Читаем A Tormenta de Espadas полностью

– Que escutem. Será traição dizer que um homem é mortal? Valar morghulis era como se dizia na Valíria de outrora. Todos os homens têm de morrer. E a Perdição veio provar que era verdade. – O dornês dirigiu-se à janela e fitou a noite. – Dizem que não tem testemunhas para nos apresentar.

– Estava com esperança de que uma olhada nesta minha linda cara fosse suficiente para persuadir a todos de minha inocência.

– Está enganado, senhor. A Flor Gorda de Jardim de Cima está bem convencida da sua culpa, e determinada a vê-lo morrer. Sua preciosa Margaery também estava bebendo daquele cálice, como ele nos fez lembrar meia centena de vezes.

– E você?

– Os homens raramente são o que aparentam. Você parece tão culpado que estou convencido de sua inocência. Apesar disso, é provável que seja condenado. A justiça é um bem escasso deste lado das montanhas. Não houve nenhuma para Elia, Aegon ou Rhaenys. Por que haveria alguma para você? Talvez o verdadeiro assassino de Joffrey tenha sido comido por um urso. Isso parece acontecer com bastante frequência em Porto Real. Ah, espere, o urso estava em Harrenhal, agora me lembro.

– É esse o jogo que está jogando? – Tyrion esfregou o que lhe restava de nariz. Nada tinha a perder por dizer a Oberyn a verdade. – Havia um urso em Harrenhal, e matou Sor Amory Lorch.

– Que triste para ele – disse o Víbora Vermelha. – E para você. Pergunto a mim mesmo se todos os homens sem nariz mentem assim tão mal.

– Não estou mentindo. Sor Amory arrastou a Princesa Rhaenys de debaixo da cama do pai e apunhalou-a até a morte. Tinha consigo alguns homens de armas, mas não conheço seus nomes. – Inclinou-se para a frente. – Foi Sor Gregor Clegane quem esmagou a cabeça do Príncipe Aegon contra uma parede e estuprou a sua irmã Elia ainda com o sangue e os miolos dele nas mãos.

– O que é isso agora? A verdade vinda de um Lannister? – Oberyn deu um sorriso frio. – Seu pai deu as ordens, certo?

– Não. – Proferiu a mentira sem hesitação, e nem parou para perguntar a si mesmo por que deveria fazê-lo.

O dornês ergueu uma sobrancelha fina e negra.

– Um filho tão zeloso. E uma mentira tão fraca. Foi Lorde Tywin quem apresentou os filhos de minha irmã ao Rei Robert, enrolados nas capas carmesim dos Lannister.

– Talvez devesse ter esta discussão com o meu pai. Ele estava lá. Eu estava no Rochedo, e ainda era tão novo que pensava que a coisa que tenho entre as pernas só servia para mijar.

– Sim, mas agora está aqui, e em certas dificuldades, eu diria. Sua inocência pode ser tão evidente quanto a cicatriz que tem no rosto, mas não o salvará. Tal como o seu pai não o salvará. – O príncipe dornês sorriu. – Mas eu talvez o faça.

– Você? – Tyrion estudou-o. – É um juiz em três. Como poderá me salvar?

– Como seu juiz, não. Como seu campeão.

JAIME

Um livro branco repousava sobre uma mesa branca numa sala branca. A sala era redonda, com paredes de pedra caiada cobertas de tapeçarias de lã branca. Constituía o primeiro andar da Torre da Espada Branca, uma esguia estrutura de quatro andares construída num ângulo da muralha do castelo com vista sobre a baía. A galeria subterrânea guardava armas e armaduras, e o segundo e terceiro andares, as pequenas celas individuais simples para os seis irmãos da Guarda Real.

Uma dessas celas tinha sido sua durante dezoito anos, mas naquela manhã mudara as suas posses para o andar superior, inteiramente dedicado aos aposentos do Senhor Comandante. Essas salas também eram simples, apesar de espaçosas; e ficavam acima da muralha exterior, o que significava que teria uma vista sobre o mar. Gostarei disso, pensou. Da vista, e de todo o resto.

Tão pálido quanto a sala, Jaime sentou-se diante do livro com as vestes brancas da Guarda Real, à espera de seus Irmãos Juramentados. Uma espada longa pendia de sua anca. Da anca errada. Antes, sempre tinha usado a espada junto à esquerda, puxando-a com a mão oposta quando a desembainhava. Mudou-a para a anca direita naquela manhã, para conseguir puxá-la da mesma maneira com a mão esquerda, mas estranhava o peso daquele lado, e quando tinha tentado sacar a lâmina da bainha, todo o movimento pareceu desajeitado e pouco natural. A roupa também lhe caía mal. Vestia o traje de inverno da Guarda Real, uma túnica e calções de lã alvejada e um pesado manto branco, mas tudo parecia pender de seu corpo, largo.

Jaime tinha passado os dias no julgamento do irmão, em pé bem no fundo do salão. Ou Tyrion não chegou a vê-lo ali, ou não o reconheceu, mas isso não era surpreendente. Metade da corte parecia já não conhecê-lo. Sou um estranho na minha própria Casa. Seu filho estava morto, o pai deserdara-o, e a irmã... não lhe permitiu ficar a sós com ela nem uma vez, após aquele primeiro dia no septo real onde Joffrey jazia entre as velas. Até quando o transportaram através da cidade para a sua sepultura no Grande Septo de Baelor, Cersei manteve uma distância cautelosa.

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