Читаем A Tormenta de Espadas полностью

O Berrante do Inverno, pensou, ainda confuso do sono. Mas Mance não chegara a encontrar o berrante de Joramun, portanto não podia ser. Seguiu-se um segundo sopro, tão longo e profundo quanto o primeiro. Jon tinha de se levantar e ir para a Muralha, bem sabia, mas era tão difícil...

Empurrou as peles para o lado e sentou-se. A dor na perna parecia mais amortecida, nada que não pudesse suportar. Tinha dormido vestido com os calções, túnica e roupa interior, para obter mais calor, portanto tinha apenas de calçar as botas e vestir couro, cota de malha e manto. O berrante voltou a soar, dois sopros longos, por isso pôs Garralonga ao ombro, pegou a muleta e manquejou escada abaixo.

Lá fora era noite cerrada, fazia um frio cortante e o céu estava coberto. Os irmãos jorravam de torres e fortalezas, afivelando os cintos de espada e dirigindo-se para a Muralha. Jon procurou Pyp e Grenn, mas não conseguiu encontrá-los. Talvez fosse um deles a sentinela que soprava o berrante. É Mance, pensou. Finalmente chegou. Isso era bom. Travaremos uma batalha, e depois descansaremos. Vivos ou mortos, descansaremos.

Onde estivera a escada só restava um imenso monte de madeira carbonizada e gelo quebrado à sombra da Muralha. Agora era o guincho que os içava, mas a gaiola só era suficiente para dez homens de cada vez, e já subia quando Jon chegou. Teria de esperar a sua volta. Outros esperaram com ele; Cetim, Mully, Bota Extra, Barricas, o grande e louro Hareth com seus dentes salientes. Todo mundo o chamava de Cavalo. Tinha sido cavalariço em Vila Toupeira, um dos poucos toupeiras que ficaram em Castelo Negro. Os outros tinham corrido de volta aos seus campos e cabanas, ou para as suas camas no bordel subterrâneo. Mas Cavalo queria vestir o negro, o grande tolo do dentuço. Zei, a prostituta que se mostrara tão habilidosa com o arco, também ficou, e Noye acolheu três garotos órfãos cujos pais tinham morrido na escada. Eram novos – nove, oito e cinco anos –, mas ninguém mais parecia querê-los.

Enquanto esperavam que a gaiola descesse, Clydas trouxe-lhes taças de vinho quente temperado, enquanto Hobb Três-Dedos distribuía nacos de pão escuro. Jon recebeu dele uma côdea e começou a roê-la.

– É o Mance Rayder? – perguntou ansiosamente Cetim.

– Podemos ter essa esperança. – Havia coisas piores do que selvagens na escuridão. Jon lembrava-se das palavras que o rei selvagem proferira no Punho dos Primeiros Homens, enquanto conversavam na neve cor-de-rosa. “Quando os mortos caminham, muralhas, estacas e espadas nada significam. Não pode lutar com os mortos, Jon Snow. Ninguém sabe disso tão bem quanto eu.” Só de pensar naquilo o vento pareceu soprar um pouco mais frio.

Por fim, a gaiola voltou a descer, retinindo e oscilando na ponta da longa corrente, e eles aglomeraram-se lá dentro, em silêncio, e fecharam a porta.

Mully puxou três vezes a corda da sineta. Um momento mais tarde, começaram a subir, a princípio aos trancos, depois mais suavemente. Ninguém falou. No topo, a gaiola balançou para o lado e saltaram para fora, um por um. Cavalo ajudou Jon a descer para o gelo. O frio atingiu-o nos dentes como um soco.

Uma linha de fogos ardia ao longo do topo da Muralha, em cestos de ferro montados em postes mais altos do que um homem. O vento, frio como uma faca, agitava e fazia as chamas rodopiarem, de modo que a lúgubre luz laranja estava sempre mudando. Feixes de flechas, lanças e dardos para as bestas e as balistas estavam em posição por todo lado. Havia pilhas de pedra com três metros de altura, grandes barris de madeira cheios de piche e de óleo de lâmpadas alinhavam-se a seu lado. Bowen Marsh deixara Castelo Negro bem abastecido de tudo, menos de homens. O vento chicoteava o manto negro das sentinelas-espantalhos montadas ao longo das ameias, de lança na mão.

– Espero que não tenha sido um deles que soprou o berrante – disse Jon a Donal Noye quando se aproximou dele coxeando.

– Ouviu isso? – perguntou Noye.

Havia o vento, e cavalos, e algo mais.

– Um mamute – disse Jon. – Isso foi um mamute.

O hálito do armeiro gelava assim que saía de seu nariz largo e achatado. A norte da Muralha havia um mar de escuridão que parecia estender-se até o infinito. Jon conseguia distinguir a tênue cintilação vermelha de fogos distantes em movimento através da floresta. Era Mance, tão certo como a alvorada. Os Outros não acendiam archotes.

– Como é que lutamos contra eles se não os vemos? – perguntou Cavalo.

Donal Noye virou-se para dois grandes trabucos que Bowen Marsh tinha restaurado e posto em funcionamento.

– Deem-me luz! – rugiu.

Barris de piche foram apressadamente carregados nos estilingues e incendiados com um archote. O vento soprou as chamas até se transformarem numa viva fúria vermelha.

Перейти на страницу:
Нет соединения с сервером, попробуйте зайти чуть позже