Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Cão de Caça continuava fraco, com todos os movimentos lentos e desajeitados. Afundou-se na sela e desatou a suar, e a orelha começou a sangrar através da atadura. Precisou de todas as suas forças para evitar cair do Estranho. Se os homens da Montanha tivessem vindo em seu encalço, Arya duvidava que ele fosse capaz sequer de erguer uma espada. Arya deu um olhar de relance por sobre o ombro, mas nada havia atrás deles além de um corvo que voava de árvore em árvore. O único som era o do rio.

Muito antes do meio-dia, Sandor Clegane cambaleava. Ainda restavam horas de luz do dia quando ele decidiu fazer uma parada.

– Preciso descansar – foi tudo o que disse. Daquela vez, quando desmontou, caiu mesmo. Em vez de tentar ficar de pé novamente, engatinhou debilmente para baixo de uma árvore e encostou-se no tronco. – Maldito inferno – praguejou. – Maldito inferno. – Quando viu Arya a fitá-lo, disse: – Era capaz de esfolá-la viva por uma taça de vinho, menina.

Em vez disso, Arya trouxe-lhe água. Ele bebeu um pouco, queixou-se de que tinha gosto de lama e deixou-se cair num sono ruidoso e febril. Quando Arya tocou nele, a pele ardia. Arya cheirou as ataduras como o Meistre Luwin fazia às vezes quando lhe tratava os cortes ou arranhões. Foi o rosto de Cão de Caça que tinha sangrado mais, mas foi o ferimento na coxa que pareceu a Arya ter um cheiro esquisito.

Perguntou a si mesma a que distância estaria aquele lugar, Salinas, e se seria capaz de encontrá-lo sozinha. Não teria de matá-lo. Se apenas fosse embora e o abandonasse, ele morreria sozinho. Morreria de febre, e ficaria ali debaixo daquela árvore até o fim dos tempos. Mas talvez fosse melhor se o matasse. Matara o escudeiro na estalagem e ele nada tinha feito a não ser agarrar o braço dela. Cão de Caça tinha matado Mycah. Mycah e mais gente. Aposto que ele matou cem Mycahs. E provavelmente teria matado Arya também, se não fosse o resgate.

A Agulha cintilou quando a desembainhou. Polliver mantivera-a limpa e afiada, pelo menos. Posicionou o corpo de lado, numa pose de dançarina de água, sem sequer pensar nisso. Folhas mortas estalaram sob os seus pés. Rápida como uma cobra, pensou. Suave como seda de verão.

Os olhos dele abriram-se.

– Lembra-se de onde fica o coração? – perguntou num sussurro rouco.

E ela ficou imóvel como pedra.

– Eu... eu estava só...

Não minta – rosnou ele. – Odeio mentirosos. E odeio ainda mais embusteiros sem culhões. Vá, trate disso. – Quando Arya não se mexeu, ele disse: – Eu matei o seu filho de açougueiro. Cortei-o quase ao meio e depois ri dele. – Soltou um som estranho, e Arya precisou de um momento para perceber que o homem estava soluçando. – E o passarinho, a sua irmã bonita, fiquei lá com o meu manto branco e deixei que a espancassem. E arranquei a maldita canção dela, ela não me deu. Também queria possuí-la. Devia ter feito isso. Devia tê-la fodido até fazer sangue e devia ter arrancado seu coração antes de deixá-la para aquele anão. – Um espasmo de dor contorceu seu rosto. – Quer me obrigar a suplicar, cadela? Trate disso! A dádiva da misericórdia... vingue o seu pequeno Michael...

– Mycah. – Arya afastou-se dele. – Você não merece a dádiva da misericórdia.

Cão de Caça viu Arya selar a Covarde com olhos brilhantes de febre. Nem uma vez tentou erguer-se e impedi-la. Mas quando ela montou, disse:

– Um verdadeiro lobo acabaria com um animal ferido.

Talvez alguns lobos verdadeiros o encontrem, pensou Arya. Talvez o farejem quando o sol se puser. Então ficaria sabendo o que os lobos faziam aos cães.

– Não devia ter batido em mim com aquele machado – disse. – Devia ter salvo a minha mãe. – Virou o cavalo e afastou-se dele, e não olhou para trás nem uma vez.

Numa manhã luminosa seis dias depois, chegou a um lugar onde o Tridente começava a se alargar e o ar cheirava mais a sal do que a árvores. Permaneceu perto da água, passando por campos de cultivo e fazendas, e um pouco depois do meio-dia uma vila apareceu na sua frente. Salinas, pensou, esperançosa. Um pequeno castelo dominava a vila; não passava de uma fortaleza, na verdade, uma única fortificação quadrada com um cercado e uma muralha exterior. A maior parte das lojas, estalagens e cervejarias em volta do porto tinha sido saqueada ou queimada, embora algumas casas parecessem ainda habitadas. Mas o porto estava lá, e para leste estendia-se a Baía dos Caranguejos, com águas que cintilavam azuis e verdes ao sol.

E havia navios.

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