Читаем A Tormenta de Espadas полностью

– Estiveram agitados enquanto esteve fora, khaleesi – disse-lhe Irri. – Viserion arrancou lascas da porta com as garras, vê? E Drogon tentou escapar quando os feitores vieram vê-los. Quando agarrei sua cauda para detê-lo, ele se virou e me mordeu. – Mostrou a Dany as marcas dos dentes do dragão em sua mão.

– Algum deles tentou libertar-se pelo fogo? – isso era o que mais assustava Dany.

– Não, khaleesi. Drogon soltou seu fogo, mas para o ar. Os negociantes de escravos tiveram medo de se aproximar dele.

Beijou a mão de Irri no local onde Drogon a mordera.

– Sinto muito que ele a tenha machucado. Os dragões não foram feitos para ficar trancados numa pequena cabine de navio.

– Nisso, os dragões são como os cavalos – disse Irri. – E também como os cavaleiros. Os cavalos relincham lá embaixo, khaleesi, e dão coices nas paredes de madeira. Eu ouço. E Jhiqui diz que as velhas e os pequenos também gritam quando não está aqui. Não gostam desta carroça de água. Não gostam do negro mar salgado.

– Eu sei – disse Dany. – Sei mesmo.

– A minha khaleesi está triste?

– Sim – admitiu Dany. Triste e perdida.

– Deverei dar prazer à khaleesi?

Dany afastou-se dela.

– Não. Irri, não precisa fazer isso. O que aconteceu naquela noite, quando você acordou... não é escrava de cama, eu libertei-a, lembra? Você...

– Sou aia da Mãe de Dragões – disse a moça. – É uma grande honra dar prazer à minha khaleesi.

– Eu não quero – insistiu Dany. – Não quero. – Virou-se num movimento brusco. – Agora deixe-me. Quero ficar sozinha. Para pensar.

A escuridão tinha começado a cair sobre as águas da Baía dos Escravos quando Dany voltou ao convés. Parou junto à amurada e olhou para Astapor. Daqui parece quase bela, pensou. As estrelas estavam aparecendo, no céu, e as lanternas de seda também, na terra, tal como a tradutora de Kraznys prometera. As pirâmides de tijolo tremeluziam com a luz. Mas embaixo está escuro, nas ruas, praças e arenas de luta. E onde a escuridão é maior é nas casernas, onde algum garotinho está dando restos de comida a um cachorro que lhe deram quando roubaram sua virilidade.

Houve um passo suave atrás dela.

Khaleesi. – A voz dele. – Posso falar com franqueza?

Dany não se virou. Não conseguia suportar olhá-lo naquele momento. Se o fizesse, poderia voltar a estapeá-lo. Ou chorar. Ou beijá-lo. E não chegar a saber o que era certo, o que era errado e o que era uma loucura.

– Diga o que quiser, sor.

– Quando Aegon, o Dragão, pisou na costa de Westeros, os Reis do Vale, do Rochedo e da Campina não correram para lhe entregar suas coroas. Se quer se sentar no seu Trono de Ferro, terá de conquistá-lo, tal como ele fez, com aço e fogo de dragão. E isso significa ter sangue nas mãos antes de tudo acabar.

Sangue e fogo, pensou Dany. As palavras da Casa Targaryen. Conhecera-as por toda a vida.

– Derramarei com satisfação o sangue de meus inimigos. O sangue de inocentes é outra coisa. Querem me oferecer oito mil Imaculados. Oito mil bebês mortos. Oito mil cães estrangulados.

– Vossa Graça – disse Jorah Mormont –, eu vi Porto Real depois do Saque. Também foram massacrados bebês nesse dia, e também velhos e crianças que brincavam. Foram violadas mais mulheres do que é possível contar. Há um animal selvagem em todos os homens, e quando se dá a esse homem uma espada ou uma lança e esse homem é enviado para a guerra, o animal acorda. O cheiro de sangue é o suficiente para acordá-lo. Mas nunca ouvi dizer que esses Imaculados tivessem violado, ou dizimado uma cidade com a espada, ou sequer saqueado, exceto por ordem expressa daqueles que os lideravam. Até podem ser de tijolo, como diz, mas se os comprar, daqui em diante os únicos cães que matarão serão aqueles que a senhora quiser mortos. E, se bem me lembro, a senhora tem alguns cães que quer ver mortos.

Os cães do Usurpador.

– Sim. – Dany fitou as suaves luzes coloridas e permitiu que a fresca brisa salgada a acariciasse. – Fala de saquear cidades. Responda-me uma coisa, sor: por que os dothraki nunca saquearam esta cidade? – apontou. – Olhe para as muralhas. É possível ver onde já começaram a ruir. Ali e ali. Vê algum guarda naquelas torres? Eu não. Estarão escondidos, sor? Vi hoje esses filhos da harpia, todos os seus orgulhosos guerreiros de alto nascimento. Vestem-se com saia de linho, e a coisa mais feroz neles era os cabelos. Até um khalasar modesto conseguiria rachar esta Astapor como uma noz e derramar seu conteúdo podre. Diga-me, portanto, por que é que aquela feia harpia não está às margens do caminho dos deuses em Vaes Dothrak entre os outros deuses roubados?

– Possui um olho de dragão, khaleesi, vê-se isso claramente.

– Quero uma resposta, não um elogio.

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