– Uma oferta de paz – Robb ficou de pé, com a espada na mão. Vento Cinzento pôs-se ao seu lado. O salão silenciou-se. – Diga à Rainha Regente que, se aceitar as minhas condições, embainharei esta espada e encerrarei a guerra entre nós.
No fundo da sala, Catelyn vislumbrou a figura alta e esquelética de Lorde Rickard Karstark esgueirando-se por entre uma fileira de guardas e saindo pela porta. Ninguém mais se moveu. Robb não prestou atenção à distração.
– Olyvar, o papel – ele ordenou. O escudeiro apresentou a espada e entregou-lhe um pergaminho enrolado.
Robb o desenrolou.
– Em primeiro lugar, a rainha deverá libertar minhas irmãs e oferecer-lhes transporte por mar de Porto Real até Porto Branco. Deve ficar claro que a promessa da mão de Sansa a Joffrey Baratheon chegou ao fim. Quando receber do meu castelão a notícia de que minhas irmãs foram devolvidas incólumes a Winterfell, libertarei os primos da rainha, o escudeiro Willem Lannister e seu irmão, Tion Frey, e lhes darei uma escolta segura até Rochedo Casterly, ou qualquer outro local onde ela deseje que sejam entregues.
Catelyn Stark gostaria de ser capaz de ler os pensamentos que se escondiam por trás de cada rosto, de cada testa sulcada e de cada par de lábios apertados.
– Em segundo lugar, os ossos do senhor meu pai nos devem ser devolvidos, para que possa repousar ao lado do seu irmão e de sua irmã nas criptas sob Winterfell, como teria desejado. Assim como devem sê-los os restos mortais dos homens da guarda doméstica que morreram ao seu serviço em Porto Real.
Homens vivos tinham partido para o sul, e ossos frios regressariam.
– Em terceiro lugar, a espada do meu pai, Gelo, será entregue em minhas mãos, aqui em Correrrio.
Catelyn observou o irmão, Edmure Tully, que estava em pé com os polegares enfiados no cinto da espada, o rosto imóvel como pedra.
– Em quarto lugar, a rainha ordenará a seu pai, Lorde Tywin, que liberte meus cavaleiros e senhores vassalos que capturou na batalha do Ramo Verde do Tridente. Assim que fizer isso, libertarei os seus prisioneiros capturados no Bosque dos Murmúrios e na Batalha dos Acampamentos, exceto apenas Jaime Lannister, que permanecerá meu refém a fim de garantir o bom comportamento do pai.
Ela estudou o sorriso zombeteiro de Theon Greyjoy, perguntando-se o que significaria. Aquele jovem tinha um jeito de se apresentar como se soubesse de algum gracejo secreto só seu; Catelyn nunca gostou dele.
– E, por fim, o Rei Joffrey e a Rainha Regente devem renunciar a todas as exigências de domínio sobre o Norte. De agora em diante, não fazemos parte do seu reino. Somos um reino livre e independente, como nos tempos antigos. Nossos domínios incluem todas as terras Stark a norte do Gargalo, às quais se somam as terras banhadas pelo Rio Tridente e seus afluentes, limitadas a oeste pelo Dente Dourado e a leste pelas Montanhas da Lua.
–
Robb voltou a enrolar o pergaminho.
– Meistre Wyman desenhou um mapa, mostrando as fronteiras que reclamamos. Levará uma cópia para entregar à rainha. Lorde Tywin deverá se retirar para lá dessas fronteiras e pôr fim aos ataques, incêndios e pilhagens. A Rainha Regente e seu filho não cobrarão impostos, rendimentos ou serviços do meu povo e libertarão os meus senhores e cavaleiros de todos os votos de lealdade, juramentos, penhores, dívidas e obrigações devidas ao Trono de Ferro e às Casas Baratheon e Lannister. Além disso, os Lannister entregarão dez reféns de alto nascimento, a se determinar por mútuo acordo, como garantia de paz. Irei tratá-los como hóspedes de honra, de acordo com suas posições sociais. Desde que os termos deste pacto sejam respeitados fielmente, libertarei dois reféns por ano, e eles serão devolvidos a salvo às suas famílias – Robb atirou o pergaminho enrolado aos pés do cavaleiro. – As condições são estas. Se ela as aceitar, terá a paz. Se não – assobiou, e Vento Cinzento avançou, rosnando –, terá outro Bosque dos Murmúrios.
–
Sor Cleos tinha ficado da cor de leite coalhado.
– A rainha ouvirá a sua mensagem, senh… Vossa Graça.