Meistre Aemon assentiu. De volta aos seus aposentos, pediu a Sam para acender a lareira e ajudá-lo a se sentar na cadeira junto a ela.
– É difícil ser tão velho – suspirou enquanto se instalava na almofada. – E ainda mais difícil ser tão cego. Sinto falta do sol. E dos livros. Acima de tudo sinto falta dos livros. – Aemon fez um gesto com uma mão. – Não precisarei mais de você até a votação.
– A votação... Meistre, não há algo que possa fazer? O que o rei disse sobre Lorde Janos...
– Eu lembro-me – disse Meistre Aemon –, mas, Sam, eu sou um meistre, acorrentado e juramentado. Meu dever é aconselhar o Senhor Comandante, seja ele quem for. Não seria adequado que eu fosse visto favorecendo um candidato em detrimento de outro.
– Eu não sou um meistre – disse Sam. – Poderia
Aemon virou seus alvos olhos cegos para o rosto de Sam e sorriu suavemente.
– Ora, não sei, Samwell. Poderia?
Cotter Pyke era o mais assustador dos dois comandantes, por isso Sam foi primeiro falar com ele, enquanto a coragem ainda estava quente. Foi encontrá-lo no antigo Salão dos Escudos, jogando dados com três de seus homens de Atalaialeste e um sargento ruivo que viera de Pedra do Dragão com Stannis.
Mas quando Sam pediu licença para falar com ele, Pyke ladrou uma ordem, e os outros pegaram o dado e as moedas e deixaram-nos a sós.
Ninguém chamaria algum dia Cotter Pyke de bem-apessoado, embora o corpo que se encontrava sob a sua brigantina tachonada e os calções de tecido grosseiro fosse esguio, duro e forte. Os olhos eram pequenos e juntos, tinha o nariz quebrado, e os cabelos recuados nas têmporas formavam um bico tão pronunciado quanto a ponta de uma lança. As bexigas tinham devastado violentamente seu rosto, e a barba que deixou crescer para esconder as cicatrizes era fina e irregular.
– Sam, o Matador! – disse ele, em jeito de saudação. – Tem certeza de que apunhalou um Outro, e não um cavaleiro de neve de alguma criança?
– Foi o vidro de dragão que o matou, senhor – explicou debilmente Sam.
– Sim, sem dúvida. Bem, desembucha, Matador. Foi o meistre que o mandou vir até mim?
– O meistre? – Sam engoliu em seco. – Eu... eu estive agora com ele, senhor. – Aquilo não era realmente uma mentira, mas se Pyke quisesse ler a informação da maneira errada, podia deixá-lo mais inclinado a escutar. Sam respirou fundo e lançou-se em seu apelo.
Pyke interrompeu-o antes de dizer vinte palavras.
– Quer que me ajoelhe e beije a bainha do lindo manto do Mallister, é isso? Devia ter imaginado. Vocês, os fidalgos, formam rebanhos como se fossem ovelhas. Bem, diga a Aemon que desperdiçou sua saliva e o meu tempo. Se alguém devesse se retirar, devia ser o Mallister. O homem é
– Ele é velho – concordou Sam –, mas tem muita ex-experiência.
– De se sentar em sua torre e remexer em mapas, talvez. O que ele planeja fazer? Escrever cartas às criaturas? Ele é um cavaleiro, muito bem, mas não é um
– Então não irá apoiá-lo? – disse Sam, desalentado.
– É o Sam, o Matador, ou o Dick Surdo? Não, não irei apoiá-lo. – Pyke sacudiu um dedo em frente de seu rosto. – Veja se entende isto, rapaz. Eu não