Читаем A Tormenta de Espadas полностью

E levaram o garoto. O senhor meu esposo, pensou Sansa, enquanto contemplava as ruínas de Winterfell. A neve tinha parado de cair, e fazia mais frio do que antes. Perguntou a si mesma se Lorde Robert passaria a boda toda tremendo. Pelo menos Joffrey era saudável de corpo. Uma raiva enlouquecida tomou conta dela. Pegou um galho partido e enfiou-o na cabeça rasgada do boneco, após o que a espetou no topo da destruída guarita de seu castelo de neve. Os criados pareceram ficar horrorizados, mas quando Mindinho viu o que ela tinha feito, riu.

– Se as histórias forem verdadeiras, esse não é o primeiro gigante cuja cabeça acabou nas muralhas de Winterfell.

– São só histórias – disse ela, e abandonou-o ali.

De volta ao seu quarto, Sansa despiu o manto e as botas úmidas e sentou-se junto da lareira. Não duvidava de que seria obrigada a responder pelo ataque de Lorde Robert. Talvez a Senhora Lysa me mande embora. A tia era rápida para banir quem quer que lhe desagradasse, e nada lhe desagradava mais do que aqueles que suspeitava de maltratarem seu filho.

Sansa teria acolhido de bom grado o banimento. Os Portões da Lua eram muito maiores do que o Ninho da Águia, e também mais animados. Lorde Nestor Royce parecia rude e severo, mas a filha Myranda governava o castelo em seu nome, e todos eram unânimes em dizer que era brincalhona. Até a suposta bastardia de Sansa poderia não contar muito contra si lá embaixo. Uma das filhas ilegítimas do Rei Robert estava a serviço de Lorde Nestor, e dizia-se que ela e a Senhora Myranda eram grandes amigas, tão próximas quanto irmãs.

Direi à minha tia que não quero me casar com Robert. Nem o próprio Alto Septão podia declarar uma mulher casada se ela se recusasse a proferir os votos. Não era uma pedinte, não importa o que a tia dissesse. Tinha treze anos, era uma mulher florescida e casada, a herdeira de Winterfell. Sansa às vezes sentia pena de seu pequeno primo, mas não era capaz de imaginar que algum dia desejasse ser sua esposa. Preferiria voltar a estar casada com Tyrion. Se a Senhora Lysa soubesse disso, certamente a mandaria para longe... para longe dos beicinhos, tremores e olhos lacrimejantes de Robert, para longe dos olhares demorados de Marillion, para longe dos beijos de Petyr. Vou contar para ela. Vou mesmo!

Foi ao fim da tarde que a Senhora Lysa mandou chamá-la. Sansa tinha passado o dia todo reunindo coragem, mas assim que Marillion surgiu à sua porta, todas as suas dúvidas regressaram.

– A Senhora Lysa requer a sua presença no Alto Salão. – Os olhos do cantor despiam-na enquanto falava, mas Sansa já tinha se habituado a isso.

Marillion era bonito, não havia como negar; jovial e esguio, com pele lisa, cabelos cor de areia, um sorriso encantador. Mas tornara-se bastante odiado no Vale, por todos exceto a tia e o pequeno Lorde Robert. Pelo que diziam as conversas dos criados, Sansa não era a primeira donzela a sofrer o seu assédio, e as outras não tinham tido Lothor Brune para defendê-las. Mas a Senhora Lysa não queria ouvir queixas contra ele. Desde que tinha chegado ao Ninho da Águia, o cantor tornou-se seu favorito. Cantava até que Lorde Robert adormecesse todas as noites, e torcia o nariz aos pretendentes da Senhora Lysa com versos que caçoavam de seus pontos fracos. A tia fez chover sobre ele ouro e presentes; roupas caras, um bracelete de ouro, um cinto incrustado de pedras de lua, um bom cavalo. Até lhe dera o falcão preferido do falecido marido. Tudo aquilo servia para tornar Marillion impecavelmente cortês na presença da Senhora Lysa, e impecavelmente arrogante longe dela.

– Obrigada – disse-lhe rigidamente Sansa. – Eu conheço o caminho.

Ele não quis ir embora.

– A senhora disse-me para levá-la.

Levar-me? Não gostou de como aquilo soava.

– Agora é um guarda? – Mindinho tinha demitido o capitão da guarda do Ninho da Águia e colocado Sor Lothor Brune em seu lugar.

– Precisa de guarda? – disse Marillion com ligeireza. – Devia saber que ando compondo uma nova canção. Uma canção tão doce e triste que derreterá até o seu coração gelado. Pretendo chamá-la de “A rosa da beira da estrada”. É sobre uma garota ilegítima tão bela que enfeitiçava todos os homens que pusessem os olhos nela.

Eu sou uma Stark de Winterfell, desejou dizer-lhe. Mas em vez disso assentiu e permitiu que a levasse ao longo da escada da torre e por uma ponte. O Alto Salão tinha estado fechado durante todo o tempo que passara no Ninho da Águia. Sansa perguntou a si mesma por que motivo a tia o teria aberto. Normalmente preferia o conforto de seu aposento privado, ou o calor aconchegante da sala de audiências de Lorde Arryn, com a sua vista sobre a queda d’água.

Dois guardas com manto azul-celeste flanqueavam as portas de madeira esculpida do Alto Salão, de lanças na mão.

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