Tínhamos atravessado Streatham, Brixton, Camberwell, e agora estávamos em Kennington Lane, que tínhamos alcançado pelas ruas a leste do Oval. Os homens que perseguíamos pareciam ter feito um caminho em ziguezague; provavelmente para não chamarem atenção. Em nenhum momento seguiram pela rua principal quando havia uma rua paralela secundária que pudesse servir. Ao pé de Kennington Lane viraram à esquerda para Bond Street e Miles Street. No lugar onde esta rua passa a ser Knight’s Place,
– O que é que o cão tem? – resmungou Holmes.
– Eles certamente não tomaram um cabriolé, nem foram embora num balão.
– Talvez tenham parado aqui durante algum tempo – eu sugeri.
– Ali, está bem, ele já descobriu a pista outra vez – disse o meu companheiro em tom de alívio.
De fato, depois de fungar em volta novamente, ele se decidiu e partiu de repente com uma energia e uma disposição que ainda não tinha mostrado. O cheiro parecia agora ainda mais forte porque ele nem precisava farejar o chão, mas deu um puxão na corda e saiu correndo. Eu podia ver pelo brilho dos olhos de Holmes que ele achava que estávamos nos aproximando do fim da nossa jornada. Passamos por Nine Elms e chegamos ao depósito de madeira de Broderick e Nelson, logo depois da taberna White Eagle.
Foi então que o cachorro, frenético de excitação, voltou-se para o cercado onde os serradores já estavam trabalhando.
Os aros do barril e as rodas do carrinho tinham sido untadas com alcatrão e o ar estava impregnado do cheiro. Sherlock e eu olhamos desconsolados um para o outro e explodimos ao mesmo tempo numa gargalhada incontrolável.
Capítulo 8
os auxiliares de baker street
E
– Ele agiu de acordo com as instruções que recebeu – disse Holmes, tirando-o de cima do barril e levando-o para fora do depósito. – Se lembrarmos a quantidade de alcatrão transportada em carroças em Londres diariamente, não é de admirar que o nosso rastro tenha sido atravessado por outro. É muito usado agora, principalmente para secar a madeira. O pobre
Temos que voltar ao rastro primitivo, suponho.
– Temos – disse Holmes – e felizmente não é muito longe. Evidentemente, o que confundiu o cachorro na esquina de Knight’s Place foi que havia dois rastros indo em direções opostas. Seguimos o caminho errado. Só nos resta seguir o outro.
Não houve dificuldade. No local em que se enganara,
– Espero que agora ele não nos leve ao lugar de onde veio o barril – observei.
– Já tinha pensado nisso. Mas repare que ele vai pela calçada e o barril só podia ir pelo meio da rua. Agora estamos no caminho certo.
– Estamos sem sorte – disse Holmes. – Pegaram um bote aqui.
Havia vários botes e lanchas por ali. Levamos
Perto do tosco embarcadouro havia uma casa pequena de tijolos com uma placa de madeira pendurada na segunda janela, na qual estava escrito em grandes letras
– As coisas não vão bem. Estes malandros são muito mais espertos do que eu esperava. Parece que esconderam as suas pistas. Receio que tenha havido algum arranjo prévio por aqui.
Ele estava se aproximando da porta da casa quando ela se abriu e um menino de 6 anos, de cabelos encaracolados, saiu correndo, seguido por uma mulher gorda e corada com uma grande esponja na mão, que gritava:
– Vem cá, Jack. Deixa eu te limpar. Vem cá, filhinho. Se teu pai chega e te vê assim, vamos ter de ouvir sermão.
– Oh, amiguinho – disse Holmes espertamente.