Um dos homens da Torre Sombria saiu cambaleando da escuridão e caiu aos pés de Sam. Rastejou até meio metro da fogueira antes de morrer.
Por que tinha de se lembrar da batalha no Punho? Não queria lembrar.
– Levante-se – disse uma voz. – Sam, não pode dormir aqui. Levante-se e continue a andar.
– Vá embora – disse, com as palavras congelando no ar frio. – Estou bem. Quero descansar.
– Levante. – A voz de Grenn, dura e rouca, erguia-se por cima de Sam, com os panos negros incrustados de neve. – O Velho Urso disse que não haveria descanso. Vai morrer.
– Grenn. – Sorriu. – Não, de verdade, estou bem aqui. Continue. Já alcanço vocês, depois de descansar um pouco mais.
– Não alcança – A espessa barba castanha de Grenn estava congelada ao redor de sua boca. Isso fazia-o parecer um velho qualquer. – Vai congelar, ou então ser pego pelos Outros. Sam,
Sam lembrou-se de que na noite anterior à da partida da Muralha, Pyp provocara Grenn, como costumava fazer, sorrindo e dizendo que ele era uma ótima escolha para a patrulha, porque era burro demais para ficar aterrorizado. Grenn tinha negado com veemência até perceber o que estava dizendo. Era entroncado, com um pescoço grosso e forte (Sor Alliser Thorne chamara-o de “Auroque”, tal como chamara Sam de “Sor Porquinho” e Jon de “Lorde Snow”), mas sempre tratara Sam bastante bem.
Um irmão alto, com um archote, parou junto a eles, e por um maravilhoso momento, Sam sentiu o calor em seu rosto.
– Deixe-o – disse o homem a Grenn. – Quem não pode andar, está acabado. Guarde as suas forças para si, Grenn.
– Ele vai se levantar – respondeu Grenn. – Só precisa de uma ajuda.
O homem prosseguiu seu caminho, levando o abençoado calor consigo. Grenn tentou pôr Sam de pé.
– Isso dói – este reclamou. – Pare. Grenn, está machucando meu braço. Pare.
– É mais pesado que o diabo. – Grenn enfiou as mãos sob as axilas de Sam, soltou um grunhido e içou-o para cima de suas pernas. Mas, no momento em que o largou, o gordo voltou a se sentar na neve. Grenn deu-lhe um pontapé, uma sólida pancada que rachou a crosta de neve que havia em volta de sua bota e a fez voar para todo lado. – Em