Читаем A Tormenta de Espadas полностью

– Agora tenho de deixá-lo – disse. – Há um barco à espera, para levá-lo a uma galé. Depois vai atravessar o mar. É filho de Robert, portanto sei que será corajoso, aconteça o que acontecer.

– Serei. Só que... – O rapaz hesitou.

– Pense nisso como uma aventura, senhor. – Davos tentou soar forte e alegre. – É o início da grande aventura de sua vida. Que o Guerreiro o proteja.

– E que o Pai o julgue com justiça, Lorde Davos.

O garoto saiu com o primo, Sor Andrew, pela poterna. Os outros seguiram-nos, todos menos o Bastardo de Nocticantiga. Que o Pai me julgue com justiça, pensou Davos com tristeza. Mas era o julgamento do rei que o preocupava agora.

– E estes dois? – perguntou Sor Rolland referindo-se aos guardas, depois de fechar e trancar o portão.

– Meta-os num porão – disse Davos. – Pode soltá-los depois de Edric estar longe e a salvo.

O Bastardo fez um aceno brusco. Não houve mais palavras a dizer; a parte fácil estava feita. Davos calçou a luva desejando que não tivesse perdido a sua sorte. Fora um homem melhor e mais corajoso com aquele saco de ossos pendurado no pescoço. Passou os dedos encurtados pelos cabelos castanhos que iam rareando e perguntou a si mesmo se precisaria cortá-los. Tinha de ter um aspecto aceitável quando se apresentasse ao rei.

Pedra do Dragão nunca parecera tão escura e temível. Caminhou lentamente, com os passos a ecoar em paredes negras e dragões. Dragões de pedra que nunca despertarão, espero eu. O Tambor de Pedra ergueu-se, enorme, à sua frente. Os guardas à porta descruzaram as lanças quando ele se aproximou. Não para o Cavaleiro das Cebolas, mas para a Mão do Rei. Davos era a Mão ao entrar, pelo menos. Perguntou a si mesmo o que seria ao sair. Se chegasse a sair...

Os degraus pareceram mais longos e íngremes do que antes, ou talvez fosse apenas o caso de estar cansado. A Mãe não me fez para tarefas como esta. Subira alto demais e depressa demais, e ali na montanha o ar era rarefeito demais para ele respirar. Quando garoto, sonhou com riquezas, mas isso tinha sido muito tempo antes. Mais tarde, crescido, tudo o que desejava resumiu-se a alguns acres de boa terra, uma casa em que envelhecer, uma vida melhor para os filhos. O Bastardo Cego costumava dizer-lhe que um contrabandista inteligente não tentava obter coisas demais, nem chamava a atenção para si. Alguns acres, um telhado de madeira, um “sor” antes do nome, devia ter ficado satisfeito. Se sobrevivesse àquela noite, levaria Devan e viajaria para casa, para o Cabo da Fúria e para a sua gentil Marya. Choraremos juntos os nossos filhos mortos, criaremos os vivos para que se tornem homens bons e não voltaremos a falar de reis.

A Sala da Mesa Pintada estava escura e vazia quando Davos entrou; o rei ainda devia estar na fogueira noturna, com Melisandre e os homens da rainha. Ajoelhou e acendeu a lareira, para afastar o frio do aposento redondo e expulsar as sombras para os seus cantos. Então dirigiu-se às janelas, uma de cada vez, abrindo as pesadas cortinas de veludo e destrancando as venezianas de madeira. O vento entrou, carregado com o cheiro do sal e do mar, e puxou seu manto simples e marrom.

Na janela norte, encostou-se ao peitoril para inspirar um pouco do ar frio da noite, esperando vislumbrar o Prendos Louco içar as velas, mas o mar parecia negro e vazio até perder de vista. Já terá partido? Só podia rezar para que sim, e o garoto com ele. Uma meia-lua aparecia e desaparecia por trás de nuvens finas e altas, e Davos via estrelas familiares; ali estava a Galé, velejando para oeste; ali a Lanterna da Velha, quatro estrelas brilhantes que rodeavam uma névoa dourada. As nuvens escondiam a maior parte do Dragão de Gelo, exceto pelo brilhante olho azul que indicava o rumo do norte. O céu está cheio de estrelas de contrabandista. Eram velhas amigas, aquelas estrelas; Davos esperava que isso significasse boa sorte.

Mas quando baixou o olhar do céu para as ameias do castelo, deixou de ter tanta certeza. As asas dos dragões de pedra criavam sombras negras à luz proveniente da fogueira noturna. Tentou dizer a si mesmo que não passavam de esculturas, frias e sem vida. Este foi antigamente o lugar deles. Um lugar de dragões e de senhores de dragões, a sede da Casa Targaryen. Os Targaryen eram do sangue da velha Valíria...

Перейти на страницу:
Нет соединения с сервером, попробуйте зайти чуть позже