Читаем A Tormenta de Espadas полностью

– Ah, não diga besteiras. – Cersei fechou a janela. – Sim, tive esperança de que o garoto morresse. E você também. Até Robert pensou que teria sido melhor assim. “Matamos os cavalos quando quebram uma perna, e os cães quando ficam cegos, mas somos fracos demais para mostrar a mesma misericórdia por crianças aleijadas”, disse-me ele. Ele mesmo estava cego nesse momento, da bebida.

Robert? Jaime protegera o rei durante tempo suficiente para saber que Robert Baratheon dizia coisas quando estava de porre que negaria furiosamente no dia seguinte.

– Alguém estava presente quando Robert disse isso?

– Espero que não ache que ele disse isso a Ned Stark. Claro que estávamos a sós. Nós e as crianças. – Cersei tirou a rede para cabelos e enrolou-a numa das colunas da cama, após o que sacudiu seus caracóis dourados. – Talvez tenha sido Myrcella quem enviou esse homem com o punhal, parece-lhe que é possível?

Aquilo tinha a intenção de ser uma zombaria, mas Jaime compreendeu de imediato que ela acertara em cheio no cerne da questão.

– Myrcella, não. Joffrey.

Cersei franziu a testa.

– Joffrey não simpatizava com Robb Stark, mas o rapaz mais novo não lhe dizia nada. Ele próprio não passava de uma criança.

– Uma criança ansiosa por uma palmadinha na cabeça dada por esse bêbado que permitiu que ele acreditasse ser seu pai. – Teve uma ideia desconfortável. – Tyrion quase morreu por causa daquele maldito punhal. Se soubesse que tudo havia sido obra de Joffrey, podia ser esse o motivo...

– Não me interessa o motivo – disse Cersei. – Ele pode levar seus motivos consigo para o inferno. Se tivesse visto como Joff morreu... ele lutou, Jaime, ele lutou por cada golfada de ar, mas era como se algum espírito maligno tivesse as mãos em volta de sua garganta. Tinha um terror tão grande nos olhos... Quando era pequeno, corria para mim quando estava assustado ou magoado, e eu protegia-o. Mas naquela noite não houve nada que eu pudesse fazer. Tyrion assassinou-o na minha frente, e não houve nada que eu pudesse fazer. – Cersei ajoelhou-se diante da cadeira de Jaime e tomou a sua mão boa entre as dela. – Joff está morto e Myrcella em Dorne. Tommen é tudo que me resta. Não pode deixar que o pai o afaste de mim. Jaime, por favor.

– Lorde Tywin não pediu a minha aprovação. Posso falar com ele, mas não me escutará...

– Escutará, se concordar em abandonar a Guarda Real.

– Não vou abandonar a Guarda Real.

A irmã tentou reprimir as lágrimas.

– Jaime, você é o meu reluzente cavaleiro. Não pode me abandonar quando mais preciso de você! Ele está roubando meu filho, mandando-me embora... e a menos que o impeça, o pai vai me forçar a casar de novo!

Jaime não devia ter ficado surpreso, mas ficou. As palavras foram um golpe no estômago mais forte do que qualquer um dos que Sor Addam Marbrand lhe dera.

– Com quem?

– E isso importa? Um lorde ou outro qualquer. Alguém de que o pai pense que precisa. Não me interessa. Não aceitarei outro marido. É o único homem que eu quero na minha cama, para sempre.

– Então diga-lhe isso!

Ela afastou as mãos.

– Está outra vez dizendo loucuras. Quer nos ver afastados, como a mãe fez daquela vez que nos pegou brincando? Tommen perderia o trono e Myrcella, o seu casamento... eu quero ser sua esposa, pertencemos um ao outro, mas isso nunca poderá acontecer, Jaime. Somos irmão e irmã.

– Os Targaryen...

Nós não somos os Targaryen!

– Calminha – disse ele em tom zombeteiro. – Assim tão alto vai acordar os meus Irmãos Juramentados. Não pode ser, certo? As pessoas poderiam ficar sabendo que veio me visitar.

– Jaime – soluçou ela –, acha que eu não desejo isso tanto quanto você? Não importa o homem com quem me casarem, quero você ao meu lado, quero você em minha cama, quero você dentro de mim. Nada mudou entre nós. Deixe-me provar. – Ela puxou a túnica dele para cima e começou a remexer nos cordões de seus calções.

Jaime deu por si a responder.

– Não – disse –, aqui, não. – Nunca tinham feito aquilo na Torre da Espada Branca, e muito menos nos aposentos do Senhor Comandante. – Cersei, este não é o local adequado.

– Tomou-me no septo. Aqui não é diferente. – Tirou seu pau para fora e inclinou a cabeça por cima dele.

Jaime empurrou-a com o coto da mão direita.

Não. Aqui não, já disse. – Forçou-se a levantar-se.

Por um instante viu confusão nos brilhantes olhos verdes de Cersei, e também medo. Então a raiva substituiu-os. Ela recompôs-se, pôs-se em pé, alisou as saias.

– Foi a mão que lhe cortaram em Harrenhal, ou a virilidade? – quando sacudiu a cabeça, seus cabelos caíram em volta dos alvos ombros nus. – Fui uma tola por vir. Você não teve coragem para vingar Joffrey, por que devia pensar que protegeria Tommen? Diga-me, se o Duende tivesse matado todos os seus três filhos, teria isso o irritado?

– Tyrion não vai fazer mal a Tommen ou Myrcella. Ainda não tenho certeza de que matou Joffrey.

A boca dela torceu-se de fúria.

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