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Aproximou-se da borda do precipício.
– O portão! – gritou Pyp. – Eles estão no
A Muralha era grande demais para ser assaltada por meios convencionais; alta demais para escadas ou torres de cerco, espessa demais para aríetes. Nenhuma catapulta era capaz de arremessar uma pedra suficientemente grande para abrir uma brecha nela, e caso se tentasse incendiá-la, o gelo derretido extinguiria as chamas. Era possível escalá-la, como os assaltantes tinham feito perto de Guardagris, mas só se os alpinistas fossem fortes, estivessem em forma e tivessem mãos seguras, e mesmo assim podiam acabar como Jarl, empalados numa árvore.
Mas o portão era um túnel sinuoso através do gelo, menor do que qualquer portão de castelo dos Sete Reinos, tão estreito que os patrulheiros tinham de levar os garranos em fila indiana. Três portões de ferro fechavam a passagem interior, todos trancados e acorrentados e protegidos por um alçapão. A porta exterior era de carvalho antigo, com vinte e três centímetros de espessura e reforçada com ferro, difícil de quebrar.
– Deve estar frio lá embaixo – disse Noye. – Que dizem de os aquecermos, rapazes? – uma dúzia de potes de óleo para lâmpadas tinham sido alinhados junto ao precipício. Pyp percorreu a fileira com um archote, incendiando-os. Owen Idiota seguiu-o, empurrando-os borda afora, um por um. Línguas de fogo amarelo-claro rodopiaram em volta dos potes quando estes mergulharam. Depois de o último ter sido atirado, Grenn soltou com um pontapé os calços de um barril de piche e fez com que também caísse pela borda da Muralha, rolando e ressaltando. Os sons que vinham de baixo transformaram-se em berros e gritos, doce música para os seus ouvidos.
Mas os tambores ainda ressoavam, os trabucos estremeciam e estrondeavam, e o som das gaitas de foles veio em baforadas pela noite, como se fosse a canção de umas aves quaisquer, estranhas e ferozes. Septão Cellador também começou a cantar, com a voz trêmula e carregada de vinho.
Gentil Mãe, de clemência fonte,
nossos filhos livre da disputa,
pare espadas, pare flechas,
deixe-os ver...
Donal Noye virou-se para ele.
– O primeiro homem aqui que parar a espada, eu mando a porcaria da bunda caída lá pra baixo... começando por você, septão.
– Aqui – disse Cetim.
– E aqui – disse Mully. – Mas como é que encontro um alvo? Tá escuro como se estivéssemos dentro de uma barriga de porco. Onde estão eles?
Noye apontou para o norte.