Por um momento, Arya não soube como responder. Tivera tantos nomes. Teria apenas sonhado com Arya Stark?
– Sou uma menina – fungou. – Fui copeira de Lorde Bolton, mas ele ia me deixar com o bode, e por isso fugi com Gendry e Torta Quente. Você
Os olhos do homem esbugalharam-se.
– Pela bondade dos deuses – disse, numa voz estrangulada. – Arya Debaixo-dos-Pés? Limo, largue-a.
– Ela quebrou meu nariz. – Limo largou-a sem cerimônia no chão. – Quem, com os sete infernos, é que ela deveria ser?
– A filha do Mão. – Harwin ajoelhou-se diante dela. – Arya Stark, de Winterfell.
CATELYN
R
O filho voltara a Correrrio, e Vento Cinzento vinha com ele. Só o cheiro do grande lobo gigante cinza podia deixar os cães em tamanho frenesi de ganidos e latidos.
Já chovia havia dias, um dilúvio frio e cinzento que se ajustava ao estado de espírito de Catelyn. O pai ia ficando mais fraco e mais delirante a cada dia que passava, acordando apenas para murmurar “Tanásia” e pedir perdão. Edmure evitava-a, e Sor Desmond Grell ainda lhe negava a liberdade de castelo, por mais infeliz que isso parecesse deixá-lo. Só o regresso de Sor Robin Ryger e seus homens, de pés cansados e ensopados até os ossos, servira para aliviar seu espírito. Ao que parecia, tinham voltado a pé. De algum modo, o Regicida tinha conseguido afundar a galé e escapar, confidenciara-lhe o Meistre Vyman. Catelyn perguntou se podia falar com Sor Robin, para saber melhor o que tinha acontecido, mas isso foi-lhe recusado.
Algo mais estava errado. No dia em que o irmão voltara, algumas horas depois da discussão com ele, ouvira vozes iradas vindas do pátio, embaixo. Quando ela subiu ao telhado para ver o que se passava, havia grupos de homens reunidos do outro lado do castelo, junto ao portão principal. Cavalos estavam sendo trazidos dos estábulos, selados e ajaezados, e havia gritos, embora Catelyn estivesse distante demais para discernir as palavras. Um dos estandartes brancos de Robb jazia no chão, e um dos cavaleiros tinha dado a volta com o cavalo e pisoteado o lobo gigante ao esporear a montaria na direção do portão. Vários dos outros fizeram o mesmo.
Não retornaram. E Meistre Vyman também não queria lhe dizer quem tinham sido, para onde tinham ido ou o que os deixara tão zangados.
– Estou aqui para cuidar do seu pai, e só para isso, senhora – dizia. – Seu irmão em breve será Senhor de Correrrio. O que ele quiser que você saiba será dito por ele.
Mas agora Robb voltara do oeste, retornava em triunfo.
Quando Sor Desmond veio buscá-la, já tinha tomado banho, se vestido e escovado seus cabelos ruivos.
– O Rei Robb retornou do oeste, senhora – disse o cavaleiro –, e ordena que a senhora compareça perante ele no Grande Salão.
Era o momento com que sonhara e que temera.
O salão estava cheio de gente quando entrou. Todos os olhos estavam postos no estrado, mas Catelyn conhecia as costas: a cota de malha remendada da Senhora Mormont, o Grande-Jon e seu filho, erguendo-se acima de todas as outras cabeças no salão, Lorde Jason Mallister, de cabelos brancos, com o elmo alado debaixo do braço, Tytos Blackwood com seu magnífico manto de penas de corvo...