Читаем A Tormenta de Espadas полностью

E havia uma mulher, sentada quase na ponta da terceira mesa da esquerda... a esposa de um dos Fossoway, achava ele, e bem grávida do filho dele. Sua delicada beleza não era em nada diminuída pela barriga, e o prazer que obtinha da comida e dos divertimentos também não. Tyrion observou-a enquanto o marido lhe oferecia pedacinhos de seu prato. Bebiam da mesma taça e beijavam-se com frequência e imprevisivelmente. Sempre que o faziam, a mão dele pousava com gentileza no estômago dela, num gesto terno e protetor.

Perguntou a si mesmo o que Sansa faria se ele se debruçasse e a beijasse naquele exato momento. O mais certo seria recuar. Ou armar-se de coragem e aguentar, cumprindo o seu dever. Não se pode dizer que esta minha esposa não seja cumpridora de seu dever. Se lhe dissesse que queria romper sua virgindade esta noite, ela aguentaria isso obedientemente e não choraria mais do que tivesse de chorar.

Pediu mais vinho. Quando o obteve, o segundo prato estava sendo servido, uma fôrma feita de massa de torta e cheia de carne de porco, pinhões e ovos. Sansa não comeu mais do que uma de suas garfadas, enquanto os arautos anunciavam o primeiro dos sete cantores.

Hamish, o Harpista, de barba grisalha, anunciou que iria tocar “pros ouvidos de deuses e homens uma canção nunca antes ouvida em todos os Sete Reinos”. Chamou-a de “A cavalgada de Lorde Renly”.

Os dedos do homem moveram-se pelas cordas da harpa vertical, enchendo a sala do trono com um som doce.

Do seu trono de ossos o Senhor da Morte olhou o lorde assassinado – começou Hamish, e prosseguiu contando o modo como Renly, arrependendo-se de sua tentativa de usurpar a coroa do sobrinho, tinha desafiado o próprio Senhor da Morte e regressado à terra dos vivos para defender o reino contra o irmão.

E foi por isso que o pobre Symon acabou numa tigela de castanho, refletiu Tyrion. A Rainha Margaery lacrimejou no fim, quando a sombra do bravo Lorde Renly voou até Jardim de Cima para olhar uma última vez o rosto de seu verdadeiro amor.

– Renly Baratheon nunca se arrependeu de nada na vida – disse o Duende a Sansa –, mas se é para arriscar alguma coisa, diria que Hamish acabou de ganhar um alaúde dourado.

O Harpista também lhes ofereceu várias canções mais familiares. “Uma rosa de ouro” era para os Tyrell, sem dúvida, assim como “As chuvas de Castamere” se destinava a lisonjear o pai de Tyrion. “Donzela, mãe e velha” deliciou o Alto Septão, e “A senhora minha esposa” agradou a todas as mocinhas com romance no coração, e, sem dúvida, a alguns dos rapazinhos também. Tyrion escutou com meio ouvido, enquanto provava bolinhos fritos de milho doce e pão de aveia quente com pedaços de tâmara, maçã e laranja e roía a costela de um javali selvagem.

Daí em diante, os pratos e diversões sucederam-se uns aos outros numa profusão desconcertante, boiando numa enchente de vinho e cerveja. Hamish deixou-os, e o seu lugar foi ocupado por um urso razoavelmente pequeno e idoso, que dançou desajeitadamente ao som de flautas e tambores, enquanto os convidados da boda comiam truta com uma crosta de purê de amêndoas. O Rapaz Lua subiu nas pernas de pau e começou a caminhar imponentemente em volta das mesas, perseguindo o Abetouro, o bobo ridiculamente gordo de Lorde Tyrell, e os senhores e as senhoras provaram garças assadas e empadões de queijo e cebolas. Uma trupe de malabaristas de Pentos executou estrelas e mortais, equilibrou bandejas nos pés descalços e formou uma pirâmide, apoiando-se nos ombros uns dos outros. Seus feitos foram acompanhados por caranguejos cozidos com ardentes especiarias orientais, tabuleiros cheios de nacos de carneiro guisado em leite de amêndoa com cenouras, passas e cebolas, e tortas de peixe recém-saídas dos fornos, servidas tão quentes que queimavam os dedos.

Então os arautos chamaram outro cantor; Collio Quaynis de Tyrosh, cuja barba ostentava um tom vermelho-alaranjado e cujo sotaque era tão ridículo como Symon garantira que seria. Collio começou com a sua versão de “A dança dos dragões”, que era mais adequada como canção para dois cantores, um homem e uma mulher. Tyrion suportou-a com a dupla ajuda de uma perdiz com mel e gengibre e de várias taças de vinho. Uma balada insinuante sobre um casal de amantes moribundos no meio da Destruição de Valíria poderia ter agradado mais ao salão se Collio não a tivesse cantado em alto valiriano, língua que a maior parte dos convidados desconhecia. Mas “Bessa, a criada de bar” reconquistou-os com a sua letra libertina. Foram servidos pavões na sua plumagem, assados inteiros e recheados de tâmaras, enquanto Collio chamava um tambor, fazia uma profunda reverência perante Lorde Tywin e se lançava em “As chuvas de Castamere”.

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