Joff caiu nos braços da mãe. Três meistres aproximaram-se correndo para levá-lo pela porta do rei. Então, todo mundo começou a falar ao mesmo tempo. Quando os homens de manto dourado arrastaram o morto para fora do salão, deixaram um rastro brilhante de sangue no chão de pedra. Lorde Baelish afagou a barba enquanto Varys lhe segredava ao ouvido.
Lorde Tywin ficou em pé:
– Prosseguimos – disse numa voz clara e forte que silenciou os murmúrios. – Aqueles que desejarem pedir perdão por suas traições podem fazê-lo. Não teremos mais loucuras – deslocou-se até o Trono de Ferro e sentou-se num degrau, a um mero metro do chão.
A luz do lado de fora das janelas já desaparecia quando a sessão chegou ao fim. Sansa sentiu-se exausta ao descer da galeria. Gostaria de saber qual a gravidade do corte de Joffrey.
De volta à segurança de seus aposentos, abraçou uma almofada contra o rosto e abafou um guincho de alegria.
Ao chegar a noite, pôs um manto e dirigiu-se ao bosque sagrado. Sor Osmund Kettleblack guardava a ponte levadiça em sua armadura branca. Sansa fez seu melhor para parecer infeliz quando lhe deu boa-noite. Pela maneira como ele a olhou, não ficou certa de ter sido totalmente convincente.
Dontos a esperava ao luar folhoso.
– Por que essa cara tão triste? – perguntou-lhe Sansa alegremente. – Você estava lá, ouviu. Joff pôs-me de lado, acabou comigo, ele…
Dontos pegou em sua mão.
– Oh, Jonquil, minha pobre Jonquil, não compreende. Acabou com você? Mal começou.
Sansa sentiu seu coração apertado.
– O que quer dizer?
– A rainha nunca a deixará partir, nunca. É uma refém demasiado valiosa. E Joffrey… Querida, ele ainda é o rei. Se a quiser em sua cama, vai tê-la, só que agora serão bastardos que plantará em seu ventre, e não filhos legítimos.
–
Sor Dontos deu-lhe um beijo baboso na orelha.
– Seja brava. Jurei levá-la para casa, e agora posso fazer isso. O dia foi escolhido.
– Quando? – Sansa quis saber. – Quando partimos?
– Na noite do casamento de Joffrey. Depois do banquete. Tudo o que é necessário já foi combinado. A Fortaleza Vermelha estará cheia de desconhecidos. Metade da corte estará bêbada e a outra metade estará ajudando Joffrey a se deitar com sua noiva. Durante um pequeno momento, você será esquecida, e a confusão será nossa amiga.
– O casamento não acontecerá antes de uma volta de lua. Margaery Tyrell está em Jardim de Cima, só agora mandaram buscá-la.
– Esperamos tanto tempo, tenha um pouco mais de paciência. Tenho aqui algo para você – Sor Dontos apalpou a bolsa e tirou de lá uma teia de aranha prateada, suspendendo-a com seus dedos grossos.
Era uma rede para os cabelos feita de prata fina, com cordões tão finos e delicados que a rede pareceu não pesar mais do que um sopro quando Sansa a pegou. Pequenas pedras preciosas estavam embutidas nos locais em que dois cordões se cruzavam, tão escuras que bebiam o luar.
– Que pedras são estas?
– Ametistas negras de Asshai. Do tipo mais raro, um profundo púrpura verdadeiro à luz do dia.
– É muito lindo – disse Sansa, e pensou:
– Mais lindo do que julga, querida menina. É que essa rede é mágica. O que a segura é a justiça. Vingança pelo seu pai – Dontos inclinou-se e voltou a beijá-la. – É a sua
Theon
Meistre Luwin veio até ele quando os primeiros batedores foram vistos perto das muralhas:
– Senhor príncipe, tem de se render.
Theon fitou a travessa de bolos de aveia, mel e morcela que tinham lhe trazido para o desjejum. Outra noite sem dormir havia deixado seus nervos à flor da pele, e bastava olhar a comida para se sentir nauseado.
– Não houve resposta de meu tio?
– Nenhuma – o meistre respondeu. – Nem de seu pai em Pyke.
– Envie mais aves.
– De nada servirá. Quando as aves chegarem…
–
O pequeno homem cinzento não mostrou medo:
– A minha ordem serve.