O estrado ainda se encontrava por baixo do Trono de Ferro vazio, embora todas as mesas menos uma tivessem sido removidas. Atrás dela sentava-se o robusto Lorde Mace Tyrell com uma capa dourada sobre trajes verdes e o esguio Príncipe Oberyn Martell, trazendo leves vestes com riscas laranja, amarelas e escarlate. Lorde Tywin Lannister sentava-se entre os dois.
O Alto Septão começou com uma prece, pedindo ao Pai no Céu que os guiasse à justiça. Quando terminou, o pai na terra inclinou-se para a frente para dizer:
– Tyrion, matou o Rei Joffrey?
– Não.
– Bem, isso é um alívio – disse secamente Oberyn Martell.
– Então foi Sansa Stark que fez isso? – quis saber Lorde Tyrell.
– Os deuses mataram Joffrey. Ele sufocou com a sua torta de pombo.
Lorde Tyrell enrubesceu.
– Quer culpar os padeiros?
– A eles ou aos pombos. Só quero que me deixe fora disso. – Tyrion ouviu risos nervosos e compreendeu que tinha cometido um erro.
– Há testemunhas contra você – disse Lorde Tywin. – Vamos ouvi-las primeiro. Então, poderá apresentar as suas testemunhas. Só pode falar com a nossa licença.
Nada havia que Tyrion pudesse fazer além de assentir com a cabeça.
Sor Addam tinha falado a verdade; o primeiro homem a ser introduzido na sala foi Sor Balon Swann, da Guarda Real.
– Senhor Mão – começou, depois do Alto Septão ter aceitado o seu juramento de dizer apenas a verdade –, tive a honra de lutar ao lado de seu filho na ponte de navios. Ele é um homem corajoso, apesar do tamanho, e não quero acreditar que tenha cometido este ato.
Um murmúrio percorreu a sala, e Tyrion perguntou a si mesmo que jogo louco estaria Cersei jogando.
– Ele bateu em Sua Graça, é verdade. Foi um ataque de fúria, nada mais. Uma tempestade de verão. A multidão quase nos matou a todos.
– Nos dias dos Targaryen, um homem que batesse em alguém de sangue real perderia a mão que usasse no ato – observou a Víbora Vermelha de Dorne. – Cresceu uma mãozinha nova ao anão, ou vocês, Espadas Brancas, esqueceram o seu dever?
– Ele mesmo é de sangue real – respondeu Sor Balon. – E além disso, era Mão do Rei.
– Não – disse Lorde Twyn. – Ele era Mão do Rei
Sor Meryn Trant expandiu alegremente o relato de Sor Balon, quando ocupou o seu lugar como testemunha.
– Ele atirou o rei no chão e começou a chutá-lo. Gritou que era injusto que Sua Graça tivesse escapado incólume à multidão.
Tyrion começou a compreender o plano da irmã.
Sor Meryn prosseguiu, relatando o modo como Tyrion tinha interrompido o castigo de Joffrey a Sansa Stark.
– O anão perguntou a Sua Graça se ele sabia o que acontecera a Aerys Targaryen. Quando Sor Boros interveio em defesa do rei, o Duende ameaçou mandar matá-lo.
O próprio Blount veio em seguida, para fazer eco a
Tyrion não conseguiu dominar mais a língua.
– Por que não diz aos juízes o que Joffrey estava
O grande homem queixudo atravessou-o com os olhos.
– Você disse aos seus selvagens para me matar se eu abrisse a boca, é isso o que vou lhes dizer.
– Tyrion – disse Lorde Tywin. – Pode falar apenas quando solicitarmos. Que isso sirva de aviso.
Tyrion calou-se, fervendo.
Os Kettleblack vieram a seguir, todos os três, um de cada vez. Osney e Osfryd contaram a história de seu jantar com Cersei antes da Batalha da Água Negra e relataram as ameaças que tinha feito.