seguiria no regicídio. Foi Sansa Stark quem matou Joffrey. Meu irmão manteve silêncio para protegê-la. Ele tem esses ataques de galanteria de vez em quando. O último custou-lhe um nariz. Dessa vez custará a cabeça.
– Não – disse Brienne. – Não foi a filha da minha senhora. Não pode ter sido ela.
– Aí está a garota teimosa e burra de que me lembro.
Ela enrubesceu.
– Meu nome é...
– Brienne de Tarth. – Jaime suspirou. – Tenho um presente para você. – Estendeu a mão por baixo da cadeira do Senhor Comandante e tirou-a para fora, envolta em dobras de veludo carmesim.
Brienne aproximou-se como se a trouxa pudesse mordê-la, estendeu uma enorme mão sardenta e afastou uma dobra de tecido. Rubis cintilaram à luz. Pegou cuidadosamente no tesouro, enrolou os dedos em volta do cabo de couro e libertou lentamente a espada de sua bainha. As ondulações brilharam de sangue e negrume. Um dedo de luz refletida correu, vermelho, ao longo do gume.
– Isto é aço valiriano? Nunca vi cores assim.
– Nem eu. Houve um tempo em que teria dado a mão direita para brandir uma espada como essa. Agora parece que o fiz, portanto a lâmina é desperdiçada em mim. Aceite-a. – Antes que ela pudesse pensar em recusar, prosseguiu. – Uma espada tão boa precisa de um nome. Ficaria feliz se chamasse esta de Cumpridora de Promessas. Mais uma coisa. A lâmina tem um preço.
O rosto dela tornou-se sombrio.
– Eu disse-lhe, nunca servirei...
– ... criaturas tão malvadas. Sim, eu me lembro. Ouça-me até o fim, Brienne. Ambos prestamos juramentos a propósito de Sansa Stark. Cersei pretende assegurar-se de que a garota seja encontrada e morta, não importa onde ela tenha se enfiado...
O rosto simples de Brienne torceu-se de fúria.
– Se acredita que eu faria mal à filha de minha senhora em troca de uma
–
A moça pestanejou.
– Eu... eu pensei...
– Eu sei o que
– Sor, eu... eu devo-lhe um pedido de desc...
Jaime interrompeu-a.