Sor Jorah levantou-se.
– Talvez seja hora de descobrir.
– Sim – decidiu ela. – Farei isso! – Dany atirou a colcha para trás e saltou do beliche. – Vou já falar com o capitão, ordenar-lhe que marque uma rota para Astapor. – Dobrou-se sobre o seu baú, abriu a tampa e pegou a primeira roupa que encontrou, um par de calças largas de sedareia. – Dê-me o meu cinto de medalhões – ordenou a Jorah enquanto puxava a sedareia sobre as coxas. – E o meu colete... – começou a dizer, virando-se.
Sor Jorah deslizou os braços em volta dela.
– Oh – foi tudo o que Dany teve tempo de dizer quando ele a puxou e pressionou os lábios contra os dela. Cheirava a suor, sal e couro, e os rebites de ferro em seu justilho enterraram-se nos seus seios nus quando ele a apertou com força contra si. Uma mão prendeu-a pelos ombros enquanto a outra deslizou ao longo da espinha até a base das costas, e a boca de Dany abriu-se para deixar entrar a língua dele, embora ela não lhe tivesse dito para fazer isso.
Foi um beijo longo, embora Dany não soubesse dizer quão longo. Quando terminou, Sor Jorah largou-a, e ela deu um passo rápido para trás.
– Você... você não devia...
– Eu não devia ter esperado tanto tempo – concluiu o cavaleiro. – Devia tê-la beijado em Qarth, em Vaes Tolorro. Devia tê-la beijado no deserto vermelho, todas as noites e todos os dias. Foi feita para ser beijada, sempre e bem. – Os olhos dele estavam fixos em seus seios.
Dany cobriu-os com as mãos, antes que os mamilos a traíssem.
– Eu... isso não foi certo. Sou sua rainha.
– Minha rainha – disse ele – e a mais corajosa, mais doce e mais bela mulher que eu já vi. Daenerys...
–
– Vossa Graça – concedeu ele –,
– Sim – disse Dany –, mas meus irmãos estão mortos.
– Rhaenys e Visenya eram esposas de Aegon, além de serem suas irmãs. Não tem irmãos, mas pode ter maridos. E digo-lhe com franqueza, Daenerys, não há outro homem no mundo inteiro que tenha por você nem metade da fidelidade que eu tenho.
BRAN
A cadeia de montes projetava-se vivamente da terra, uma longa dobra de pedra e solo com a forma de uma garra. Árvores agarravam-se às suas vertentes inferiores, pinheiros, espinheiros e freixos, mas mais acima o terreno era nu, e a linha de cumeada definia-se bem contra o céu enevoado.
Sentiu que os rochedos elevados o chamavam. E lá subiu, a princípio a um trote fácil, e depois mais depressa e mais alto, devorando o declive com as fortes patas. Aves saltavam dos galhos por cima de sua cabeça quando passava por baixo correndo, abrindo caminho para o céu numa confusão de garras e asas. Conseguia ouvir o vento suspirar por entre as folhas, os esquilos chilreando uns para os outros, até o ruído que uma pinha fez ao cair no chão da floresta. Os cheiros eram uma canção à sua volta, uma canção que enchia o belo mundo verde.
Cascalho voou de debaixo de suas patas quando conquistou os últimos metros e chegou ao cume. O sol pendia, baixo, sobre os grandes pinheiros, enorme e vermelho, e por baixo dele as árvores e os montes prolongavam-se até perder de vista ou de odor. Muito acima, uma pipa voava em círculos, uma mancha escura contra o céu cor-de-rosa.
Muito embaixo, na base da floresta, algo se moveu por entre as árvores. Uma imagem cinza, apenas vislumbrada e logo desaparecida, mas o suficiente para levá-lo a erguer as orelhas. Lá embaixo, ao lado de um riacho rápido e verde, outra silhueta surgiu e desapareceu, correndo.
Ele também tivera uma matilha antes. Tinham sido cinco, e um sexto que ficava de lado. Em algum lugar, bem fundo em seu íntimo, alojavam-se os sons que os homens lhes tinham dado para distingui-los uns dos outros, mas não era pelos sons que os conhecia. Lembrava-se de seus odores, dos odores de seus irmãos e irmãs. Todos tinham odores parecidos, cheiravam a