A mão de Clegane saltou e agarrou o dornês atrás do joelho. A Víbora Vermelha fez a espada cair num golpe selvagem, mas estava desequilibrado, e o gume não fez mais do que deixar mais um amassado no braçal da Montanha. Então a espada foi esquecida quando a mão de Gregor se apertou e torceu, fazendo o dornês cair por cima dele. Lutaram no meio da poeira e do sangue, com a lança quebrada se mexendo de um lado para o outro. Tyrion viu com horror que a Montanha tinha envolvido o príncipe num enorme braço, apertando-o com força contra o peito, como se fosse um amante.
– Elia de Dorne – todos ouviram Sor Gregor dizer, quando os dois ficaram suficientemente próximos para se beijar. Sua voz profunda retumbava dentro do elmo. – Matei a criazinha chorona dela. – Lançou a mão livre contra o rosto sem proteção de Oberyn, enfiando dedos de aço em seus olhos. – E
Não chegou a ouvir o pai proferir as palavras que o condenavam. Talvez não houvesse necessidade de palavras.
Já tinha descido metade da escada em espiral quando percebeu que os homens de manto dourado não o estavam levando de volta à sua sala de torre.
– Fui mandado para as celas negras – disse. Não obteve resposta.
DAENERYS
Dany quebrou o jejum à sombra do caquizeiro que crescia no jardim do terraço, observando os dragões se perseguirem uns aos outros em volta do cume da Grande Pirâmide onde outrora se erguera a enorme harpia de bronze. Meereen tinha uma vintena de pirâmides menores, mas nenhuma chegava sequer à metade da altura daquela. Dali conseguia ver toda a cidade: as estreitas vielas sinuosas e as largas ruas de tijolo, templos e celeiros, choupanas e palácios, bordéis e casas de banhos, jardins e fontes, os grandes círculos vermelhos das arenas de luta. E para lá das muralhas estendia-se o mar de peltre, o sinuoso Skahazadhan, as secas colinas marrons, pomares queimados e campos enegrecidos. Ali em cima, em seu jardim, Dany sentia-se às vezes como um deus, vivendo no topo da montanha mais alta do mundo.
Missandei serviu-lhe ovos de pato e salsicha de cão e meia taça de vinho adoçado misturado com o sumo de um limão. O mel atraía moscas, mas uma vela odorífera afastava-as. Descobrira que as moscas não eram tão incômodas ali em cima como no resto da cidade, mais uma coisa que lhe agradava na pirâmide.
– Tenho de me lembrar de fazer qualquer coisa a respeito das moscas – disse Dany. – Há muitas moscas em Naath, Missandei?
– Em Naath há borboletas – respondeu a escriba no Idioma Comum. – Mais vinho?