– Eu era melhor do que você, Sor Loras. Era maior, era mais forte e era mais rápido.
– E agora é mais velho – disse o rapaz. – Senhor.
Teve de rir.
– Mais velho e mais sábio, sor. Devia aprender comigo.
– Tal como você aprendeu com Sor Boros e Sor Meryn?
Aquela flecha aproximou-se demais do alvo.
– Aprendi com Touro Branco e Barristan, o Ousado – disse bruscamente Jaime. – Aprendi com Sor Arthur Dayne, a Espada da Manhã, que conseguiria matar vocês cinco com a mão esquerda enquanto mijava com a direita. Aprendi com o Príncipe Lewyn de Dorne, com Sor Oswell Whent e Sor Jonothor Darry, todos eles homens bons.
– Todos eles homens mortos.
Assim como na esgrima, às vezes é melhor experimentar um golpe diferente.
– Dizem que lutou magnificamente na batalha... quase tão bem quanto o fantasma de Lorde Renly ao seu lado. Um Irmão Juramentado não tem segredos para com o Senhor Comandante. Diga-me, sor. Quem estava usando a armadura de Renly?
Por um momento Loras Tyrell pareceu poder recusar-se a responder, mas por fim lembrou-se de seus votos.
– Meu irmão – disse, de mau humor. – Renly era mais alto do que eu, e mais largo de peito. A armadura dele ficava folgada em mim, mas servia bem a Garlan.
– A mascarada foi ideia sua ou dele?
– Foi Lorde Mindinho quem a sugeriu. Ele disse que assustaria os ignorantes homens de armas de Stannis.
– E assustou-os.
– Enterrei-o com minhas próprias mãos, num lugar que me mostrou um dia quando eu era escudeiro em Ponta Tempestade. Nunca ninguém o encontrará lá para perturbar o seu descanso. – Olhou para Jaime em desafio. – Protegerei o Rei Tommen com todas as minhas forças, juro. Darei a minha vida pela dele se for necessário. Mas nunca trairei Renly por palavras ou por atos. Ele era o rei que devia ter sido. Era o melhor de todos.
– Como queira. Mais uma coisa e poderá voltar aos seus deveres.
– Sim, senhor?
– Ainda tenho Brienne de Tarth numa cela de torre.
A boca do rapaz endureceu.
– Uma cela negra seria melhor.
– Está certo de que é isso que ela merece?
– Ela merece a morte. Eu disse a Renly que uma mulher não tinha lugar na Guarda Arco-Íris. Ela ganhou o corpo a corpo com um truque.
– Acho que me recordo de um outro cavaleiro que gostava de truques. Uma vez montou uma égua no cio contra um oponente montado num garanhão de mau temperamento. Que tipo de truque usou Brienne?
Sor Loras corou.
– Ela saltou... não importa. Ganhou, concedo-lhe isso. Sua Graça pôs um manto arco-íris em seus ombros. E ela matou-o. Ou deixou-o morrer.
– Há aí uma grande diferença. –
– Ela tinha jurado protegê-lo. Sor Emmon Cuy, Sor Robar Royce, Sor Parmen Crane, eles também tinham jurado. Como poderia alguém atingi-lo com ela dentro da tenda e os outros à porta? A menos que participassem do ato.
– Havia cinco de vocês no banquete de casamento – ressaltou Jaime. – Como pôde Joffrey morrer? A menos que participassem do ato?
Sor Loras endireitou-se rigidamente.
– Não houve nada que pudéssemos fazer.
– A garota diz o mesmo. Ela chora por Renly, tal como você. Garanto-lhe que nunca chorei por Aerys. Brienne é feia e teimosa como um jumento. Mas falta-lhe a esperteza para ser uma mentirosa, e é leal para lá do bom senso. Prestou um juramento de me trazer para Porto Real, e aqui estou eu. Esta mão que perdi... bem, isso foi tanto obra minha como dela. Pesando tudo o que fez para me proteger, não tenho qualquer dúvida de que teria lutado por Renly, se tivesse havido um inimigo com quem lutar. Mas uma sombra? – Jaime sacudiu a cabeça. – Puxe a espada, Sor Loras. Mostre-me como
Sor Loras não fez qualquer movimento para se erguer.