– Galante, sim, e encantador, e muito limpo. Sabia como se vestir, sabia como sorrir e sabia como tomar banho, e, não se sabe bem como, arranjou a ideia de que isso o tornava apto a ser rei. Os Baratheon sempre tiveram ideias estranhas, certamente. Vem do sangue Targaryen, creio eu. – Fungou. – Um dia tentaram me casar com um Targaryen, mas rapidamente dei um basta nisso.
– Renly era bravo e gentil, avó – disse Margaery. – O pai também gostava dele, assim como Loras.
– Loras é jovem – disse com vivacidade a Senhora Olenna – e muito bom em derrubar homens dos cavalos com um pau. Isso não faz dele sensato. Quanto ao seu pai, gostaria de ter nascido camponesa com uma grande colher de pau, porque talvez tivesse sido capaz de enfiar na marra algum juízo naquela cabeça gorda.
–
– Chiu, Alerie, não fale comigo nesse tom. E não me chame de mãe. Se tivesse dado você à luz, certamente me lembraria. Só podem me culpar por seu marido, o lorde idiota de Jardim de Cima.
– Avó – disse Margaery –, tome tento nas palavras, senão o que Sansa pensará de nós?
– Pode pensar que possuímos alguma inteligência. Uma de nós, pelo menos. – A mulher idosa virou-se para Sansa. – É traição, eu os preveni, Robert tem dois filhos e Renly, um irmão mais velho, como seria
– Ele é chamado de peixe-balão, avó.
– Claro que sim. O povo das Ilhas do Verão não tem imaginação nenhuma. O meu filho devia adotar o peixe-balão como símbolo, para falar a verdade. Podia pôr uma coroa nele, como os Baratheon fazem com o veado, isso talvez o deixasse feliz. Devíamos ter permanecido bem longe de toda esta sangrenta babaquice, a meu ver, mas depois de ordenhar a vaca não há como enfiar o leite de volta nas tetas. Depois de o Lorde Peixe-Balão colocar aquela coroa na cabeça de Renly, enfiamo-nos na lama até os joelhos, portanto aqui estamos para levar as coisas até o fim. E o que você diz sobre isso, Sansa?
A boca de Sansa abriu e fechou. Também se sentia como um peixe-balão.
– Os Tyrell conseguem traçar a sua genealogia até Garth da Mão Verde – foi o melhor que conseguiu arranjar assim de repente.
A Rainha dos Espinhos fungou e disse:
– Assim como os Florent, os Rowan, os Oakheart e metade das outras casas nobres do sul. Garth gostava de plantar a sua semente em terreno fértil, segundo dizem. Não me surpreenderia que não fosse só a mão que ele tinha verde.
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– Bolos de limão são os meus preferidos – admitiu Sansa.
– Foi o que nos disseram – declarou a Senhora Olenna, que claramente não tinha qualquer intenção de ser silenciada. – Aquela criatura chamada Varys pareceu pensar que devíamos nos sentir gratas por essa informação. Nunca entendi lá muito bem qual é o
Sansa alisou a saia e sentou-se.
– Penso que… bobos, senhora? Fala de… do tipo que se veste de quadriculado?
– Nesse caso são penas. De que achava que eu falava? Do meu filho? Ou destas adoráveis senhoras? Não, não fique vermelha, com esses cabelos, você fica parecendo uma romã. Todos os homens são bobos, na verdade, mas aqueles que se vestem de quadriculado são mais divertidos do que os que usam coroa. Margaery, filha, mande chamar o Abetouro, vamos ver se ele consegue fazer a Senhora Sansa sorrir. O resto de vocês sentem-se, terei de lhes dizer tudo o que for para fazer? Sansa deve pensar que a minha neta é servida por um rebanho de ovelhas.
O Abetouro chegou antes da comida, vestido com um traje de bobo de penas verdes e amarelas, com um barrete pendente. Um homem imensamente gordo e redondo, do tamanho de três Rapazes-Lua, entrou rebolando no salão, saltou para cima da mesa e depositou um gigantesco ovo bem na frente de Sansa.