Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Se me obrigarem a ouvir sete versões daquilo, pode ser que desça à Baixada das Pulgas para pedir desculpas ao guisado. Tyrion virou-se para a esposa.

– Então, qual preferiu?

Sansa olhou-o, pestanejando.

– Senhor?

– Os cantores. Qual preferiu?

– Eu... lamento, senhor. Não estava ouvindo.

E também não estava comendo.

– Sansa, há alguma coisa errada? – falou sem pensar, e sentiu-se instantaneamente idiota. Toda a família dela foi massacrada e está casada comigo, e eu não sei o que há de errado.

– Não, senhor. – Afastou os olhos dele e fingiu um interesse pouco convincente no Rapaz Lua, que enchia Sor Dontos de tâmaras.

Quatro mestres piromantes conjuraram feras de chamas vivas para se atacarem umas às outras com garras ardentes enquanto os criados carregavam para o salão tigelas de blandissório, uma mistura de caldo de carne com vinho fervido adoçado com mel e salpicado de amêndoas descascadas e pedaços de capão. Então veio um grupo de flautistas ambulantes, cães amestrados e engolidores de espadas, com ervilhas na manteiga, nozes fatiadas e lascas de cisne escaldado num molho de açafrão e pêssegos.

– Cisne outra vez, não – resmungou Tyrion, lembrando-se do jantar com a irmã na véspera da batalha.

Um malabarista manteve meia dúzia de espadas e machados rodopiando no ar enquanto espetos de morcela eram trazidos ainda chiando para as mesas, uma justaposição que Tyrion achou bastante esperta, embora talvez não do melhor dos gostos.

Os arautos sopraram as suas trombetas.

– Para cantar pelo alaúde dourado – gritou um deles – apresentamos Galyeon de Cuy.

Galyeon era um grande homem, com o peito em forma de barril, barba negra, cabeça calva e uma voz trovejante que enchia cada canto da sala do trono. Trouxe nada menos que seis músicos para tocar para ele.

– Nobres senhores e belas senhoras, não cantarei mais do que uma canção para vocês esta noite – anunciou. – É a canção da Água Negra e de como um reino foi salvo. – O tambor começou num ritmo lento e agourento.

O negro lorde cismou, no topo de sua torre – começou Galyeon – num castelo tão negro como a noite.

Negro eram seus cabelos e negra a sua alma – entoaram os músicos em uníssono. Uma flauta juntou-se à melodia.

Alimentava-se de sangue e inveja, e enchia a taça até transbordar de rancor – cantou Galyeon. – Meu irmão governou sete reinos, disse à bruxa da esposa. Tomarei o que era seu e vou torná-lo meu. Que o seu filho sinta o gume de minha adaga.

Um jovem bravo com cabelos de ouro – entoaram os músicos, enquanto uma harpa de mão e uma rabeca começavam a tocar.

– Se algum dia voltar a ser Mão, a primeira coisa que faço é enforcar todos os cantores – disse Tyrion, alto demais.

A Senhora Leonette soltou uma leve gargalhada ao seu lado, e Sor Garlan debruçou-se para dizer:

– Um feito valente que não for cantado não será menos valente.

O lorde negro reuniu as legiões, rodearam-no como corvos fazendo-o feliz. E sedentos de sangue embarcaram nos navios...

– ... e do pobre Tyrion cortaram o nariz – concluiu Tyrion.

A Senhora Leonette soltou um risinho.

– Talvez devesse ser um cantor, senhor. Rima tão bem quanto este Galyeon.

– Não, senhora – disse Sor Garlan. – O senhor de Lannister está destinado a realizar grandes feitos, não a cantar a respeito deles. Se não fosse a sua corrente e o seu fogovivo, o inimigo teria atravessado o rio. E se os selvagens de Tyrion não tivessem matado a maior parte dos batedores de Lorde Stannis, nunca teríamos sido capazes de pegá-los desprevenidos.

Aquelas palavras fizeram com que Tyrion se sentisse absurdamente grato, e ajudaram a apaziguá-lo enquanto Galyeon cantava intermináveis versos sobre o valor do rei rapaz e de sua mãe, a rainha dourada.

– Ela não fez isso – exclamou Sansa de repente.

– Nunca acredite em nada que ouça numa canção, senhora. – Tyrion chamou um criado para voltar a encher de vinho suas taças.

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