Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Dany fugiu da decisão para o terraço. Foi dar com Rhaegal adormecido junto à piscina, um novelo verde e brônzeo tostando ao sol. Drogon estava empoleirado no topo da pirâmide, no local onde a enorme harpia de bronze tinha estado antes de ela ordenar que fosse derrubada. Abriu as asas e rugiu quando a viu. Não se via sinal de Viserion, mas quando se dirigiu ao parapeito e perscrutou o horizonte, viu asas pálidas a distância, pairando sobre o rio. Está caçando. Tornam-se mais ousados a cada dia que passa. Mas ainda ficava ansiosa quando voavam até muito longe. Um dia, um deles pode não voltar, pensou.

– Vossa Graça?

Virou-se para deparar com Sor Barristan atrás de si.

– O que mais quer de mim, sor? Poupei-o, aceitei-o ao meu serviço, dê-me agora alguma paz.

– Perdoe-me, Vossa Graça. É que... agora que sabe quem eu sou... – O velho hesitou. – Um cavaleiro da Guarda Real está na presença do rei dia e noite. Por esse motivo, nossos votos exigem que protejamos seus segredos tal como protegeríamos sua vida. Mas os segredos de seu pai são agora por direito seus, bem como seu trono, e... pensei que talvez tivesse questões a me fazer.

Questões? Tinha uma centena de questões, um milhar, dez milhares. Por que não conseguia se lembrar de nenhuma?

– Meu pai era realmente louco? – perguntou antes de conseguir evitar. Por que é que eu perguntei isso? – Viserys dizia que essa conversa de loucura era uma manobra do Usurpador...

– Viserys era uma criança, e a rainha protegeu-o o máximo que pôde. Agora creio que o seu pai sempre teve em si um pouco de loucura. Mas era também encantador e generoso, de modo que suas pequenas falhas eram esquecidas. Seu reinado começou tão promissor... mas à medida que os anos iam passando, as falhas tornaram-se mais frequentes, até que...

Dany fê-lo parar.

– Será que eu quero ouvir isso agora?

Sor Barristan refletiu por um momento.

– Talvez não. Agora não.

– Agora não – concordou. – Um dia. Um dia deve me contar tudo. As coisas boas e ruins. Há algo de bom a ser contado a respeito de meu pai, certamente?

– Há, Vossa Graça. A respeito dele, e a respeito dos que vieram antes dele. Seu avô Jaehaerys e o irmão, o pai deles, Aegon, a sua mãe... e Rhaegar. Acima de tudo a respeito dele.

– Gostaria de ter podido conhecê-lo. – Sua voz estava melancólica.

– Gostaria que ele pudesse tê-la conhecido – disse o velho cavaleiro. – Quando estiver pronta, contarei tudo.

Dany deu um beijo no rosto de Sor Barristan e mandou-o embora.

Naquela noite, as aias trouxeram-lhe carneiro, com uma salada de passas e cenouras embebidas em vinho e um pão quente e farelento que pingava de mel. Não conseguiu comer nem uma migalha. Terá Rhaegar alguma vez se sentido tão exausto?, perguntou a si mesma. Ou Aegon, após a sua conquista?

Mais tarde, quando chegou o momento de dormir, Dany levou Irri consigo para a cama, pela primeira vez desde o navio. Mas mesmo enquanto estremecia de prazer e enredava os dedos nos espessos cabelos negros da aia, fazia de conta que era Drogo que tinha nos braços... porém, de algum modo, seu rosto não parava de se transformar no de Daario. Se desejar Daario, só tenho de dizer. Ficou deitada com as pernas de Irri entrelaçadas nas suas. Os olhos dele pareciam quase púrpura, hoje...

Os sonhos de Dany foram sombrios naquela noite, e ela acordou três vezes, por conta de pesadelos ainda meio frescos na memória. Na terceira vez estava muito inquieta para voltar a dormir. O luar se infiltrava pelas janelas oblíquas, cobrindo o piso de mármore de prateado. Uma brisa fresca soprava pelas portas abertas do terraço. Irri dormia sonoramente a seu lado, com os lábios levemente entreabertos, um mamilo surgindo por sobre as sedas de dormir. Por um momento, Dany sentiu-se tentada, mas era Drogo que queria, ou talvez Daario. Não Irri. A aia era doce e habilidosa, mas seus beijos tinham gosto de dever.

Levantou-se, deixando Irri adormecida ao luar. Jhiqui e Missandei estavam dormindo em suas camas. Dany enfiou-se numa túnica e atravessou descalça o chão de mármore, dirigindo-se ao terraço. O ar estava gelado, mas gostou da sensação da relva entre os dedos dos pés e do som das folhas sussurrando umas para as outras. Ondulações provocadas pelo vento perseguiam-se pela superfície da pequena piscina para banhos e faziam o reflexo da lua dançar e tremeluzir.

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