Читаем A Tormenta de Espadas полностью

– Bem, um filho sai ao pai. Joff teria me matado também, uma vez que estivesse na posse de todos os seus poderes. Pelo crime de ser baixo e feio, do qual sou tão obviamente culpado.

– Não respondeu à minha pergunta.

– Meu pobre, estúpido, cego, mutilado idiota. Terei de soletrar tudo para que entenda? Muito bem. Cersei é uma puta mentirosa, e tem andado fodendo Lancel e Osmund Kettleblack e provavelmente até o Rapaz Lua, pelo que sei. E eu sou o monstro que todos dizem que sou. Sim, matei o seu abjeto filho. – Obrigou-se a sorrir. Devia ter sido uma visão hedionda, ali na escuridão iluminada pelo archote.

Jaime virou-se sem uma palavra e afastou-se.

Tyrion ficou vendo-o partir, com passos largos de suas pernas fortes, e parte de si desejou chamá-lo, dizer-lhe que não era verdade, implorar-lhe perdão. Mas então pensou em Tysha, e manteve o silêncio. Ficou à escuta dos passos que se afastavam até já não conseguir ouvi-los, e depois foi à procura de Varys, bamboleando-se.

O eunuco estava escondido na escuridão de uma escada em espiral, vestido com uma túnica marrom e comida pelas traças, com um capuz que escondia a palidez de seu rosto.

– Demorou tanto que temi que algo tivesse dado errado – disse ele quando viu Tyrion.

– Oh, não – sossegou-o Tyrion com veneno na voz. – O que poderia ter dado errado? – torceu a cabeça para trás, a fim de olhar para cima. – Mandei buscá-lo durante o julgamento.

– Não pude vir. A rainha tinha-me sob vigilância, noite e dia. Não me atrevi a ajudá-lo.

– Mas agora está me ajudando.

– Ah, estou? Ah. – Varys soltou um risinho. O som parecia estranhamente deslocado naquele lugar de pedra fria e escuridão cheia de ecos. – Seu irmão consegue ser muito persuasivo.

– Varys, você é tão frio e viscoso como uma lesma, alguém já lhe disse? Fez o melhor que pôde para me matar. Talvez eu devesse devolver o favor.

O eunuco suspirou.

– O cão fiel é chutado, e não importa o modo como a aranha tece a teia, nunca ninguém gosta dela. Mas se me matar aqui, temo por você, senhor. Pode nunca encontrar o caminho de volta à luz do dia. – Os olhos cintilaram à oscilante luz da tocha, escuros e úmidos. – Estes túneis estão cheios de armadilhas para os confiantes.

Tyrion fungou.

– Confiante? Sou o homem mais desconfiado dos Sete Reinos, você ajudou a garantir que assim fosse. – Esfregou o nariz. – Portanto diga-me, feiticeiro, onde está a minha inocente e donzela esposa?

– Não encontrei sinal da Senhora Sansa em Porto Real, lamento dizê-lo. Nem de Sor Dontos Hollard, o qual normalmente já teria aparecido bêbado em algum lugar, a essa altura. Foram vistos juntos na escada em espiral na noite em que ela desapareceu. Depois disso, nada. Houve muita confusão naquela noite. Meus passarinhos estão em silêncio. – Varys deu um leve puxão na manga do anão e puxou-o para a escada. – Senhor, temos de ir andando. Seu caminho é para baixo.

Ao menos isso não é mentira nenhuma. Tyrion bamboleou-se na pegada do eunuco, raspando com os calcanhares na pedra áspera à medida que iam descendo. Fazia muito frio na escadaria, um frio úmido de gelar os ossos que fez Tyrion começar a tremer imediatamente.

– Que parte das masmorras é esta? – perguntou.

– Maegor, o Cruel, decretou a construção de quatro pisos de masmorras para o seu castelo – respondeu Varys. – No piso superior, há celas grandes onde os criminosos comuns podem ser confinados juntos. Têm janelas estreitas, abertas no topo das paredes. O segundo piso tem as celas menores onde os cativos de nascimento elevado são mantidos. Não têm janelas, mas archotes nos corredores enviam luz suficiente através das barras. No terceiro piso as celas são menores e as portas são de madeira. São chamadas de celas negras. Foi em uma delas que foi mantido, bem como Eddard Stark antes de você. Mas há um piso ainda mais profundo. Uma vez que um homem seja levado para o quarto piso, não volta a ver o sol nem a ouvir vozes humanas nem a respirar sem estar sujeito a uma dor agonizante. Maegor mandou construir as celas do quarto piso para a tortura. – Tinham chegado ao fundo dos degraus. Uma porta não iluminada abria-se na sua frente. – Este é o quarto piso. Dê-me a mão, senhor. Aqui é mais seguro caminhar na escuridão. Há coisas que não desejaria ver.

Tyrion hesitou por um momento. Varys já o traíra uma vez. Quem saberia que tipo de jogo o eunuco estava jogando? E que local melhor para assassinar um homem do que no meio das trevas, num lugar que ninguém sabia que existia? Seu corpo podia nunca ser encontrado.

Por outro lado, que alternativa tinha? Subir as escadas e sair pelo portão principal? Não, isso não serviria.

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