Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Não, pensou. Não, não quero. Era um pensamento de garoto, não de lobo gigante. A floresta escureceu ao seu redor, até só restarem as sombras das árvores, e os clarões dos olhos dos primos. E através deles e atrás desses olhos, viu o rosto sorridente de um homem grande, e uma adega de pedra, cujas paredes estavam manchadas de salitre. O rico e quente sabor do sangue desvaneceu-se em sua boca. Não, não, não, quero comer, quero comer, quero...

– Hodor, hodor, hodor, hodor, hodor – cantarolou Hodor enquanto o sacudia suavemente pelos ombros, de um lado para o outro, de um lado para o outro. Estava tentando ser gentil, tentava sempre, mas Hodor tinha dois metros e dez de altura e era mais forte do que pensava, e suas enormes mãos faziam os dentes de Bran tremer.

NÃO! – gritou, zangado. – Hodor, largue-me, estou aqui, estou aqui.

Hodor parou, parecendo desconcertado.

– Hodor?

A floresta e os lobos tinham desaparecido. Bran estava outra vez de volta à úmida adega de uma antiga torre de vigia qualquer que devia ter sido abandonada havia milhares de anos. Agora não era bem uma torre. As pedras caídas estavam mesmo tão cobertas de musgo e hera que quase não se viam até se estar bem em cima delas. Bran tinha chamado o lugar de Torre Arruinada; mas fora Meera quem encontrara a descida para a adega.

– Esteve longe tempo demais. – Jojen Reed tinha treze anos, era só quatro mais velho do que Bran. Jojen também não era muito maior do que ele, não mais do que cinco centímetros, ou talvez seis, mas tinha uma maneira solene de falar que fazia com que parecesse mais velho e mais sábio do que realmente era. Em Winterfell, a Velha Ama o chamara de “pequeno avô”.

Bran franziu a testa para ele.

– Queria comer.

– Meera voltará em breve com o jantar.

– Estou farto de rãs. – Meera era uma papa-rãs do Gargalo, por isso Bran supunha que não podia realmente culpá-la por apanhar tantas rãs, mesmo assim... – Queria comer a corça. – Por um momento, recordou o seu gosto, o sangue e a carne rica e crua, e sua boca encheu-se de água. Ganhei a luta pela presa. Ganhei.

– Marcou as árvores?

Bran corou. Jojen andava sempre lhe dizendo para fazer coisas quando abria o terceiro olho e colocava a pele de Verão. Arranhar a casca de uma árvore, ou pegar um coelho e trazê-lo na boca, ainda inteiro, empurrar algumas pedras para formar uma fila. Coisas estúpidas.

– Esqueci – disse.

– Você esquece sempre.

Era verdade. Ele pretendia fazer as coisas que Jojen pedia, mas assim que era lobo elas nunca pareciam importantes. Havia sempre coisas para ver e cheirar, um mundo verde inteiro onde caçar. E podia correr! Não havia nada melhor do que correr, exceto correr atrás de uma presa.

– Eu era um príncipe, Jojen – disse ele ao garoto mais velho. – Era o príncipe da floresta.

– Você é um príncipe – lembrou-lhe Jojen com suavidade. – Lembra-se disso, não é verdade? Diga-me quem é.

– Você sabe. – Jojen era seu amigo e professor, mas às vezes só tinha vontade de bater nele.

– Quero que diga as palavras. Diga-me quem é.

– Bran – ele falou, sem vontade. Bran, o Quebrado. – Brandon Stark. – O menino aleijado. – O Príncipe de Winterfell. – Do Winterfell incendiado e em ruínas, de seu povo disperso e assassinado. Os jardins de vidro estavam destruídos, e jorrava água quente das paredes rachadas, fumegando ao sol. Como se pode ser príncipe de um lugar que possivelmente nunca mais se verá?

– E quem é o Verão? – perguntou Jojen.

– Meu lobo gigante. – Sorriu. – Príncipe do verde.

– Bran, o garoto, e Verão, o lobo. São, então, dois?

– Dois – suspirou – e um só. – Detestava Jojen quando ficava assim estúpido. Em Winterfell queria que eu sonhasse os sonhos de lobo, e agora que sei como sonhá-los está sempre me chamando de volta.

– Lembre-se disso, Bran. Lembre-se de si, senão o lobo vai consumi-lo. Quando se juntam, não basta correr, caçar e uivar na pele de Verão.

Para mim, basta, pensou Bran. Gostava mais da pele de Verão do que da sua. De que serve ser um troca-peles, se não se pode usar a pele que quiser?

– Vai se lembrar? E da próxima vez, marque a árvore. Qualquer árvore, não importa qual, desde que o faça.

– Eu marcarei. Vou me lembrar. Podia voltar e fazer isso agora, se quiser. Dessa vez não me esquecerei. – Mas primeiro como a minha corça, e luto mais um pouco com aqueles pequenos lobos.

Jojen balançou a cabeça.

– Não. É melhor que fique e coma. Com a sua boca. Um warg não pode viver daquilo que seu animal consome.

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