Читаем A Tormenta de Espadas полностью

O príncipe sentia que o irmão zangado com os quentes olhos verdes estava próximo, embora não o visse já havia muitas caçadas. Mas com cada sol que se punha, ele distanciava-se mais, e tinha sido o último. Os outros estavam muito espalhados, como folhas sopradas pelo vento forte.

Mas às vezes conseguia senti-los, como se ainda estivessem com ele, escondidos de sua vista apenas por um pedregulho ou um pequeno bosque. Não era capaz de cheirá-los, nem de ouvir seus uivos noturnos, mas sentia a presença deles atrás de si... todos menos a irmã que tinham perdido. Sua cauda abaixava quando se lembrava dela. Agora quatro, não cinco. Quatro e mais um, o branco que não tem voz.

Aquela floresta pertencia a eles, as vertentes nevadas e os montes pedregosos, os grandes pinheiros verdes e carvalhos de folhas douradas, os impetuosos riachos e lagos azuis, emoldurados por dedos de gelo branco. Mas a irmã tinha abandonado as regiões selvagens para caminhar nos salões da rocha-de-homem, onde outros caçadores governavam, e, uma vez dentro desses salões, era difícil encontrar o caminho de volta. O príncipe lobo lembrava-se.

O vento mudou subitamente.

Veado, e medo, e sangue. O odor da presa despertou sua fome. O príncipe voltou a farejar o ar, virando-se, e então partiu, saltando ao longo da cumeada com a boca entreaberta. A outra vertente da serra era mais inclinada do que aquela por onde tinha subido, mas correu, com segurança, sobre pedras, raízes e folhas em putrefação, pela encosta abaixo e através das árvores, devorando o terreno em longas passadas. O cheiro o atraía, cada vez mais depressa.

A corça estava no chão e morria quando chegou até ela, cercada por oito de seus primos menores e cinza. As cabeças da matilha tinham começado a se alimentar, primeiro o macho e depois a sua fêmea, rasgando em turnos a carne da barriga vermelha da presa. Os outros esperavam pacientemente, todos menos a cauda da matilha, que vagueava num círculo cuidadoso, a alguns passos dos restantes, com a própria cauda entre as pernas. Seria o último animal a comer, e comeria o que quer que os irmãos lhe deixassem.

O príncipe estava contra o vento, e os lobos não o detectaram até saltar para cima de um tronco caído a seis passos do local onde se alimentavam. A cauda foi a primeira a vê-lo, soltou um ganido de dar dó, e escapuliu para longe. Os irmãos da matilha viraram-se ao ouvir o ruído e mostraram os dentes, rosnando, todos menos as cabeças macho e fêmea.

O lobo gigante respondeu aos rosnidos com um grave rugido de aviso e lhes mostrou os dentes. Era maior do que os primos, com duas vezes o tamanho da magra cauda e vez e meia o dos dois líderes da matilha. Saltou para o meio deles, e três fugiram, fundindo-se com o arvoredo. Outro atacou-o, mordendo. Enfrentou diretamente o ataque, abocanhou a perna do lobo e atirou-o para o lado, ganindo e coxeando.

E então restava apenas a cabeça a enfrentar, o grande macho cinza com o focinho ensanguentado, recém-saído de dentro da macia barriga da presa. Havia também pelos brancos em seu focinho, que o identificava como um lobo velho, mas quando sua boca se abriu, uma saliva vermelha escorreu de seus dentes.

Ele não tem medo, pensou o príncipe, não tem mais medo do que eu. Seria uma boa luta. Atiraram-se um contra o outro.

Lutaram longamente, rolando juntos sobre raízes, pedras, folhas caídas e as entranhas espalhadas da presa, rasgando o pelo um do outro com dentes e garras, separando-se, rodeando-se e voltando a saltar para a luta. O príncipe era maior, e muito mais forte, mas o primo tinha uma matilha. A fêmea caminhava por perto, em volta deles, farejando e rosnando, e interpunha-se sempre que seu companheiro se afastava com um novo ferimento. De tempos em tempos, os outros lobos também intervinham, mordendo uma perna ou uma orelha quando o príncipe estava virado para o outro lado. Um deles irritou-o tanto que se virou numa fúria negra e rasgou a garganta do atacante. Depois disso, os outros mantiveram-se a distância.

E na hora em que a última luz se filtrava através de ramos verdes e dourados, o lobo velho deitou-se cansado na terra e rolou para expor a garganta e a barriga. Era a submissão.

O príncipe farejou-o e lambeu o sangue do pelo e da carne rasgada. Quando o lobo velho soltou um suave ganido, o lobo gigante afastou-se. Tinha agora muita fome, e a presa era sua.

– Hodor.

O súbito som fez com que parasse e rosnasse. Os lobos olharam-no com olhos verdes e amarelos, brilhando com a última luz do dia. Nenhum deles tinha ouvido aquilo. Era um estranho vento que soprava apenas em seus ouvidos. Enterrou os dentes na barriga da corça e rasgou um pedaço de carne.

– Hodor, hodor.

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