– Elia Martell, Princesa de Dorne – sibilou a Víbora Vermelha. – Violou-a. Assassinou-a. Matou os filhos dela.
Sor Gregor grunhiu. Avançou pesadamente para acertar a cabeça do dornês. O Príncipe Oberyn evitou-o facilmente.
– Violou-a. Assassinou-a. Matou os filhos dela.
– Veio conversar ou lutar?
– Vim ouvir a sua confissão. – A Víbora Vermelha lançou um rápido golpe contra a barriga da Montanha, sem qualquer efeito.
Gregor tentou golpeá-lo e falhou. A longa lança dardejou por cima de sua espada. Qual língua de serpente, volteava para a frente e para trás, fintando embaixo e batendo em cima, em estocadas dirigidas às virilhas, ao escudo, aos olhos.
A luta prosseguiu naqueles moldes durante o que pareceu um longo período. Deslocaram-se de um lado para o outro pátio afora e rodaram e voltaram a rodar, descrevendo espirais, com Sor Gregor golpeando o ar enquanto a lança de Oberyn atingia os braços e as pernas e duas vezes as têmporas. O grande escudo de madeira de Gregor também recebeu a sua cota de golpes, até uma cabeça de cão espreitar de debaixo da estrela e em outros pontos ser o carvalho nu a surgir. Clegane soltava um grunhido de vez em quando, e uma vez Tyrion ouviu-o resmungar um xingamento, mas fora isso lutava num silêncio carrancudo.
Mas Oberyn Martell não.
– Violou-a – gritava, fintando. – Assassinou-a – dizia, esquivando-se de um golpe em arco da espada de Gregor. – Matou os filhos dela – berrava, atingindo a garganta do gigante com a ponta da lança, apenas para vê-la deslizar pelo espesso gorjal de aço com um guincho.
– Oberyn está brincando com ele – disse Ellaria Sand.
– A Montanha é grande demais para ser brinquedo de quem quer que seja.
Em torno do pátio, a multidão de espectadores aproximava-se lentamente dos dois combatentes, avançando centímetro a centímetro para ver melhor. A Guarda Real tentava contê-los, empurrando com força os basbaques com seus grandes escudos brancos, mas havia centenas de basbaques e só seis dos homens da armadura branca.
– Violou-a. – O Príncipe Oberyn parou um violento golpe com a ponta da lança. – Assassinou-a. – Atirou a ponta da lança contra os olhos de Clegane, tão depressa que o enorme homem vacilou para trás. – Matou os filhos dela. – A lança cintilou para o lado e para baixo, raspando na placa de peito da Montanha. – Violou-a. Assassinou-a. Matou os filhos dela. – A lança era sessenta centímetros mais longa do que a espada de Sor Gregor, mais do que o suficiente para mantê-lo a uma distância incômoda. A Montanha golpeava a haste sempre que Oberyn saltava sobre ele, tentando cortar a ponta da lança, mas era como se estivesse tentando cortar de um golpe as asas de uma mosca. – Violou-a. Assassinou-a. Matou os filhos dela. – Gregor tentou investir, mas Oberyn esquivou-se para o lado e rodeou-o pelas costas. – Violou-a. Assassinou-a. Matou os filhos dela.
– Fique quieto. – Sor Gregor parecia estar se movendo um pouco mais lentamente, e a sua espada já não se erguia tanto como quando a luta tinha começado. – Fecha a merda da boca.
– Violou-a – disse o príncipe, deslocando-se para a direita.
–
– Assassinou-a – disse.
–
De repente a Montanha encontrava-se suficientemente perto para atacar, com a sua enorme espada relampejando numa confusão de aço. A multidão também gritava. Oberyn esquivou-se do primeiro golpe e largou a lança, inútil agora que Sor Gregor tinha penetrado em seu raio de ação. O segundo golpe foi aparado pelo escudo do dornês. Metal colidiu com metal num estrondo ensurdecedor, pondo a Víbora Vermelha a cambalear para trás. Sor Gregor seguiu-o, berrando.