– Joffrey – disse Sansa. – Foi Joffrey quem fez isso. Prometeu-me que seria misericordioso, e cortou a cabeça de meu pai. Disse que
– Continue. – Foi Margaery que pediu. A futura rainha de Joffrey. Sansa não sabia quanto ela teria ouvido.
– Não posso. –
– Acalme-se, filha – ordenou a Rainha dos Espinhos.
– Ela está aterrorizada, avó, olhe só para ela.
A velha gritou ao Abetouro.
–
– Sim! – respondeu o enorme bobo. – Servirá mesmo muito bem! Devo cantá-la apoiado em minha cabeça, senhora?
– Isso fará com que soe melhor?
– Não.
– Nesse caso, fique sobre seus pés. Não queremos que seu chapéu caia. Se bem me lembro, você nunca lava o cabelo.
– Às suas ordens, senhora. – O Abetouro fez uma profunda reverência, soltou um gigantesco arroto, e então endireitou-se, espetou a barriga e berrou: –
A Senhora Olenna inclinou-se para a frente.
– Quando eu era uma garota mais nova do que você, já era bem sabido que na Fortaleza Vermelha as paredes têm ouvidos. Bem, ficarão entretidos com uma canção e, enquanto isso, nós, as meninas, falaremos livremente.
– Mas – disse Sansa – Varys… ele
–
– …
A encarquilhada velha senhora sorriu.
– Em Jardim de Cima temos muitas aranhas entre as flores. Desde que guardem as coisas para si, deixamos que teçam as suas pequenas teias, mas quando se põem debaixo de nossos pés, pisamos nelas. – Deu palmadinhas nas costas da mão de Sansa. – Agora, filha, a verdade. Que tipo de homem é esse Joffrey, que chama a si mesmo Baratheon, mas parece tão Lannister?
Sansa sentia-se como se o coração estivesse preso em sua garganta. A Rainha dos Espinhos estava tão perto dela que conseguia sentir seu mau hálito. Os dedos descarnados e esguios da velha beliscavam seu pulso. Do outro lado, Margaery também estava à escuta. Um arrepio percorreu-a.
– Um monstro – segredou, com uma voz tão trêmula que quase não conseguiu ouvir a si mesma. – Joffrey é um monstro. Mentiu a respeito do filho do carniceiro e obrigou meu pai a matar a minha loba. Quando lhe desagrado, manda a Guarda Real bater em mim. É mau e cruel, senhora, é a verdade. E a rainha também.
A Senhora Olenna Tyrell e a neta trocaram olhares.
– Ah – disse a velha –, isso é uma pena.
– Por favor – suplicou –, não impeça o casamento...
– Não tenha medo, Lorde Peixe-Balão está determinado a que Margaery seja rainha. E a palavra de um Tyrell vale mais do que todo o ouro de Rochedo Casterly. Pelo menos era assim na minha época. Seja como for, agradecemos pela verdade, filha.
– …
– Sansa, gostaria de visitar Jardim de Cima? – quando Margaery Tyrell sorria, parecia-se muito com o irmão Loras. – Todas as flores do outono estão em botão nesta época, e há bosques e fontes, pátios cheios de sombras, colunatas de mármore. O senhor meu pai sempre mantém cantores na corte, melhores do que o Abinho aqui, e também flautistas, rabequeiros e harpistas. Temos os melhores cavalos e barcos de lazer para viajar ao longo do Vago. Você pratica falcoaria, Sansa?
– Um pouco – admitiu.