– Viserys. O último filho do Rei Louco Aerys. Esteve andando pelas Cidades Livres desde antes do meu nascimento, chamando a si próprio rei. Bem, a mãe diz que os dothrakis finalmente o coroaram. Com ouro derretido – soltou uma gargalhada. – É engraçado, não é? O dragão era o seu símbolo. É quase tão bom como se um lobo qualquer matasse o traidor do seu irmão. Talvez eu o dê de comida aos lobos depois de capturá-lo. Já lhe disse que pretendo desafiá-lo para um duelo?
– Gostaria de assistir a isso, Vossa Graça –
O rei franziu a testa.
– A senhora minha mãe disse que não seria adequado, pois o torneio é em minha honra. De outro modo, eu seria o campeão. Não é verdade, Cão?
A boca do Cão de Caça retorceu-se.
– Contra esses aí? E por que não?
Sansa lembrou-se de que
– Irá competir hoje, senhor? – ela lhe perguntou.
A voz de Clegane soou repleta de desprezo.
– Nem valeria o esforço de me armar. Isto é um torneio de mosquitos.
O rei soltou uma gargalhada.
– Meu cão ladra ferozmente. Talvez eu deva lhe ordenar que combata o campeão do dia. Até a morte – Joffrey gostava de obrigar os homens a lutar até a morte.
– Ficaria com um cavaleiro a menos.
Cão de Caça nunca tinha prestado juramento de cavalaria. O irmão era um cavaleiro, e ele o odiava.
Soou um toque de trombeta. O rei voltou a se instalar na sua cadeira e tomou a mão de Sansa na sua. Em outros tempos, aquilo teria feito seu coração disparar, mas isso havia sido antes de ele ter respondido à sua súplica por misericórdia apresentando-lhe a cabeça do pai. Agora, aquele toque enchia-a de repulsa, mas sabia que não devia demonstrá-la. Obrigou-se a ficar sentada, muito quieta.
–
Sor Meryn entrou, vindo do lado ocidental do pátio, usando uma placa de cintilante aço branco com filetes dourados, montando um cavalo branco leitoso com uma crina cinza esvoaçante. O manto fluía atrás dele como um campo de neve. Portava uma lança de três metros e meio.
–
A um sinal do mestre das festividades, os combatentes assentaram as lanças e esporearam as montarias. Ouviram-se gritos vindos da assistência de guardas e de senhores e senhoras na galeria. Os cavaleiros chocaram-se no centro do pátio com um grande estrondo de madeira e aço. As lanças branca e a listrada explodiram em lascas com um segundo de diferença uma da outra. Hobber Redwyne oscilou com o impacto, mas de algum modo conseguiu se manter montado. Dando a volta com os cavalos na extremidade da arena, os cavaleiros jogaram fora as lanças quebradas e receberam substitutas das mãos dos escudeiros. Sor Horas Redwyne, irmão gêmeo de Sor Hobber, gritou incentivos ao irmão.
Mas, na segunda passagem, Sor Meryn balançou a ponta da sua lança para atingir Sor Hobber no peito, derrubando-o da sela e fazendo-o estatelar-se com um retumbante estrondo no chão. Sor Horas soltou uma praga e correu para ajudar o irmão exaurido a sair do campo.
– Cavalo mal montado – Rei Joffrey declarou.
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– Olhe para aquele arrivista imbecil – exclamou Joff, alto o suficiente para que metade do pátio o ouvisse. Morros, um mero escudeiro, e ainda por cima novato nessa posição, tinha dificuldade em manejar a lança e o escudo. Sansa sabia que a lança era uma arma de cavaleiro, e os Slynt eram homens de baixo nascimento. Lorde Janos não havia sido mais do que comandante da Patrulha da Cidade antes de Joffrey tê-lo trazido para o conselho e lhe ter dado Harrenhal.