Читаем A Tormenta de Espadas полностью

Bran levantou a cabeça e viu-a, com asas cinzentas abertas e imóveis, como se flutuassem no vento. Seguiu a ave com os olhos enquanto ela subia aos círculos, perguntando a si mesmo como seria pairar pelo mundo afora com tal ausência de esforço. Ainda melhor do que escalar. Tentou alcançar a águia, abandonar seu estúpido corpo aleijado e subir ao céu para se juntar a ela como fazia com Verão. Os videntes verdes conseguiam fazer isso. Eu também devia ser capaz. Tentou e tentou, até que a águia desapareceu na bruma dourada da tarde.

– Sumiu – disse, desapontado.

– Ainda vamos ver outras – Meera falou. – Elas vivem aqui em cima.

– Suponho que sim.

– Hodor – disse Hodor.

– Hodor – concordou Bran.

Jojen deu um chute numa pinha.

– Parece que o Hodor gosta quando diz o nome dele.

– Hodor não é o verdadeiro nome dele – explicou Bran. – É só uma palavra qualquer que ele diz. A Velha Ama disse-me que seu verdadeiro nome é Walder. Ela era avó da avó dele, ou qualquer coisa do gênero. – Falar da Velha Ama entristecia-o. – Acha que os homens de ferro a mataram? – Não tinham visto o corpo dela em Winterfell. Não se lembrava de ver nenhuma mulher morta, agora que pensava nisso. – Ela nunca fez mal a ninguém, nem mesmo a Theon. Só contava histórias. Theon não ia fazer mal a alguém assim. Certo?

– Algumas pessoas machucam outras só porque podem fazer isso – disse Jojen.

– E não foi Theon quem fez a matança em Winterfell – disse Meera. – Muitos dos mortos eram homens de ferro. – Passou a lança para a outra mão. – Lembre-se das histórias da Velha Ama, Bran. Lembre-se da maneira como ela as contava, do som da voz dela. Enquanto se lembrar, parte dela estará sempre viva em você.

– Vou me lembrar – prometeu ele. Subiram em silêncio durante muito tempo, seguindo uma trilha de animais cheia de curvas ao longo da passagem elevada entre dois picos pedregosos. Pinheiros marciais esqueléticos agarravam-se às vertentes em volta deles. Bem mais à frente Bran viu a cintilação gelada de um rio que caía pelo flanco de uma montanha. Deu por si escutando o ruído da respiração de Jojen e o som quebradiço das agulhas de pinheiro sob os pés de Hodor. – Sabem histórias? – perguntou de repente aos Reed.

Meera soltou uma gargalhada.

– Ah, algumas.

– Algumas – admitiu o irmão.

– Hodor – disse Hodor, cantarolando.

– Podiam contar uma – disse Bran. – Enquanto caminhamos. O Hodor gosta de histórias sobre cavaleiros. Eu também gosto.

– Não há cavaleiros no Gargalo – disse Jojen.

– Por cima da água – corrigiu a irmã. – Mas os pântanos estão cheios de cavaleiros mortos.

– Isso é verdade – disse Jojen. – Ândalos e homens de ferro, Frey e outros tolos, todos os orgulhosos guerreiros que tentaram conquistar a Água Cinzenta. Nem um conseguiu encontrá-la. Entram no Gargalo mas não conseguem sair. E mais cedo ou mais tarde tropeçam nos pântanos, afundam-se sob o peso de todo aquele aço e afogam-se lá, em suas armaduras.

A imagem de cavaleiros afogados debaixo d’água fez Bran arrepiar-se. Mas não levantou objeções; gostava dos arrepios.

– Houve um cavaleiro – disse Meera – no ano da Falsa Primavera. Chamavam-no de Cavaleiro da Árvore que Ri. Esse pode ter sido um cranogmano.

– Ou não. – O rosto de Jojen estava salpicado de sombras verdes. – Tenho certeza de que o Príncipe Bran já ouviu essa história uma centena de vezes.

– Não – disse Bran. – Não ouvi. E, se tivesse ouvido, não me importaria. Às vezes, a Velha Ama voltava a contar as mesmas histórias, mas nós nunca nos importávamos, desde que fossem boas. Ela costumava dizer que as velhas histórias são como velhos amigos. Temos de visitá-las de vez em quando.

– Isso é verdade. – Meera caminhava com o escudo nas costas, afastando do caminho um ramo ou outro com a lança para rãs. Bem quando Bran já começava a achar que ela não ia contar a história, começou: – Num tempo muito distante houve um moço engraçado que vivia no Gargalo. Era pequeno como todos os cranogmanos, mas também era bravo, esperto e forte. Cresceu caçando, pescando e subindo nas árvores e aprendeu toda a magia do meu povo.

Bran tinha quase certeza de que nunca ouvira aquela história.

– Ele tinha os sonhos verdes, como o Jojen?

– Não – disse Meera –, mas era capaz de respirar lama e correr sobre folhas e transformar a terra em água e a água em terra só com uma palavra murmurada. Sabia falar com as árvores, tecer palavras e fazer castelos aparecerem e desaparecerem.

– Gostaria de saber fazer isso – disse Bran em tom de lamento. – Quando é que ele conhece o cavaleiro da árvore?

Meera fez-lhe uma careta.

– Mais depressa, se um certo príncipe ficasse calado.

– Estava só perguntando.

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