– Se isso a agrada, tia Lysa.
– Não pode me chamar disso. Não podemos permitir que nenhuma palavra sobre a sua presença aqui chegue a Porto Real. Não pretendo deixar que o meu filho corra perigo. – Mordiscou um canto de um favo. – Mantive o Vale fora desta guerra. A nossa colheita foi abundante, as montanhas protegem-nos, e o Ninho da Águia é inexpugnável. Mesmo assim, não será bom atrair sobre nós a ira de Lorde Tywin. – Lysa apoiou o favo e lambeu mel dos dedos. – Petyr disse que esteve casada com Tyrion Lannister. Aquele
– Obrigaram-me a desposá-lo. Eu nunca quis isso.
– Assim como eu – disse a tia. – Jon Arryn não era anão, mas era
– Tyrion contou-me – disse Sansa. – Disse que os Frey a assassinaram nas Gêmeas, com Robb.
Lágrimas jorraram de repente dos olhos da Senhora Lysa.
– Somos agora mulheres sós, você e eu. Tem medo, filha? Seja brava. Nunca me recusaria a acolher a filha de Cat. Estamos ligadas pelo sangue. – Chamou Sansa para mais perto com um gesto. – Pode vir me beijar no rosto, Alayne.
Obedientemente, Sansa aproximou-se e ajoelhou-se junto à cama. A tia estava ensopada num odor doce, embora por baixo houvesse um cheiro azedo e leitoso. A bochecha tinha gosto de maquiagem e pó.
Quando Sansa se afastou, a Senhora Lysa pegou seu pulso.
– E agora diga-me – disse em tom penetrante. – Está esperando bebê? Quero a verdade, saberei se mentir para mim.
– Não – disse Sansa, sobressaltada pela pergunta.
–
– Sim. – Sansa sabia que a verdade sobre a sua floração não podia ser escondida por muito tempo no Ninho da Águia. – Tyrion não... ele nunca... – Sentiu o rubor subir rosto acima. – Sou ainda uma donzela.
– O anão era incapaz?
– Não. Ele era só... era... –
– Prostitutas. – Lysa largou seu pulso. – Claro que sim. Que mulher se deitaria com tal criatura, se não por ouro? Devia ter matado o Duende quando esteve em meu poder, mas ele ludibriou-me. É cheio de baixa astúcia, esse aí. O mercenário dele matou o meu bom Sor Vardis Egen. Catelyn não o devia ter trazido para o Ninho, eu disse a ela. E ainda foi embora com o meu tio. Foi um gesto errado. O Peixe Negro era o meu Cavaleiro do Portão, e desde que nos deixou os clãs da montanha têm se tornado muito ousados. Mas Petyr em breve deixará tudo isso como deve ser. Farei dele Senhor Protetor do Vale. – A tia sorriu pela primeira vez, quase com calor. – Ele pode não ser tão alto ou forte como certos homens, mas vale mais do que todos eles. Confie nele e faça o que lhe disser.
– Farei, tia... senhora.
A Senhora Lysa pareceu agradada com aquilo.
– Eu conheci o rapaz, o Joffrey. Costumava chamar o meu Robert por nomes cruéis, e uma vez bateu nele com uma espada de madeira. Um homem dirá que o veneno é desonroso, mas a honra de uma mulher é diferente. A Mãe talhou-nos para protegermos nossos filhos, e nossa única desonra reside no fracasso. Saberá disso quando tiver um filho.
– Um filho? – disse Sansa com incerteza.
Lysa fez um gesto negligente com a mão.
– Não será antes de se passarem muitos anos. É nova demais para ser mãe. Mas um dia vai querer filhos. Tal como vai querer se casar.
– Eu... eu
– Sim, mas em breve será viúva. Fique feliz por o Duende preferir as rameiras dele. Não teria sido adequado que o meu filho recebesse as sobras daquele