– Hodor! – o gigante encostou um pé em um degrau mais elevado para ficar dobrado sob a inclinação da porta e tentou erguer-se. Daquela vez a madeira gemeu e estalou. –
O céu apresentava-se cinza-claro, e fumaça redemoinhava por todo lado. Estavam à sombra da Primeira Fortaleza, ou do que dela restava. Um dos lados do edifício tinha se desligado do resto e ruíra. Pedras e gárgulas estilhaçadas estavam espalhadas pelo pátio.
A Primeira Fortaleza não era usada havia muitas centenas de anos, mas agora era uma casca mais vazia do que nunca. Os pisos tinham ardido no interior, bem como todas as vigas. Onde a parede caíra, era possível ver o interior de todos os quartos, e até a latrina. Mas, por trás, a torre quebrada ainda se erguia, tão queimada como antes. Jojen Reed tossiu por causa da fumaça.
– Leve-me para casa! – Rickon insistiu. – Eu quero ir para
– Hodor – lamuriou-se em voz baixa. Os seis juntavam-se uns aos outros, com ruína e morte por toda volta.
– Fizemos barulho suficiente para acordar um dragão – Osha disse –, mas ninguém veio. O castelo está morto e queimado, bem como Bran sonhou, mas era melhor… – interrompeu-se de súbito ao ouvir um som atrás deles, e girou sobre si mesma, com a lança preparada.
Duas esguias formas escuras emergiram por detrás da torre quebrada, caminhando lentamente através dos detritos. Rickon soltou um grito feliz de “
– Devíamos partir – Jojen os interrompeu. – Tanta morte atrairá outros lobos, além de Verão e Cão Felpudo, e nem todos terão quatro patas.
– Sim, e depressa – Osha concordou. – Mas precisamos de comida, e alguém pode ter sobrevivido a isto. Fiquem juntos. Meera, continue com o escudo levantado e guarde nossas costas.
Levaram o resto da manhã fazendo um lento circuito pelo castelo. As grandes muralhas de granito resistiam, enegrecidas aqui e ali pelo fogo, mas, fora isso, intocadas. Dentro delas tudo era morte e destruição. As portas do Grande Salão estavam carbonizadas e em brasa, e, lá dentro, as traves tinham cedido e o teto inteiro despedaçara-se no chão. As vidraças verdes e amarelas dos jardins de vidro estavam em cacos, com árvores, frutos e flores arrancados ou deixados expostos para morrer. Dos estábulos, feitos de madeira e sapé, nada restava além de cinzas, brasas e cavalos mortos. Bran pensou em sua Dançarina e teve vontade de chorar. Havia um lago fumegante e raso sob a Torre da Biblioteca, e água quente jorrava de uma rachadura numa das paredes. A ponte entre a Torre Sineira e a colônia de corvos tinha ruído sobre o pátio, embaixo, e o torreão do Meistre Luwin desaparecera. Viram um clarão vermelho brilhar através das estreitas janelas do porão sob a Grande Fortaleza, e um segundo incêndio ainda ardendo num dos armazéns.
À medida que avançavam, Osha foi chamando em voz baixa através da fumaça que era soprada pelo vento, mas ninguém respondeu. Viram um cão atacando um cadáver, mas o animal fugiu quando sentiu o cheiro dos lobos gigantes; os outros cães tinham sido mortos nos canis. Os corvos do meistre mostravam-se atenciosos para com alguns dos cadáveres, enquanto os da torre quebrada tratavam de outros. Bran reconheceu Poxy Tym, apesar de alguém ter cortado seu rosto com uma machadada. Um cadáver carbonizado, caído à porta do esqueleto em cinzas do septo da mãe, estava sentado com os braços erguidos e as mãos cerradas em punhos duros e negros, como se pretendesse esmurrar quem quer que se atrevesse a se aproximar dele.
– Se os deuses forem bons – disse Osha numa voz baixa e zangada –, os Outros vão levar quem fez este trabalho.
– Foi Theon – Bran falou num tom escuro.