A vela estava a cem metros de distância e deslocava-se rapidamente pela baía. Em alguns momentos passaria por ele e começaria a minguar.
Sor Davos Seaworth começou a escalar o rochedo.
Impulsionou-se com mãos trêmulas, com a cabeça ardendo em febre. Duas vezes seus dedos mutilados deslizaram na pedra úmida e ele quase caiu, sem saber como conseguiu se segurar na rocha. Se caísse, morreria, e tinha de sobreviver. Pelo menos mais um pouco. Havia uma coisa que precisava fazer.
O topo do rochedo era estreito demais para que pudesse ficar em pé com segurança, fraco como estava, por isso acocorou-se e acenou com os braços descarnados.
–
Um tripulante no castelo de proa o viu e apontou em sua direção. Davos ficou vendo outros marinheiros deslocarem-se até a amurada e o encararem de boca aberta. Pouco depois, a vela da galé desceu, os remos deslizaram para fora, e ela deu a volta na direção de seu refúgio. O navio era grande demais para se aproximar muito do rochedo, mas, a trinta metros de distância, lançou um pequeno barco. Davos agarrou-se ao seu rochedo e observou o barco deslizar em sua direção. Quatro homens remavam, enquanto um quinto permanecia sentado à proa.
– Você – gritou o quinto homem quando já estavam a poucos metros da ilha –, você aí na rocha. Quem é?
– Eu... – sua garganta estava ressecada, e tinha se esquecido de como se falava. As palavras causaram-lhe uma sensação estranha na língua e soaram ainda mais estranhas aos ouvidos. – Estive na batalha. Era... um capitão, um... um cavaleiro, era um cavaleiro.
– Sim, sor – disse o homem –, e a serviço de que rei?
Davos percebeu de repente que a galé poderia pertencer a Joffrey. Se proferisse agora o nome errado, ela o abandonaria ao seu destino. Mas não, o casco do navio era listrado. Era uma galé lisena, era de Salladhor Saan. A Mãe enviara-a para aquele lugar, a Mãe em sua misericórdia. Tinha uma tarefa para ele.
– Stannis – gritou aos lisenos. – Deuses, sejam bons, sirvo o Rei Stannis.
– Sim – disse o homem no barco –, e nós também.
SANSA
O convite parecia bastante inocente, mas sempre que Sansa o lia, sua barriga dava um nó.