Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Davos não queria deixá-lo assim.

– Salla...

. Ou melhor, fique, mas se é para ir, vá.

E foi.

A caminhada desde o Farta Colheita até os portões de Pedra do Dragão foi longa e solitária. As ruas junto às docas onde soldados, marinheiros e pessoas simples outrora se aglomeravam encontravam-se vazias e desertas. Por onde antes caminhara entre porcos grunhindo e crianças nuas, fugiam agora ratazanas. Suas pernas, sob seu corpo, pareciam feitas de pudim, e por três vezes a tosse torturou-o de tal modo que teve de parar a fim de descansar. Ninguém veio ajudá-lo, ninguém sequer espiou por uma janela para ver o que se passava. As janelas estavam fechadas, as portas trancadas e mais da metade das casas ostentava algum sinal de luto. Milhares subiram a Torrente da Água Negra, e centenas retornaram, refletiu Davos. Meus filhos não morreram sós. Que a Mãe tenha piedade de todos eles.

Ao chegar aos portões do castelo, encontrou-os também fechados. Davos bateu com o punho na madeira reforçada com ferro. Quando não obteve resposta, chutou-a, uma e mais outra vez. Por fim, um besteiro surgiu no topo da barbacã, espreitando para baixo, entre duas grandes gárgulas.

– Quem vem lá?

Davos ergueu a cabeça e pôs as mãos em volta da boca.

– Sor Davos Seaworth, para falar com Sua Graça.

– Está bêbado? Vá embora e pare de bater.

Salladhor Saan prevenira-o. Davos tentou outra linha de ação.

– Então mande chamar meu filho. Devan, o escudeiro do rei.

O guarda franziu a testa.

– Quem você disse que era?

– Davos – gritou –, o cavaleiro das cebolas.

A cabeça desapareceu, voltando um momento mais tarde.

– Desapareça. O cavaleiro das cebolas morreu no rio. O navio dele queimou.

– O navio dele queimou – concordou Davos –, mas ele sobreviveu, e está aqui. Jate ainda é capitão do portão?

– Quem?

– Jate Blackberry. Ele me conhece bastante bem.

– Nunca ouvi falar. O mais certo é que esteja morto.

– Então Lorde Chyttering.

– Esse conheço. Ardeu na Água Negra.

– Will Cara-de-Anzol? Hal, o Porco?

– Morto e morto – disse o besteiro, mas seu rosto traiu uma súbita dúvida. – Espere aqui. – Voltou a desaparecer.

Davos esperou. Morreram, morreram todos, pensou, entorpecido, lembrando-se de como a barriga branca do gordo Hal se mostrava sempre por baixo de seu gibão manchado de gordura, da longa cicatriz que o anzol deixara no rosto de Will, do modo como Jate costumava tirar o chapéu para as mulheres, tivessem elas cinco ou cinquenta anos, fossem bem ou mal-nascidas. Afogados ou queimados, com meus filhos e outros mil, desaparecidos para fazer um rei no inferno.

De repente, o besteiro regressou.

– Dê a volta até a porta de surtida, e vão deixá-lo entrar.

Davos fez o que lhe foi pedido. Os guardas que o admitiram eram estranhos para ele. Transportavam lanças e, no peito, usavam o símbolo da raposa e das flores da Casa Florent. Escoltaram-no não para o Tambor de Pedra, como esperava, mas fizeram-no passar sob o arco da Cauda do Dragão e através do Jardim de Aegon.

– Espere aqui – disse-lhe o sargento.

– Sua Graça sabe que eu voltei? – perguntou Davos.

– Sei lá, que se dane. Espere, já falei. – O homem foi embora, levando consigo os lanceiros.

O Jardim de Aegon tinha um agradável aroma de pinheiro e altas e escuras árvores erguiam-se por todos os lados. Também havia rosas silvestres, e grandes cercas vivas espinhosas, e um local pantanoso onde cresciam mirtilos.

Por que será que me trouxeram para cá?, questionou-se Davos.

Então ouviu um tênue tinir de sinos, e um risinho de criança, e de repente o bobo Cara-Malhada saltou dos arbustos arrastando os pés o mais depressa que conseguia, com a Princesa Shireen logo atrás.

– Volte aqui – ela vinha gritando. – Malhas, volte aqui.

Quando o bobo viu Davos, parou subitamente, com as campainhas em seu capacete de latão guarnecido de chifres fazendo ting-a-ling, ting-a-ling. Saltitando de um pé para o outro, cantou:

Sangue de bobo, sangue de rei, sangue na coxa da donzela, mas pros convidados e noivo, correntes, lá, lá, lá. – Shireen quase o pegou nessa hora, mas no último instante o bobo saltou por cima de um grupo de samambaias e desapareceu por entre as árvores. A princesa seguiu logo atrás. Vê-los fez Davos sorrir.

Virara-se para tossir na mão enluvada quando outra pequena silhueta saltou da cerca viva e esbarrou nele, atirando-o ao chão.

O rapaz também caiu, mas se levantou quase de imediato.

– Que está fazendo aqui? – quis saber enquanto se sacudia. Cabelos negros de azeviche caíam sobre seu colarinho, e os olhos eram de um azul surpreendente. – Não devia ficar na minha frente quando estou correndo.

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