Depois de Pycelle veio a procissão, sem fim e cansativa. Senhores, senhoras e nobres cavaleiros, tanto bem-nascidos como humildes, todos tinham estado presentes no banquete nupcial, todos tinham visto Joffrey sufocar, o seu rosto se tornando tão negro quanto uma ameixa de Dorne. Lorde Redwyne, Lorde Celtigar e Sor Flement Brax tinham ouvido Tyrion ameaçar o rei; dois criados, um malabarista, Lorde Gyles, Sor Hobber Redwyne e Sor Philip Foote tinham-no visto encher o cálice nupcial; a Senhora Merryweather jurou que tinha visto o anão deixar cair qualquer coisa no vinho do rei enquanto Joff e Margaery cortavam a torta; o velho Estermont, o jovem Peckledon, o cantor Galyeon de Cuy, e os escudeiros Morros e Jothos Slynt relataram como Tyrion tinha pegado o cálice enquanto Joff estava morrendo e despejado o resto de vinho envenenado no chão.
Quando o tio o visitou naquela noite após o jantar, sua atitude era fria e distante.
– Tem testemunhas para nós? – perguntou-lhe Sor Kevan.
– Não propriamente, não. A menos que tenha encontrado a minha esposa.
O tio sacudiu a cabeça.
– Aparentemente o julgamento está correndo muito mal para você.
– Ah, acha que sim? Não tinha reparado. – Tyrion passou os dedos pela cicatriz. – Varys não veio.
– Nem virá. De manhã testemunha contra você.
– Estou vendo. – Mexeu-se na cadeira. – Estou curioso. Sempre foi um homem justo, tio. O que o convenceu?
– Para que roubar os venenos de Pycelle, se não para usá-los? – disse Sor Kevan sem rodeios. – E a Senhora Merryweather viu...
– ...
– Talvez seja hora de confessar.
Mesmo através das espessas paredes de pedra da Fortaleza Vermelha, Tyrion ouvia o cair contínuo da chuva.
– Perdão, tio? Eu seria capaz de jurar que me instou a confessar.
– Se admitisse a sua culpa perante o trono e se arrependesse de seu crime, o seu pai deteria a espada. Seria permitido que você vestisse o negro.
Tyrion riu na cara dele.
– Esses foram os mesmos termos que Cersei ofereceu a Eddard Stark. Todos sabemos como
– Seu pai não participou desse assunto.
Aquilo, ao menos, era verdade.
– Castelo Negro está cheio de assassinos, ladrões e estupradores – disse Tyrion –, mas não me lembro de conhecer regicidas quando estive lá. Espera que acredite que se admitir ser um regicida e assassino de um familiar, meu pai irá simplesmente sacudir a cabeça, perdoar-me e enviar-me para a Muralha com ceroulas quentes de lã? – soltou uma rude exclamação de menosprezo.
– Nada foi dito sobre perdões – disse severamente Sor Kevan. – Uma confissão poria um fim nesse assunto. É por esse motivo que o seu pai me envia com essa proposta.
– Agradeça-lhe gentilmente por mim, tio – disse Tyrion –, mas diga-lhe que atualmente não me encontro com disposição de confessar.
– Se eu fosse você, mudaria a disposição. Sua irmã quer a sua cabeça, e pelo menos Lorde Tyrell está inclinado a dá-la a ela.
– Então um dos meus juízes já me condenou, sem ouvir uma palavra em minha defesa? – não era mais do que aquilo que esperava. – Ainda serei autorizado a falar e apresentar testemunhas?
– Você não
– Vejo o quanto essa perspectiva o perturba.
– É filho de meu irmão.
– Podia lembrá-