– Devíamos ter construído tapumes. – Jon pensou que conseguia ouvir o bater de machados na madeira, mas aquilo era provavelmente apenas o medo ressoando em seus ouvidos. Olhou para Grenn. – Agora.
Grenn pôs-se atrás de um barril, encostou o ombro nele, grunhiu, e começou a empurrar. Owen e Mully foram ajudá-lo. Empurraram o barril trinta centímetros, e depois mais trinta. E, de repente, desapareceu.
Ouviram o
– A tartaruga estava recheada de coelhos! Vejam-nos fugindo aos saltos!
–
Quando terminaram, a parte da frente da tartaruga de Mance era uma ruína esmagada e lascada, e havia selvagens fugindo pela outra extremidade e esforçando-se por voltar ao acampamento. Cetim pegou sua besta e disparou alguns dardos contra eles, para botá-los para correr mais depressa. Grenn sorria abertamente através da barba, Pyp gracejava, e nenhum deles morreria naquele dia.
– Vou descer até a Torre do Rei – disse-lhes. – Chamem-me se Mance preparar alguma. Pyp, a Muralha é sua.
– Minha? – disse Pyp.
– Dele? – disse Grenn.
Sorrindo, deixou-os naquilo e desceu na gaiola.
Uma taça de vinho dos sonhos
Quando acordou, o céu fora da fenda que lhe servia de janela mostrava-se negro, e quatro homens que não conhecia encontravam-se em pé à sua volta. Um trazia uma lanterna.
– Jon Snow – disse bruscamente o mais alto dos quatro –, enfie as botas e venha conosco.
O primeiro pensamento atordoado que teve foi que de algum modo a Muralha caíra enquanto dormia, que Mance Rayder tinha enviado mais gigantes ou outra tartaruga e que tinha aberto caminho através do portão. Mas quando esfregou os olhos viu que os estranhos estavam todos vestidos de negro.
– Vou para onde? Quem são vocês?
O homem alto fez um gesto, e dois dos outros arrancaram Jon da cama. Com a lanterna a iluminar o caminho levaram-no da cela e subiram meia volta de escada, até o aposento privado do Velho Urso. Viu Meistre Aemon em pé junto da lareira, com as mãos fechadas em volta do punho de uma bengala de abrunheiro. Septão Cellador estava meio bêbado, como de costume, e Sor Wynton Stout dormia num banco de janela. Os outros irmãos eram-lhe estranhos. Todos menos um.
Imaculado em seu manto forrado de peles e suas botas polidas, Sor Alliser Thorne virou-se para dizer:
– Aí está o vira-casaca, senhor. O bastardo de Ned Stark, de Winterfell.
– Não sou nenhum vira-casaca, Thorne – disse friamente Jon.
– Veremos. – Na cadeira de couro por trás da mesa onde o Velho Urso escrevia as suas cartas estava sentado um homem grande, largo e queixudo que Jon não conhecia. – Sim, veremos – voltou a dizer. – Não irá negar que é Jon Snow, espero? O bastardo do Stark?
– Ele gosta de se chamar de
– Foi você quem me apelidou de Lorde Snow – disse Jon. Sor Alliser gostava de dar alcunhas aos rapazes que treinava, durante os tempos passados como mestre de armas de Castelo Negro. O Velho Urso enviara Thorne para Atalaialeste-do-Mar.
– Quem faz perguntas sou eu – respondeu o queixudo. – Foi acusado de quebrar seus votos, covardia e deserção, Jon Snow. Nega ter abandonado os seus irmãos à morte no Punho dos Primeiros Homens e nega ter se juntado ao selvagem Mance Rayder, o autoproclamado Rei-para-lá-da-Muralha?
–
Meistre Aemon interveio então.
– Senhor, Donal Noye e eu discutimos estes assuntos quando Jon Snow voltou para junto de nós, e ficamos satisfeitos com as explicações dele.