Читаем A Fúria dos Reis полностью

– Os Frey são protegidos da senhora sua mãe e foram mandados para cá para serem criados sob ordens expressas dela. Não cabe a você expulsá-los, nem seria educado fazer isso. Se os mandássemos embora, para onde iriam?

– Para casa. É culpa deles que não me deixe ter o Verão.

– O garoto Frey não pediu para ser atacado – respondeu o meistre –, e eu também não.

– Mas isso foi o Cão Felpudo – o grande lobo negro de Rickon era tão selvagem que às vezes assustava até Bran. –Verão nunca mordeu ninguém.

– Verão rasgou a garganta de um homem neste exato aposento, ou será que você se esqueceu? A verdade é que esses adoráveis filhotes que você e seus irmãos encontraram na neve cresceram e se transformaram em animais perigosos. Os rapazes Frey são sensatos por terem cuidado com eles.

– Deveríamos pôr os Walder no bosque sagrado. Poderiam brincar de senhor da travessia o quanto quisessem, e Verão poderia voltar a dormir comigo. Se eu sou o príncipe, por que não me obedece? Quis montar a Dançarina, mas Alebelly não me deixou atravessar o portão.

– E com razão. A mata de lobos está cheia de perigos. Sua última cavalgada deveria lhe ter ensinado isso. Gostaria que algum fora da lei o capturasse e o vendesse aos Lannister?

– Verão me salvaria – Bran insistiu teimosamente. – Os príncipes deviam ser autorizados a velejar pelos mares, a caçar javalis na mata de lobos e a justar com lanças.

– Bran, meu filho, por que se aflige assim? Um dia poderá fazer algumas dessas coisas, mas agora é apenas um garoto de oito anos.

– Preferia ser um lobo. Assim, eu poderia viver na floresta e dormir quando quisesse, e poderia encontrar Arya e Sansa. Farejaria onde elas estavam e iria salvá-las, e quando Robb partisse para a batalha, lutaria a seu lado, como Vento Cinzento. Rasgaria a garganta do Regicida com os dentes, zás, e depois a guerra chegaria ao fim e todo mundo voltaria a Winterfell. Se eu fosse um lobo… – o menino voltou a uivar. – Uuu-uu-uuuuuuuuuuuu.

Luwin levantou a voz.

– Um verdadeiro príncipe daria as boas-vindas…

AAHUUUUUU – Bran uivou, com mais força. – UUUUUUU-UUUUUU.

O meistre se rendeu:

– Como quiser, menino – com um olhar que era em parte tristeza e em parte aborrecimento, saiu do quarto.

Uivar perdeu a graça depois que Bran ficou sozinho. Algum tempo depois, aquietou-se. Eu dei as boas-vindas a eles, disse a si mesmo, com ressentimento. Fui senhor de Winterfell, um verdadeiro senhor, ele não pode dizer que não. Quando os Walder tinham chegado das Gêmeas, fora Rickon quem quis que fossem embora. Rickon, um garotinho de quatro anos, gritou que queria a mãe, o pai e Robb, não aqueles estranhos. Bran teve de acalmá-lo e desejar as boas-vindas aos Frey. Ofereceu-lhes comida e bebida, e uma cadeira junto ao fogo, e até Meistre Luwin dissera, depois, que ele se portara bem.

Só que isso tinha sido antes do jogo.

Para o jogo, eram necessários um tronco, um bastão, um curso d’água e muitos gritos. A água era o mais importante, asseguraram Walder e Walder a Bran. Podia-se usar uma prancha, ou até uma série de pedras, e um galho podia servir de bastão. Não era preciso gritar. Mas, sem água, não havia jogo. Como Meistre Luwin e Sor Rodrik não iam deixar as crianças vaguear pela mata de lobos em busca de um riacho, tinham de se virar com uma das lagoas sombrias que havia no bosque sagrado. Walder e Walder nunca antes tinham visto água quente sair do chão borbulhando, mas ambos acharam que tornaria o jogo ainda melhor.

Ambos se chamavam Walder Frey. O Grande Walder dizia que havia vários Walder nas Gêmeas, todos batizados em homenagem ao avô dos rapazes, Lorde Walder Frey.

– Em Winterfell, temos os nossos nomes – disse-lhes Rickon, com altivez, quando ouviu a história.

Para jogar, punha-se o tronco atravessando a água e um jogador ia para o meio com o bastão. Era o senhor da travessia, e, quando um dos outros jogadores se aproximava, ele tinha de dizer: “Eu sou o senhor da travessia, quem vem lá?”. E o outro jogador tinha de inventar um discurso sobre quem era e o motivo pelo qual devia ser autorizado a atravessar. O senhor podia obrigá-los a prestar juramento e a responder a perguntas. Não tinham de dizer a verdade, mas os juramentos deviam ser cumpridos, a não ser que incluíssem a palavra “talvez”. Portanto, o truque era dizer essa palavra sem que o senhor da travessia notasse. Então, podia-se tentar atirá-lo na água, e quem conseguisse passaria a ser o senhor da travessia, mas só se tivesse dito “talvez”. Caso contrário, ficaria fora do jogo. O senhor podia atirar qualquer um na água sempre que quisesse, e era o único que podia usar um bastão.

Na prática, o jogo parecia resumir-se a empurrões, pancadas e quedas na água, acompanhados de sonoras discussões sobre se alguém tinha ou não dito “talvez”. Normalmente, era o Pequeno Walder o senhor da travessia.

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