«Era preciso destru'i-las… Mas n~ao me escapou uma coisa, era preciso destru'i-las
«'E claro que esta liberdade, que deve haver cuidado em n~ao estorvar, 'e a
— Est'a clar'issimo. Continu'e…
— Para quem quer o anarquista a liberdade? Para a humanidade inteira. Qual 'e a maneira de conseguir a liberdade para a humanidade inteira? Destruir por completo todas as ficc~oes sociais. Como se poderiam destruir por completo todas as ficc~oes sociais? J'a lhe antecipei a explicac~ao, quando, por causa da sua pergunta, discuti os outros sistemas avancados e lhe expliquei como e porque era anarquista… Voc^e lembra-se da minha conclus~ao?…
— Lembro…
— …Uma revoluc~ao social s'ubita, brusca, esmagadora, fazendo a sociedade passar, de um salto, do reg'imen burgu^es para a sociedade livre. Esta revoluc~ao social preparada por um trabalho intenso e continuo, de acc~ao directa e indirecta, tendente a dispor todos os esp'iritos para a vinda da sociedade livre, e a enfraquecer at'e ao estado comatoso todas as resist'encias da burguesia. Escuso de lhe repetir as raz~oes que levam inevitavelmente a esta conclus~ao, adentro do anarquismo; j'a lhas expus e voc^e j'a as percebeu.
— Sim.
— Essa revoluc~ao seria preferivelmente mundial, simult^anea em todos os pontos, ou os pontos importantes, do mundo; ou, n~ao sendo assim, partindo r'apidamente de uns para outros, mas, em todo o caso, em cada ponto, isto 'e, em cada nac~ao, fulminante e completa.
«Muito bem. O que poderia
Puxou fumo; fez uma leve pausa; recomecou.
— Ora aqui, meu amigo, pus eu a minha lucidez em acc~ao. Trabalhar para o futuro, est'a bem, pensei eu; trabalhar para os outros terem liberdade, est'a certo. Mas ent~ao eu? Eu n~ao sou ningu'em? Se eu fosse crist~ao, trabalhava alegremente pelo futuro dos outros, porque l'a tinha a minha recompensa no c'eu; mas tamb'em, se eu fosse crist'ao, n~ao era anarquista, porque ent~ao as tais desigualdades sociais n~ao tinham import^ancia na nossa curta vida: eram s'o condic~oes da nossa provac~ao, e l'a seriam compensadas na vida eterna. Mas eu n~ao era crist~ao, como n~ao sou, e perguntava-me: mas por quem 'e que eu me vou sacrificar nisto tudo? Mais ainda: