Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Aquelas palavras perturbaram-na mais do que podia expressar, embora não conseguisse dar-lhes sentido. Sangue, pensou. Será que tudo terá de acabar em sangue? Pai, quem era essa mulher, e o que fez a ela que necessite tanto de perdão?

Nessa noite, Catelyn acordou diversas vezes, assombrada por sonhos sem nexo sobre os filhos, os perdidos e os mortos. Muito antes do romper do dia, acordou com as palavras do pai ecoando nos ouvidos. Bebês amorosos, e legítimos... por que diria aquilo, a não ser... será possível que tenha gerado um bastardo com essa mulher, Tanásia? Não podia acreditar. O irmão Edmure, sim; não a surpreenderia saber que Edmure tinha uma dúzia de filhos ilegítimos. Mas o pai não, Lorde Hoster Tully não, nunca.

Poderá Tanásia ser algum nome carinhoso que tenha dado a Lysa, da mesma forma que me chamava de Cat? Lorde Hoster já a tinha confundido com a irmã antes. Terá outros, disse ele. Bebês amorosos, e legítimos. Lysa abortara cinco vezes, duas no Ninho da Águia, três em Porto Real... mas nunca em Correrrio, onde Lorde Hoster estaria por perto para confortá-la. Nunca, a não ser... a não ser que esperasse uma criança, daquela primeira vez...

Ela e a irmã tinham casado no mesmo dia e foram deixadas aos cuidados do pai quando os novos esposos partiram para se juntar novamente à rebelião de Robert. Mais tarde, quando seu sangue de lua não chegou no momento de costume, Lysa tagarelara alegremente sobre os filhos que estava certa de que ambas esperavam.

– Seu filho será herdeiro de Winterfell e o meu, do Ninho da Águia. Oh, serão os melhores amigos, como o seu Ned e Lorde Robert. Serão mais irmãos do que primos, verdade, eu sei que sim. – Ela estava tão feliz.

Mas o sangue de Lysa acabou chegando não muito depois, e toda a alegria a abandonou. Catelyn sempre pensou que Lysa tinha estado simplesmente um pouco atrasada, mas se tivesse estado grávida...

Recordou a primeira vez que entregou Robb para a irmã segurar; pequeno, corado e berrando, mas já então forte, cheio de vida. Bastou a Catelyn colocar o bebê nas mãos da irmã para o rosto de Lysa se dissolver em lágrimas e ela devolver apressadamente o bebê a Catelyn e fugir.

Se tivesse perdido um filho antes, isso poderia explicar as palavras do pai, e muitas outras coisas… O casamento de Lysa com Lorde Arryn tinha sido arranjado às pressas, e já então Jon era velho, mais velho do que o pai delas. Um velho sem um herdeiro. Suas duas primeiras esposas tinham-no deixado sem filhos, o filho do irmão fora assassinado com Brandon Stark em Porto Real, seu galante primo morrera na Batalha dos Sinos. Precisava de uma esposa jovem para a Casa Arryn perdurar... uma esposa jovem que se soubesse que era fértil.

Catelyn ficou em pé, vestiu um roupão e desceu os degraus até o aposento privado escurecido, parando junto ao pai. Uma sensação de terror impotente encheu-a.

– Pai – disse –, pai, sei o que o senhor fez. – Já não era uma noiva inocente com a cabeça cheia de sonhos. Era uma viúva, uma traidora, uma mãe de luto, e conhecedora, sabedora dos costumes do mundo. – Obrigou-o a aceitá-la – sussurrou. – Lysa foi o preço que Jon Arryn teve de pagar pelas espadas e lanças da Casa Tully.

Pouco admirava que o casamento da irmã tivesse sido tão desprovido de amor. Os Arryn eram orgulhosos, e cismados em relação à honra. Lorde Jon podia se casar com Lysa para ligar os Tully à causa da rebelião, e na esperança de um filho, mas seria difícil para ele amar uma mulher que chegara conspurcada e de má vontade à sua cama. Teria sido atencioso, sem dúvida, cumpridor, sim; mas Lysa precisava de calor.

No dia seguinte, enquanto fazia sua primeira refeição, Catelyn pediu pena e papel e começou uma carta para enviar à irmã, no Vale de Arryn. Contou a Lysa sobre Bran e Rickon, lutando com as palavras, mas escreveu principalmente sobre o pai.

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