Читаем A Fúria dos Reis полностью

– Morto? Tem certeza? Morto?

Ele mexeu os pés, acanhado:

– Afogado.

– Ótimo. Nada diga. Dele. De mim. Nada de nada. Nada.

Quando o escudeiro saiu, as últimas forças de Tyrion tinham também desaparecido. Deixou-se cair e fechou os olhos. Talvez voltasse a sonhar com Tysha. Pergunto-me o que ela acharia do meu rosto agora, pensou amargamente.

Jon

Quando Qhorin Meia-Mão lhe disse para ir à procura de vegetação rasteira para uma fogueira, Jon soube que o fim estava próximo.

Será bom voltar a me sentir quente, mesmo que seja por pouco tempo, disse a si mesmo enquanto cortava galhos nus do tronco de uma árvore morta. Fantasma sentou-se sobre os quartos traseiros, observando, silencioso como sempre. Será que ele uivará por mim quando eu morrer, como o lobo de Bran uivou quando ele caiu?, interrogou-se Jon. Cão Felpudo uivará, lá longe em Winterfell, e Vento Cinzento, e Nymeria, onde quer que estejam?

A lua subia por trás de uma montanha e o sol baixava por trás de outra quando Jon fez saltar centelhas da pederneira e do punhal, até, por fim, conseguir um fiapo de fumaça. Qhorin aproximou-se e parou em pé ao lado dele quando a primeira chama se ergueu, tremeluzente, das aparas de casca de árvore e agulhas de pinheiro mortas e secas que reunira.

– Tímida como uma donzela em sua noite de núpcias – disse o grande patrulheiro numa voz suave –, e quase tão bela. Às vezes, um homem se esquece de como uma chama pode ser bonita.

Ele não era um homem de quem se esperasse que falasse de donzelas e noites de núpcias. Até onde Jon sabia, Qhorin tinha passado toda sua vida na Patrulha. Terá ele alguma vez amado uma donzela ou se casado? Não podia perguntar. Em vez disso, atiçou o fogo. Quando a fogueira começou a crepitar, descalçou as luvas rígidas para aquecer as mãos, e suspirou, perguntando a si mesmo se um beijo alguma vez tinha tido um sabor tão bom. O calor espalhou-se por seus dedos como manteiga derretendo.

Meia-Mão largou-se no chão e se instalou de pernas cruzadas junto à fogueira, com a luz tremeluzente brincando nos planos duros de seu rosto. Dos cinco patrulheiros que tinham fugido do Passo dos Guinchos só restavam eles, os dois na vastidão selvagem azul-acinzentada das Presas de Gelo.

A princípio, Jon acalentara a esperança de que o Escudeiro Dalbridge conseguisse manter os selvagens engarrafados no passo. Mas quando ouviram o chamado de um berrante distante, todos souberam que o escudeiro tinha caído. Mais tarde viram a águia voando ao fim da tarde, apoiada em grandes asas azuis-acinzentadas, e Cobra das Pedras pegou o arco, mas a ave voou para fora de seu alcance antes mesmo que conseguisse prender a corda. Ebben escarrou e resmungou sombriamente acerca de wargs e troca-peles.

Vislumbraram a águia outras duas vezes no dia seguinte, e ouviram o berrante atrás deles ecoando nas montanhas. A cada vez que soava parecia um pouco mais sonoro, um pouco mais próximo. Quando a noite caiu, Meia-Mão disse a Ebben para levar o garrano do escudeiro e o seu e cavalgar a toda pressa para leste em busca de Mormont, pelo caminho por onde tinham vindo. Os outros despistariam os perseguidores.

– Envie Jon – sugerira Ebben. – Ele cavalga tão depressa como eu.

– Jon tem um papel diferente a desempenhar.

– Ele ainda é meio criança.

– Não – Qhorin dissera –, ele é um homem da Patrulha da Noite.

Quando a lua nasceu, Ebben separou-se deles. Cobra das Pedras seguiu para leste com ele durante algum tempo, e depois voltou pelo mesmo caminho para apagar o rastro, e os três que restaram partiram para sudoeste.

Depois disso, os dias e as noites tornaram-se indistintos. Dormiam nas selas e paravam apenas o tempo suficiente para alimentar e dar de beber aos garranos, após o que voltavam a montar. Avançavam sobre rocha nua, através de sombrias florestas de pinho e acumulações de neve antiga, sobre cumeadas geladas e cruzando rios rasos que não tinham nome. Às vezes, Qhorin ou Cobra das Pedras voltavam para obscurecer os rastros, mas era um gesto fútil. Eram vigiados. A cada alvorada e a cada ocaso viam a águia pairando entre os picos, não mais do que um ponto na vastidão do céu.

Escalavam uma pequena cumeada entre dois picos cobertos de neve quando um gato-das-sombras saltou rosnando de sua toca, a menos de dez metros deles. A fera estava esquálida e meio morta de fome, mas vê-la deixou a égua do Cobra das Pedras em pânico; empinou-se e fugiu, e antes que o patrulheiro conseguisse voltar a controlá-la, ela tinha tropeçado na íngreme encosta e quebrado uma perna.

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