– Certamente, se for esse o seu desejo. No entanto, é melhor que saiba que a sua irmã pretende nomear Sor Gregor Clegane como o campeão
– Vou ter de dormir sobre o assunto. –
– Mais a cada dia que passa.
– Então tenho de ter testemunhas minhas.
– Diga-me quem quer, e Sor Addam enviará a Patrulha para trazê-las ao julgamento.
– Preferia ser eu próprio a procurá-las.
– É acusado de regicídio e assassinato de um familiar. Será que realmente imagina que lhe será permitido ir e vir a seu bel-prazer? – Sor Kevan fez um gesto na direção da mesa. – Tem pena, tinta e pergaminho. Escreva o nome das testemunhas de que necessita, e eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para apresentá-las, dou-lhe a minha palavra de Lannister. Mas não sairá desta torre, exceto para ser julgado.
Tyrion não se rebaixaria a suplicar.
– Vai autorizar o meu escudeiro a ir e vir? O garoto, Podrick Payne?
– Decerto, se for esse o seu desejo. Vou mandá-lo para cá.
– Faça isso. Mais cedo será melhor do que mais tarde, e agora será melhor do que mais cedo. – Bamboleou-se até a mesa. Mas quando ouviu a porta se abrindo, virou-se e disse: – Tio?
Sor Kevan fez uma pausa.
– Sim?
– Eu não fiz isso.
– Gostaria de poder acreditar, Tyrion.
Quando a porta se fechou, Tyrion Lannister içou-se para a cadeira, afiou uma pena e pegou um pergaminho em branco.
A folha continuava virgem quando Podrick Payne apareceu, algum tempo mais tarde.
– Senhor – disse o rapaz.
Tyrion pousou a pena.
– Vá atrás de Bronn e traga-o aqui de imediato. Diga-lhe que vai haver ouro, mais ouro do que alguma vez sonhou, e trate de não voltar sem ele.
– Sim, senhor. Quero dizer, não. Não vou. Voltar. – E foi.
Não tinha ainda voltado ao pôr do sol, nem ao nascer da lua. Tyrion adormeceu no banco de janela e acordou tenso e dolorido à alvorada. Um criado trouxe mingau de aveia e maçãs para o desjejum, com um corno de cerveja. Comeu à mesa, com o pergaminho em branco na sua frente. Uma hora mais tarde, o criado voltou para levar a tigela.
– Viu o meu escudeiro? – perguntou-lhe Tyrion. O homem balançou a cabeça.
Suspirando, virou-se para a mesa e pôs de novo tinta na pena.
Assumindo que Joff não tivesse simplesmente morrido sufocado com uma colherada de comida, coisa que até Tyrion achava difícil de engolir, Sansa devia tê-lo envenenado.
E no entanto... onde teria a garota arranjado veneno? Não podia acreditar que tivesse agido sozinha.
Mesmo assim, deu o pergaminho ao tio no dia seguinte. Sor Kevan franziu a testa ao vê-lo.
– A Senhora Sansa é sua única testemunha?
– Pensarei em outras a seu tempo.
– É melhor que pense nelas já. Os juízes pretendem dar início ao julgamento dentro de três dias.
– Isso é cedo demais. Vocês me têm aqui fechado e guardado, como vou encontrar testemunhas da minha inocência?
– Sua irmã não teve nenhuma dificuldade em encontrar testemunhas da sua culpa. – Sor Kevan enrolou o pergaminho. – Sor Addam tem homens à procura da sua esposa. Varys ofereceu cem veados por notícias sobre o paradeiro dela, e cem dragões pela própria garota. Se ela puder ser encontrada, será, eu vou trazê-la até você. Não vejo mal algum em marido e mulher partilharem a mesma cela e confortarem-se um ao outro.
– É muita bondade sua. Viu o meu escudeiro?
– Enviei-o aqui ontem. Ele não veio?
– Veio – admitiu Tyrion – e depois foi-se.
– Mandarei que venha até você novamente.