Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Ela raramente se aventurava até o convés. Sua pequena cabine era úmida e fria, mas Sansa passara a maior parte da viagem doente... doente de terror, doente de febre, ou doente de enjoo... Não conseguia manter nada no estômago e até o sono custava a vir. Sempre que fechava os olhos via Joffrey rasgando o colarinho, arranhando a suave pele da garganta, morrendo com flocos de crosta de torta nos lábios e manchas de vinho no gibão. E os lamentos do vento no cordame faziam-lhe lembrar o terrível e agudo som de sugar que ele tinha feito enquanto lutava para inspirar ar. Às vezes sonhava também com Tyrion.

– Ele não fez nada – tinha dito ao Mindinho quando ele fez uma visita à sua cabine para ver se ela estava se sentindo melhor.

– Ele não matou Joffrey, é verdade, mas as mãos do anão estão longe de estar limpas. Teve uma esposa antes de você, sabia?

– Ele contou-me.

– E ele contou que, quando se cansou dela, deu-a de presente aos guardas do pai? Podia ter feito o mesmo com você, a seu tempo. Não derrame lágrimas pelo Duende, senhora.

O vento fez correr dedos salgados por seus cabelos, e Sansa estremeceu. Até tão perto da costa, o balanço do barco deixava seu estômago indisposto. Precisava desesperadamente de um banho e de uma muda de roupa. Devo parecer tão descomposta como um cadáver, e cheiro a vômito.

Lorde Petyr surgiu a seu lado, alegre como sempre.

– Bom dia. O ar salgado é tonificante, não lhe parece? Aguça-me sempre o apetite. – Rodeou seus ombros com um braço compreensivo. – Está bem? Parece tão pálida.

– É só a minha barriga. O enjoo.

– Um pouco de vinho será bom para isso. Vamos arranjar uma taça para você, assim que estivermos em terra firme. – Petyr apontou para o local onde uma velha torre de pederneira se delineava contra o céu cinzento sem vida, com as ondas se esmagando nas rochas abaixo dela. – Animado, não é? Temo que aqui não haja ancoradouro seguro. Iremos para a terra num bote.

– Aqui? – não queria ir para a terra ali. Tinha ouvido dizer que os Dedos eram um lugar lúgubre, e havia algo de abandonado e desolado na pequena torre. – Não podia ficar no navio até zarparmos para Porto Branco?

– Daqui, o Rei vira para leste rumo a Bravos. Sem nós.

– Mas... senhor, disse... disse que íamos para casa.

– E aqui está ela, por mais miserável que seja. A minha casa ancestral. Temo que não tenha nome. A sede de um grande senhor devia ter um nome, não concorda? Winterfell, Ninho da Águia, Correrrio, esses são castelos. Agora Senhor de Harrenhal, isso soa bem, mas o que era eu antes? Senhor da Bosta de Ovelha e dono do Forte Triste? Falta alguma coisa aí. – Seus olhos cinza-esverdeados olharam-na inocentemente. – Parece perturbada. Achava que nos dirigíamos a Winterfell, querida? Winterfell foi tomado, queimado e saqueado. Todos os que conhecia e amava estão mortos. Os nortenhos que não caíram perante os homens de ferro estão fazendo guerra entre si. Até a Muralha está sob ataque. Winterfell foi o lar de sua infância, Sansa, mas já não é uma criança. É uma mulher-feita, e tem de criar o seu lar.

– Mas não aqui – disse ela, consternada. – Parece tão...

– ... pequeno, sem vida e insignificante? É tudo isso, e ainda pior. Os Dedos são um lugar adorável para quem por acaso for uma pedra. Mas nada tema, não nos demoraremos mais do que uma quinzena. Calculo que a sua tia já esteja a caminho para nos encontrar. – Sorriu. – A Senhora Lysa e eu vamos nos casar.

– Casar? – Sansa estava atordoada. – O senhor e a minha tia?

– O Senhor de Harrenhal e a Senhora do Ninho da Águia.

Disse que era a minha mãe que amava. Mas claro que a Senhora Catelyn estava morta, por isso, mesmo se tivesse amado secretamente Petyr e se lhe tivesse entregado a virgindade, agora não importava.

– Tão silenciosa, senhora – disse Petyr. – Estava certo de que gostaria de me dar a sua bênção. É coisa rara que um rapaz nascido para herdar pedras e cocozinhos de ovelha se case com a filha de Hoster Tully e viúva de Jon Arryn.

– Eu... eu rezo para que passem longos anos juntos, tenham muitos filhos e sejam muito felizes um com o outro. – Tinham-se passado anos desde que Sansa vira a irmã da mãe. Ela será gentil comigo, certamente. É do meu sangue. E o Vale de Arryn era belo, todas as canções diziam isso. Talvez não fosse assim tão terrível ficar ali durante algum tempo.

Lothor e o velho Oswell assumiram os remos e levaram-nos para terra. Sansa aconchegou-se à proa sob o seu manto com o capuz puxado para proteger a cabeça do vento, interrogando-se sobre o que a esperava. Criados saíram da torre ao encontro do grupo; uma velha magra e uma gorda de meia-idade, dois anciãos de cabelos brancos e uma menina com dois ou três anos e terçol num olho. Quando reconheceram Lorde Petyr, ajoelharam-se nas pedras.

Перейти на страницу:
Нет соединения с сервером, попробуйте зайти чуть позже