Читаем A Fúria dos Reis полностью

– Não, chega de campos de batalha para mim, muito obrigado. Sento-me melhor numa cadeira do que num cavalo, e gosto mais de segurar uma taça de vinho do que um machado de batalha. Toda aquela conversa a respeito do rufar dos tambores, da luz do sol brilhando nas armaduras, de magníficos corcéis de batalha resfolegando e empinando? Pois bem, os tambores me dão dor de cabeça, a luz do sol brilhando na minha armadura me cozinha como se fosse um ganso no dia da colheita, e esses magníficos corcéis cagam por todo lado. Não que esteja me queixando. Comparando com a hospitalidade de que desfrutei no Vale de Arryn, tambores, cocô de cavalo e picadas de moscas são as minhas coisas favoritas.

Mindinho soltou uma gargalhada.

– Bem dito, Lannister. Um homem que partilha dos meus sentimentos.

Tyrion sorriu, lembrando-se de um certo punhal com um cabo de osso de dragão e uma lâmina de aço valiriano. Teremos de ter uma conversa sobre isso, e em breve. Perguntou a si mesmo se Lorde Petyr também acharia esse assunto divertido.

– Por favor – disse-lhes então. – Deixem-me ser útil, de qualquer pequeno modo que me seja possível.

Cersei voltou a ler a carta.

– Quantos homens trouxe consigo?

– Algumas centenas. Principalmente homens meus. Meu pai se mostrou renitente em se separar de alguns dos seus. Afinal de contas, ele está travando uma guerra.

– De que servirão algumas centenas de homens se Renly marchar sobre a cidade, ou se Stannis zarpar de Pedra do Dragão? Peço um exército, e meu pai me manda um anão. O rei nomeia a Mão, com o consentimento do conselho. Joffrey nomeou o senhor nosso pai.

– E o senhor nosso pai me nomeou.

– Ele não pode fazer isso. Não sem o consentimento de Joffrey.

– Lorde Tywin está em Harrenhal com a sua tropa, se quiser levar o assunto à sua consideração – disse Tyrion amavelmente. – Senhores, queiram me permitir uma palavra a sós com minha irmã?

Varys pôs-se em pé com um movimento deslizante, exibindo aquele seu sorriso engordurado.

– Como deve ter ansiado pelo som da voz da sua doce irmã. Senhores, por favor, vamos lhes dar uns instantes. As desgraças do nosso perturbado reino esperarão.

Janos Slynt levantou-se com hesitação, e o Grande Meistre Pycelle com solenidade, mas levantaram-se. Mindinho foi o último.

– Devo ordenar ao intendente que prepare aposentos na Fortaleza de Maegor?

– Agradeço, Lorde Petyr, mas ocuparei os antigos aposentos de Lorde Stark na Torre da Mão.

Mindinho soltou uma gargalhada.

– É um homem mais corajoso do que eu, Lannister. Conhece o destino dos dois últimos Mãos?

– Dois? Se deseja me assustar, por que não dizer quatro?

– Quatro? – Mindinho ergueu uma sobrancelha. – Os Mãos anteriores a Lorde Arryn tiveram algum terrível fim na Torre? Creio que era jovem demais para prestar muita atenção neles.

– O último Mão de Aerys Targaryen foi morto durante o saque a Porto Real, embora eu duvide de que tenha tido tempo para se instalar na Torre. Só foi Mão durante uma quinzena. Seu antecessor foi queimado vivo. E antes desse houve outros dois, que morreram sem terras e sem dinheiro no exílio, e ainda consideravam-se sortudos. Creio que o senhor meu pai foi o último Mão a abandonar Porto Real com seu nome, propriedades e corpo intactos.

– Fascinante – Mindinho respondeu. – Mais uma razão para que eu prefira passar as noites na masmorra.

Talvez se possa satisfazer esse seu desejo, Tyrion pensou, mas disse:

– A coragem e a loucura são primas, ou pelo menos foi o que ouvi dizer. Seja qual for a praga que paira sobre a Torre da Mão, rezo para ser suficientemente pequeno para não chamar sua atenção.

Janos Slynt riu, Mindinho sorriu, e o Grande Meistre Pycelle os seguiu para fora da sala, com uma reverência grave.

– Espero que nosso pai não tenha feito você percorrer toda esta distância para me atormentar com lições de história – disse a irmã quando ficaram sós.

– Como ansiei pelo som da sua doce voz – Tyrion suspirou.

– Como ansiei por arrancar a língua daquele eunuco com tenazes em brasa – Cersei respondeu. – Nosso pai perdeu o juízo? Ou será que você falsificou esta carta? – voltou a lê-la, com um aborrecimento crescente. – Por que ele me imporia a sua presença? Queria que viesse em pessoa – amarrotou a carta de Lorde Tywin nas mãos. – Sou regente de Joffrey e dei a ele uma ordem real!

– E ele a ignorou – Tyrion observou. – Tem um exército bastante grande, pode fazer isso. E não é o primeiro. Ou é?

A boca de Cersei apertou-se. Tyrion viu sua cor mudando.

– Se eu declarar que esta carta é uma falsificação e lhes disser para atirá-lo em uma masmorra, ninguém ignorará isso, garanto.

Tyrion sabia que agora caminhava sobre gelo quebradiço. Um passo em falso, e perderia o apoio.

– Ninguém – concordou amigavelmente –, muito menos nosso pai. Aquele que tem o exército. Mas, por que haveria de querer me atirar em uma masmorra, querida irmã, quando percorri todo este caminho para ajudá-la?

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