Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Três, pensou Arya, há três. Dois eram apenas galés fluviais, barcos de pequeno calado e fundo raso concebidos para percorrer as águas do Tridente. O terceiro era maior, um navio mercante do mar salgado com duas fileiras de remos, uma proa dourada e três grandes mastros com velas roxas dobradas. O casco também estava pintado de roxo. Arya levou a Covarde até as docas para ver melhor. Estranhos não eram tão estranhos num porto como são nas pequenas aldeias, e ninguém pareceu se importar com quem ela era ou com o motivo por que se encontrava ali.

Preciso de prata. A conclusão fez Arya morder o lábio. Tinham encontrado um veado e uma dúzia de cobres em Polliver, oito moedas de prata no escudeiro espinhento que ela tinha matado, e não mais do que um par de moedas na bolsa de Cócegas. Mas Cão de Caça tinha lhe dito para tirar as botas de Cócegas e cortar as roupas ensopadas em sangue, e ela descobriu um veado em cada pé, e três dragões de ouro cosidos no forro de seu gibão. Mas Sandor tinha ficado com tudo. Não foi justo. Era tanto meu como dele. Se lhe tivesse oferecido a dádiva da misericórdia... mas não tinha. E não podia voltar, assim como não podia suplicar ajuda. Nunca se consegue ajuda suplicando-a. Teria de vender a Covarde e esperar conseguir dinheiro suficiente.

Ficou sabendo por um rapaz junto às docas que o estábulo tinha sido queimado, mas a ex-proprietária do lugar continuava fazendo negócio atrás do septo. Arya encontrou-a sem dificuldade; uma mulher alta e robusta com um bom cheiro de cavalo. Gostou da Covarde à primeira vista, perguntou a Arya como a arranjara, e sorriu com a resposta dela.

– É um cavalo de boa linhagem, isso é bem evidente, e não duvido que pertenceu a um cavaleiro, querida – disse. – Mas o cavaleiro não era nenhum irmão seu que morreu. Já faço negócio ali com o castelo há muitos anos, e sei como se parecem os fidalgos. Esta égua é bem-nascida, mas você não é. – Espetou um dedo no peito de Arya. – Ou a encontrou, ou a roubou, não importa, foi o que foi. É a única maneira de uma coisinha malvestida como você acabar montada num palafrém.

Arya mordeu o lábio.

– Isso quer dizer que não vai comprá-la?

A mulher soltou um risinho.

– Quer dizer que aceitará o que eu lhe der, querida. Senão vamos ao castelo, e talvez fique sem nada. Ou até acabe enforcada, por roubar um bom cavalo de cavaleiro.

Meia dúzia de outras pessoas de Salinas andavam por ali, cuidando de seus assuntos, portanto Arya sabia que não podia matar a mulher. Em vez disso teve de morder o lábio e se deixar ser tapeada. A bolsa que recebeu era deploravelmente achatada, e quando pediu mais pela sela, freios e manta, a mulher apenas riu na sua cara.

Ela nunca teria tapeado o Cão de Caça, pensou durante a longa caminhada de volta às docas. A distância parecia ter aumentado quilômetros desde que a percorrera a cavalo.

A galé roxa ainda se encontrava no mesmo lugar. Se o navio tivesse zarpado enquanto estava sendo assaltada, isso teria sido demais para suportar. Um barril de hidromel estava sendo rolado pela prancha acima quando chegou. Quando tentou segui-lo, um marinheiro no convés gritou-lhe numa língua que não conhecia.

– Quero falar com o capitão – disse-lhe Arya. Ele limitou-se a gritar mais alto. Mas a agitação atraiu a atenção de um homem robusto e grisalho vestido com um casaco de lã roxa, e ele falava o Idioma Comum.

– Eu sou o capitão aqui – disse ele. – O que deseja? Rápido, pequena, temos de apanhar a maré.

– Quero ir para o norte, para a Muralha. Olhe, posso pagar. – Deu-lhe a bolsa. – A Patrulha da Noite tem um castelo junto ao mar.

– Atalaialeste. – O capitão despejou a prata na palma da mão e franziu a testa. – Isto é tudo que tem?

Não é suficiente, compreendeu Arya sem que lhe dissessem. Conseguia ver no rosto do homem.

– Não ia precisar de uma cabine, nem nada disso – disse. – Eu poderia dormir no porão, ou...

– Aceite-a como moça de cabine – disse um remador que passava por ali, com um fardo de lã ao ombro. – Ela pode dormir comigo.

– Tento na língua – exclamou o capitão.

– Eu poderia trabalhar – disse Arya. – Poderia esfregar os conveses. Eu já esfreguei os degraus de um castelo. Ou poderia remar...

– Não – disse ele –, não poderia. – Devolveu-lhe as moedas. – E não faria diferença se pudesse, pequena. O norte não tem nada para nós. Gelo, guerra e piratas. Vimos uma dúzia de navios piratas rumando para o norte quando viramos a Ponta da Garra Rachada, e não tenho nenhuma vontade de voltar a encontrá-los. Daqui, apontamos os remos para casa, e eu sugiro que você faça a mesma coisa.

Não tenho casa, pensou Arya. Não tenho alcateia. E agora nem sequer tenho um cavalo.

O capitão estava se virando quando ela disse:

– Que navio é este, senhor?

Ele parou tempo suficiente para lhe conceder um sorriso cansado.

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