Читаем A Fúria dos Reis полностью

Apesar do nome, Pequeno Walder era alto e troncudo, com uma cara vermelha e uma grande barriga redonda. Já Grande Walder tinha feições angulosas, era magro, e quinze centímetros mais baixo.

– Ele é cinquenta e dois dias mais velho que eu – explicou Pequeno Walder –, e por isso, a princípio, era maior, mas eu cresci mais depressa.

– Nós somos primos, não irmãos – acrescentou Grande Walder, o menor. – Eu sou Walder, filho de Jammos. Meu pai é filho de Lorde Walder e da sua quarta esposa. Ele é Walder, filho de Merrett. A avó dele era a terceira esposa de Lorde Walder, a Crakehall. Ele está na minha frente na linha de sucessão, apesar de eu ser mais velho.

– Só por cinquenta e dois dias – retrucou Pequeno Walder. – E nenhum de nós jamais ficará com as Gêmeas, seu estúpido.

– Eu ficarei – declarou Grande Walder. – E não somos os únicos Walder. Sor Stevron tem um neto, Walder Negro, que é o quarto na linha de sucessão; e há o Walder Vermelho, filho de Sor Emmon; e Walder Bastardo, que não está na linha. Chama-se Walder Rivers, e não Walder Frey. Além disso, há meninas chamadas Walda.

– E o Tyr. Você esquece sempre do Tyr.

– Ele é Waltyr, não Walder – Grande Walder respondeu com rapidez. – E está depois de nós, portanto não importa. Seja como for, nunca gostei dele.

Sor Rodrik decretou que os protegidos dividiriam o antigo quarto de Jon Snow, já que este estava na Patrulha da Noite e nunca voltaria. Bran detestou a ideia; sentia que era como se os Frey estivessem roubando o lugar de Jon.

Bran observava, tristonho, enquanto os Walder lutavam com Nabo, o filho do cozinheiro, e as filhas de Joseth, Bandy e Shyra. Os donos do jogo tinham decretado que Bran seria o juiz e decidiria se os jogadores tinham dito “talvez”, mas, assim que começaram a jogar, esqueceram-no por completo.

Os ruídos e espirros d’água em breve atraíram outros: Palla, a moça do canil; o filho de Cayn, Calon; e também Tom, cujo pai, Gordo Tom, tinha morrido com o pai de Bran em Porto Real. Não demorou muito tempo até ficarem todos encharcados e enlameados. Palla estava marrom da cabeça aos pés, com musgo no cabelo, sem fôlego, de tanto rir. Bran não ouvia tantas gargalhadas desde a noite em que chegara o corvo ensanguentado. Se tivesse as minhas pernas, atiraria todos na água, pensou amargamente. Ninguém seria senhor da travessia, a não ser eu.

Por fim, Rickon chegou correndo ao bosque sagrado, com Cão Felpudo logo atrás. Ficou vendo Nabo e o Pequeno Walder lutarem pelo bastão, até que Nabo se desequilibrou e caiu, provocando um grande esguicho de água, balançando os braços. Rickon gritou:

– Eu! Agora eu! Quero jogar! – Pequeno Walder fez sinal para ele subir, e Cão Felpudo começou a segui-lo. – Não, Felpudo – mandou o irmão. – Os lobos não podem brincar. Fica com Bran.

E o lobo ficou…

… até o momento em que o Pequeno Walder bateu com o bastão em Rickon, bem em cheio, na barriga. Antes que Bran piscasse os olhos, o lobo negro voou sobre a prancha. Havia sangue na água, e os Walder guinchavam como se fosse o fim do mundo. Rickon sentou-se na lama, rindo, e Hodor chegou pisando pesado, gritando “Hodor! Hodor! Hodor!”.

Depois daquilo, estranhamente, Rickon decidiu que gostava dos Walder. Não voltaram a brincar de senhor da travessia, mas jogavam outros jogos – monstros e donzelas, gatos e ratos, entra-no-meu-castelo, todo o tipo de coisas. Com Rickon a seu lado, os Walder saqueavam as cozinhas em busca de tortas e favos de mel, faziam corridas em volta das muralhas, atiravam ossos aos cachorros nos canis e treinavam com espadas de madeira sob o olhar atento de Sor Rodrik. Rickon até lhes mostrou as profundas abóbadas debaixo da terra onde o pedreiro esculpia a sepultura do pai.

– Você não tinha o direito! – gritou Bran ao irmão quando soube. – Aquele lugar é nosso, dos Stark!

Mas Rickon não tinha se importado.

A porta do seu quarto abriu-se. Meistre Luwin entrou, carregando um bule verde, e desta vez Osha e Hayhead vinham com ele.

– Fiz uma poção para você dormir, Bran.

Osha pegou-o com seus braços ossudos. Era muito alta para uma mulher, e forte como metal, e o levou sem esforço para a cama.

– Isto vai lhe dar um sono sem sonhos – disse Meistre Luwin, tirando a rolha do bule. – Um bom sono sem sonhos.

– Vai? – Bran perguntou, querendo acreditar.

– Sim. Beba.

Bran bebeu. A poção era espessa e calcária, mas continha mel, e desceu facilmente.

– Quando chegar a manhã, vai se sentir melhor.

Luwin deu a Bran um sorriso e uma palmadinha antes de se retirar.

Osha ficou por ali.

– São os sonhos do lobo de novo?

Bran confirmou com a cabeça.

– Não devia lutar tanto, rapaz. Vejo você falando com a árvore-coração. Talvez os deuses estejam tentando responder.

– Os deuses? – ele murmurou, já sonolento. A cara de Osha ficou embaçada e cinzenta. Um bom sono sem sonhos, Bran pensou.

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