– Como pode saber? Estava lá? – Lysa desceu do cadeirão, fazendo rodopiar as saias. – Veio com Lorde Bracken e Lorde Blackwood, daquela vez que nos visitaram para levar a disputa deles à consideração de meu pai? O cantor de Lorde Bracken cantou para nós, e Catelyn dançou seis danças com Petyr naquela noite,
– Eu não era nascida, senhora.
– Você não era nascida. Mas eu era, portanto não ouse me dizer o que é verdade. Eu
– Foi ele que me beijou – voltou a insistir Sansa. – Eu nunca quis...
– Silêncio, não lhe dei licença para falar. Seduziu-o, tal como a sua mãe fez naquela noite em Correrrio, com seus sorrisos e sua dança. Acha que eu me esqueceria? Foi essa a noite em que me esgueirei para a cama dele para confortá-lo. Sangrei, mas foi a mais doce das dores. Ele disse-me então que me amava, mas chamou-me de
A resolução de Sansa havia murchado perante o ataque da tia. Lysa Arryn a estava assustando mais que a Rainha Cersei jamais a assustara.
– Ele é seu, senhora – disse, tentando soar submissa e arrependida. – Tenho a sua licença para ir embora?
– Não, não tem. – O hálito da tia cheirava a vinho. – Se fosse outra pessoa, você seria banida. Mandaria você para baixo, para os Portões da Lua de Lorde Nestor, ou de volta para os Dedos. Gostaria de passar a vida naquela costa desolada, rodeada de mulheres porcas e cocozinhos de ovelha? Era isso que meu pai queria para Petyr. Todo mundo pensou que foi por causa daquele estúpido duelo com Brandon Stark, mas não é verdade. O pai disse que eu devia agradecer aos deuses por um senhor tão grande como Jon Arryn estar disposto a me aceitar manchada, mas eu sabia que era só por causa das espadas. Tinha de me casar com Jon, senão meu pai iria me expulsar como fez com o irmão, mas era a Petyr que eu estava destinada. Estou lhe contando isso tudo para que compreenda como nos amamos um ao outro, quanto tempo sofremos e sonhamos um com o outro. Fizemos juntos um bebê, um precioso bebezinho. – Lysa encostou as mãos na barriga, como se a criança ainda estivesse ali. – Quando o roubaram de mim, prometi a mim mesma que nunca deixaria que voltasse a acontecer. Jon queria mandar meu querido Robert para Pedra do Dragão, e aquele rei beberrão queria entregá-lo a Cersei Lannister, mas eu não permiti... assim como não vou permitir que me roube o meu Petyr Mindinho. Está me ouvindo, Alayne, ou Sansa, ou como quer que chame a si mesma? Está ouvindo o que estou lhe dizendo?
– Sim. Juro, nunca mais o beijarei ou... ou o seduzirei. – Sansa achou que era aquilo que a tia quisesse ouvir.
– Então agora já admite? Foi você, como eu pensava. É tão libertina quanto a sua mãe. – Lysa agarrou-a pelo pulso. – Venha comigo. Há uma coisa que quero lhe mostrar.
– Está me machucando. – Sansa contorceu-se. – Por favor, tia Lysa, eu não fiz nada. Juro.
A tia ignorou seus protestos.
–
O cantor tinha ficado discretamente ao fundo da sala, mas acorreu de imediato ao grito da Senhora Arryn.
– Senhora?
– Toque-nos uma canção. Toque “A falsa e a bela”.
Os dedos de Marillion roçaram as cordas.
–
A Senhora Lysa puxou o braço de Sansa. Era andar ou ser arrastada, portanto decidiu andar, percorrendo meio salão e passando entre um par de pilares, até uma porta de represeiro instalada na parede de mármore. A porta encontrava-se firmemente fechada, com três pesadas trancas de bronze para mantê-la no lugar, mas Sansa ouvia o vento lá fora mordendo suas arestas. Quando viu o crescente de lua esculpido na madeira, plantou os pés no chão.
– A Porta da Lua. – Tentou se libertar, aos puxões. – Por que está me mostrando a Porta da Lua?
– Agora está guinchando como um rato, mas no jardim foi bastante ousada, não foi? Foi bastante ousada na neve.