– Sim, mas quem?
– O reino, e Winterfell. Theon, um dia ensinei-lhe as somas e as letras, história e a arte da guerra. E poderia ter-lhe ensinado mais, se tivesse vontade de ouvir. Não direi que tenho um grande apreço por você, não, mas também não posso odiá-lo. Mesmo se odiasse, enquanto for senhor de Winterfell estou obrigado pelo juramento que prestei a lhe dar conselhos. Por isso, agora aconselho-o a
Theon abaixou-se para apanhar um manto que estava amontoado no chão, sacudiu-lhe a palha e o colocou sobre os ombros.
– Não tem esperança de aguentar aqui – prosseguiu o meistre. – Se o senhor seu pai pretendesse enviar ajuda, a essa altura já o teria feito. É o Gargalo que lhe interessa. A batalha pelo Norte será travada entre as ruínas de Fosso Cailin.
– Talvez seja assim – Theon respondeu. – E enquanto eu controlar Winterfell, Sor Rodrik e os senhores dos Stark não podem marchar para o sul a fim de surpreender meu tio pela retaguarda –
– Não haverá cerco. Eles talvez passem um dia ou dois construindo escadas e atando ganchos na ponta de cordas. Mas em breve saltarão por cima de suas muralhas por cem lugares ao mesmo tempo. Poderá ser capaz de defender a fortaleza interna durante algum tempo, mas uma hora o castelo cairá. Faria melhor se abrisse os portões e pedisse…
– …
– Há uma maneira.
– Eu sou um homem de ferro – lembrou-lhe Theon. – Tenho as minhas próprias maneiras. Que escolha me deixaram? Não, não responda, já ouvi o bastante de seus
Por um momento pensou que o meistre o desobedeceria, mas, por fim, Luwin fez uma reverência rígida:
– Às suas ordens.
Compunham um grupo pateticamente pequeno; os homens de ferro eram poucos, o pátio, grande.
– Os nortenhos estarão aqui antes do cair da noite – Theon lhes disse. – Sor Rodrik Cassel e todos os senhores que atenderam ao seu chamado. Não fugirei deles. Tomei este castelo e pretendo mantê-lo, viver ou morrer como Príncipe de Winterfell. Mas não ordenarei a nenhum homem que morra por mim. Se partirem agora, antes que a força principal de Sor Rodrik chegue, ainda têm uma chance de ganhar a liberdade – desembainhou a espada e desenhou uma linha na terra. – Aqueles que quiserem ficar e lutar, deem um passo à frente.
Ninguém falou. Os homens ficaram parados, dentro de suas cotas de malha, peles e couro fervido, imóveis como se fossem feitos de pedra. Alguns trocaram olhares. Urzen arrastou os pés. Dykk Harlaw puxou um escarro e cuspiu. Um dedo de vento passou pelos longos cabelos claros de Endehar.
Theon sentiu-se como se estivesse se afogando.
Wex foi o primeiro a atravessar a linha. Três passos rápidos e ficou ao lado de Theon, de ombros caídos. Envergonhado pelo rapaz, Lorren Negro o seguiu, todo carrancudo.
– Quem mais? – Theon perguntou.
Rolfe Vermelho avançou. Kromm. Werlag. Tymor e os irmãos. Ulf, o Doente. Harrag Ladrão de Ovelhas. Quatro Harlaw e dois Botley. Kenned, a Baleia, foi o último. Ao todo dezessete.
Urzen estava entre os que não se moveram, e também Stygg, e todos os dez homens que Asha trouxera de Bosque Profundo.
– Então partam – disse-lhes Theon. – Corram para junto de minha irmã. Não tenho dúvida de que ela dará boas-vindas a todos.
Stygg teve pelo menos a delicadeza de parecer envergonhado. Os outros foram embora sem uma palavra. Theon virou-se para os dezessete que ficaram.
– De volta às muralhas. Se os deuses nos pouparem, vou me lembrar de cada um de vocês.
Lorren Negro ficou depois de os outros irem para os seus postos.
– O povo do castelo vai se voltar contra nós assim que a luta começar.
– Eu sei. O que quer que eu faça?
– Abata-os – Lorren respondeu. – A todos.
Theon balançou a cabeça.
– O laço está pronto?
– Está. Planeja usá-lo?
– Conhece maneira melhor?
– Sim. Pego meu machado, fico naquela ponte levadiça e deixo-os vir contra mim. Um de cada vez, dois, três, não importa. Ninguém atravessará o fosso enquanto eu continuar respirando.