A ideia abateu Sansa. Tudo o que sabia sobre Robert Arryn era que se tratava de um garotinho, e enfermiço.
– Eu... mal posso esperar para conhecê-lo, senhora. Mas ele ainda é uma criança, não é?
– Tem oito anos. E não é robusto. Mas é um rapaz tão bom, tão vivo e inteligente. Será um grande homem, Alayne.
– A Septã Mordane tinha a gentileza de dizer que sim.
– Robert tem olhos fracos, mas gosta que leiam coisas para ele – confidenciou a Senhora Lysa. – Gosta de histórias sobre animais, principalmente. Conhece aquela cançãozinha sobre a galinha que se vestiu de raposa? Canto-a para ele o tempo todo, e ele nunca se cansa. E gosta de brincar de salto das rãs, de gira a espada, e de entra no meu castelo, mas tem de deixar que ganhe sempre. É apropriado, não acha? Afinal de contas, ele é o Senhor do Ninho da Águia, não pode nunca se esquecer disso. É bem-nascida, e os Stark de Winterfell sempre foram orgulhosos, mas Winterfell caiu, e agora na realidade não passa de uma pedinte, portanto deixe esse orgulho de lado. A gratidão caberá melhor a você, nas atuais circunstâncias. Sim, e a obediência. Meu filho terá uma esposa grata e obediente.
JON
Os machados ressoavam dia e noite. Jon já não se lembrava da última vez que tinha dormido. Quando fechava os olhos, sonhava com a luta; quando acordava, lutava. Mesmo na Torre do Rei ouvia o incessante
Quando Owen veio buscá-lo, estava acordado, tentando sem sucesso arranjar posição numa pilha de peles espalhada sobre o chão da cabana de aquecimento.
– Lorde Snow – disse Owen, sacudindo seu ombro –, a alvorada. – Estendeu uma mão a Jon para ajudá-lo a ficar em pé. Outros homens também estavam acordando, acotovelando-se uns aos outros enquanto calçavam as botas e afivelavam o cinto da espada no apertado confinamento da cabana. Ninguém falava. Estavam todos cansados demais para falar. Por aqueles dias, eram poucos os que chegavam a descer da Muralha. Demorava muito tempo para subir e descer na gaiola. Castelo Negro tinha sido abandonado ao Meistre Aemon, a Sor Wynton Sout e a mais alguns homens, velhos ou enfermos demais para lutar.
– Sonhei que o rei tinha vindo – disse Owen num tom feliz. – Meistre Aemon enviou um corvo, e o Rei Robert veio com todas as suas forças. Sonhei que via os seus estandartes dourados.
Jon obrigou-se a sorrir.
– Isso seria uma visão bem-vinda, Owen. – Ignorando a pontada de dor em sua perna, colocou um manto negro de peles sobre os ombros, apanhou a muleta e saiu para a Muralha, a fim de enfrentar mais um dia.
Uma rajada de vento enfiou finas gavinhas geladas em seus longos cabelos castanhos. A um quilômetro para o norte, os acampamentos dos selvagens acordavam, com as fogueiras erguendo dedos fumacentos para coçar o pálido céu da alvorada. Tinham erguido as suas tendas de peles ao longo do limite da floresta, incluindo mesmo um edifício tosco feito de troncos de árvores e ramos entretecidos; havia linhas de cavalos a leste, mamutes a oeste, e homens por todo lado, afiando as espadas, pondo pontas em lanças rústicas, vestindo armaduras improvisadas de peles, chifre e osso. Para cada homem que conseguia ver, Jon sabia que havia vinte outros invisíveis na floresta. A vegetação dava-lhes algum abrigo contra os ataques e escondia-os dos olhos dos odiados corvos.
Os arqueiros deles já avançavam, empurrando os manteletes rolantes.